Leilão de petróleo beneficia a BP, gerando impacto negativo na soberania nacional, declara líder sindical

Associações apontam que o leilão transferiu a agricultura para a BP com apenas 5,6% para o Brasil.

04/08/2025 21h14

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(Imagem de reprodução da internet).

A recente descoberta de um reservatório de petróleo e gás na Bacia de Santos pela multinacional British Petroleum (BP) causa indignação a representantes do setor petroleiro brasileiro.

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A empresa arrematou o bloco em leilão realizado em 2022, durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e entregará ao Brasil apenas 5,6% do óleo excedente.

Para Tadeu Porto, diretor do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro-NF), a operação evidencia o desmonte da soberania energética nacional.

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“As perdas são muito grandes, vemos com muita indignação”, afirma o sindicalista em entrevista ao Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato. Segundo ele, a Petrobras, que antes tinha preferência nos leilões da chamada partilha de produção, foi preterida após mudanças legislativas ocorridas no governo do ex-presidente Michel Temer (MDB), que retiraram a obrigatoriedade de operação exclusiva da estatal.

A BP ressalta o trabalho de Tadeu, disponibilizando a quantidade mínima necessária. “Petrobras costuma deixar um óleo excedente de 10 a 15%. Isso vai diretamente para o Estado brasileiro e sabemos que o barril de petróleo tem valor”.

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Ademais, destaca-se que o envio da produção para empresas estrangeiras, como a BP, com histórico de vazamentos ambientais e problemas financeiros, também prejudica a liderança tecnológica brasileira em águas profundas. “É como se o Flamengo reforçasse o Vasco, o Palmeiras reforçasse o Corinthians”.

Porto destaca recordações de acidentes, como o da Chevron em 2010 e o desastre ambiental causado pela própria BP no Golfo do México. Defende que o Brasil deve proteger sua experiência e associar a exploração de petróleo a uma transição energética justa. “Temos um plano abrangente para que o próprio dinheiro do petróleo financie uma transição energética justa, incluindo trabalhadores e trabalhadoras, na soberania nacional”, declarou.

O líder também critica a privatização de ativos da Petrobras durante o governo Bolsonaro, incluindo refinarias, distribuidoras e dutos, que, na sua visão, aumentou o preço dos combustíveis. “Você, cidadão ou cidadã que está em casa, pagando caro no gás de cozinha, na gasolina, é porque o Bolsonaro privatizou a BR Distribuidora, a Liquigás, a Gaspetro, os dutos, refinarias…”

Tadeu argumenta que uma parcela considerável da arrecadação proveniente do petróleo deveria ser direcionada à formação de um fundo para financiar políticas públicas sustentáveis. “Um fundo social, que já chegou a ter na casa dos 120 bilhões de reais, já ajudaria significativamente para que pudéssemos realizar o reflorestamento e a requalificação dos trabalhadores para as indústrias mais limpas”, exemplificou.

Na sessão plenária nacional da Federação Única dos Petróleiros (FUP), Tadeu ressalta que os temas em discussão abrangem a proteção dos direitos trabalhistas, a previdência complementar e a segurança no trabalho, além da busca por uma indústria nacional robusta. “Estamos vivendo um momento, sobretudo com a questão da tarifação do Donald Trump, e percebemos o quão relevante é o mercado exportador brasileiro”.

Ele defende a necessidade de retomar investimentos em refinarias e construção civil pesada para agregar valor à produção nacional. “Estávamos no caminho certo. Infelizmente, os Estados Unidos nos atacou com a [Operação] Lava Jato, mas conseguimos retomar. Se deixássemos [o presidente] Lula fazer o trabalho bem feito que ele fez junto com a [ex-presidente] Dilma [Rousseff (PT)], eu tenho certeza que chegaremos lá, para sermos um país soberano”, defende.

O jornal Conexão BdF vai ao ar em duas edições, de segunda a sexta-feira, uma às 9h e outra às 17h, na Rádio Brasil de Fato, 98.9 FM na Grande São Paulo, com transmissão simultânea também pelo YouTube do Brasil de Fato.

Fonte por: Brasil de Fato

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