Jovens votam em eleições municipais na Venezuela e a mobilização demonstra impacto no governo

Serão selecionados 5.338 projetos para as comunas de todo o país, juntamente com 335 prefeitos e 2.471 vereadores.

27/07/2025 15h43

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(Imagem de reprodução da internet).

O governo venezuelano mobilizou jovens e realizou uma consulta popular neste domingo (27). Nas eleições para prefeitos e vereadores na Venezuela, houve uma votação movimentada, acompanhada de uma consulta à população com idade entre 15 e 35 anos. A participação nas eleições foi maior do que a do pleito de governadores, ocorrido em maio.

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Naquele momento, apenas 25% dos eleitores compareceram para votar, mas agora o governo espera maior participação. Leida Leal é chefe de rua da comuna San José e acredita que a presença de jovens na consulta popular incentiva a votação nas eleições para prefeitos.

“Realizamos um trabalho para mobilizar adolescentes e jovens para votar nos projetos. Desejávamos que os jovens tivessem essa iniciação política e pudessem escolher projetos que impactam em suas vidas. Eles compreendem que, se nós não participamos, estamos dando a outro o direito de escolher. Eu voto pelo governo porque para mim é importante a colaboração e uma política para as pessoas mais pobres”, declarou ao Brasil de Fato.

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Serão selecionados 5.338 projetos para as comunas de todo o país, que receberão US$ 10 mil (R$ 56 mil) para serem implementados nos próximos meses, além de 335 prefeitos e 2.471 vereadores.

O governo comemorou a participação expressiva até as 14h. O presidente da Assembleia Nacional e chefe do comando de campanha do Partido Socialista Unido de Venezuela, Jorge Rodríguez, ressaltou a presença dos eleitores jovens e questionou a importância dada à abstenção, uma vez que o voto não é obrigatório no país.

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A ausência não existe. Contamos os votos para determinar o vencedor. Alguns países invejam a participação eleitoral que sempre prevalece nas eleições venezuelanas, independentemente do resultado.

A consulta representa um incentivo para que os jovens aumentem sua participação nas eleições municipais, sobretudo para aqueles que votarão pela primeira vez. Maria Rivas é estudante universitária e saiu cedo de casa para evitar filas e compreender o processo eleitoral, já que nunca havia participado de uma eleição. Seu grupo de amigos também acompanhou a votação, motivados pela escolha de um projeto.

Participar da votação na consulta nos oferece a chance de defender ideias e projetos em benefício da comunidade. Essa consulta também incentiva a participação dos jovens e o voto nos prefeitos. Diversos amigos se sentiram motivados a votar, demonstrando essa mobilização.

Já votei para governador e essa eleição tem mais pessoas porque as últimas eram maiores para governadores. Agora tem mais informações, uma proximidade maior com os candidatos. Eu sei como foi a gestão do prefeito com mais detalhes e posso afirmar que foi uma boa gestão. Para o estado não tanto, porque nossa cidade é uma parte pequena do estado, não consigo dizer nos outros lugares como foi.

Para os eleitores, é possível compreender como foi a administração do prefeito em questões que afetam diretamente a vida dos trabalhadores, como segurança, saúde, iluminação pública e educação.

Em áreas de classe média e média alta, observa-se um distanciamento dos circuitos comunais. Estes, estabelecidos durante o governo do ex-presidente Hugo Chávez, são espaços de debate político intenso e, em sua maioria, com orientação socialista. Os núcleos da direita venezuelana preferem não participar dessas discussões e sequer tinham conhecimento da existência da consulta popular.

É o caso de Mayra Rincón. Ela é jornalista e não sabia que a votação dos projetos aconteceria no mesmo momento em que a eleição para prefeitos.

Ela foi informada recentemente sobre a possibilidade de votar em projetos esportivos de uma comunidade próxima à sua residência. Contudo, ela não participa das reuniões comunitárias devido à falta de compreensão do processo e à ausência de envolvimento pessoal. Assim, ela apenas votou no prefeito.

Após conquistar as eleições de governadores em 23 dos 24 estados venezuelanos, o governo busca agora repetir a estratégia e alcançar uma vitória expressiva nas eleições municipais. A extrema direita, liderada pela ex-deputada ultraliberal Marisa Corina Machado, repetiu a mesma tática da eleição regional e, mais uma vez, boicotou o pleito.

Isso fragoreou a direita, que possui setores com interesse em participar. Existem locais em que a oposição não cede devido a um domínio político consolidado, sobretudo nas áreas mais abastosas. Além de Chacao, Baruta e Lechería são algumas das cidades mais ricas da Venezuela e atualmente são administradas por políticos de direita. Opositores consideram que são as “joias da coroa” porque ali se concentra o poder político e as maiores cidades do país em termos demográficos.

Valência, Maracay, Maracaibo, Barquisimeto, Barcelona e Puerto La Cruz também são observados pela direita devido à importância política e econômica. O objetivo da oposição não é buscar apenas cidades populosas, mas também municípios com posições estratégicas, que tenham relevância na produção petrolífera, no fluxo comercial e na produção industrial significativa. O Brasil de Fato conversou com setores do chavismo que entendem que, nesses espaços, o governo deve enfrentar mais dificuldade para eleger candidatos de esquerda.

Fonte por: Brasil de Fato

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