Lula busca ampliar as exportações brasileiras para a China
A expectativa da delegação brasileira que acompanha o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Pequim nesta semana é retornar com acordos firmados, em decorrência da disputa comercial entre China e Estados Unidos.

No contexto da disputa comercial entre China e Estados Unidos, o Brasil observa oportunidades no mercado asiático e antecipa ganhos com o fortalecimento das relações comerciais e políticas entre Brasília e Pequim, com destaque para aves, sorgo e frutas como produtos brasileiros com potencial de crescimento significativo na China.
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A missão empresarial que acompanha o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Pequim nesta semana reflete o reconhecimento das oportunidades para o agronegócio brasileiro. Dos aproximadamente 200 empresários que acompanham a comitiva presidencial, mais de 150 são de setores do agro, abrangendo desde a soja até frutas e proteínas animais.
Em relação à carne de frango, com as tarifas vigentes, os Estados Unidos atualmente não estão competitivos para exportar carne de frango para a China. Em relação à carne suína, Brasil e Estados Unidos são o segundo e o terceiro principais fornecedores, com uma participação de mercado exatamente igual, afirmou à Reuters o Secretário de Comércio e Relações Exteriores do Ministério da Agricultura, Luís Rua. “Se a China requerer do Brasil, o Brasil se coloca à disposição.”
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O Brasil é responsável por uma parcela entre 45% e 50% do frango consumido pela China, enquanto os Estados Unidos representam aproximadamente 30% desse mercado. Já em relação à carne de porco, ambos os países detêm cerca de 16% do mercado chinês.
Com foco no crescimento desse mercado, o governo brasileiro busca habilitar novas unidades de produção de suínos e frangos, além de autorizar a exportação de miúdos, que a China atualmente não adquire do Brasil.
“No Brasil sempre existem novos estabelecimentos que buscam acessar o mercado chinês. Agora, cabe a eles decidirem. Nós estamos fazendo a nossa parte”, declarou Rua.
Nas últimas semanas, o conflito comercial entre China e Estados Unidos, desencadeado pelo então presidente americano, Donald Trump, resultou na imposição de tarifas mútuas que atingem 145%. Realizaram-se discussões preliminares com o objetivo de iniciar negociações, porém sem sucesso.
A crise com os Estados Unidos fez o Brasil direcionar sua atenção para o mercado chinês, que dispõe de sorgo. Ruas aponta que 83% dos grãos vendidos no mundo são comprados pela China, e 45% dessas compras são dos Estados Unidos.
Com essas tarifas, este se torna mais um produto que os chineses deverão buscar outros fornecedores.
Os dados da Conab indicam que o Brasil obteve produção de 4,42 toneladas de sorgo em 2024, com um aumento de 2,9% na área plantada. O volume ainda é insuficiente para atender à demanda da China, porém, apresenta resultados promissores, segundo Rua.
Existem etapas para alcançar esses níveis, mas é uma oportunidade passageira. Costumo dizer que ninguém começa exportando milhões e milhões. Algumas vezes se inicia exportando um contêiner.
A expectativa da missão brasileira em Pequim é retornar com acordos assinados. Rua afirma que vários pontos ainda estão em negociação e não se sabe o que poderá ser já confirmado.
Inclui-se, nesse contexto, a exportação dos chamados Grãos Secos de Destilaria (DDG), um subproduto da produção de etanol de milho, e o próprio etanol.
O DDG é um dos produtos em que temos expectativas, e também o etanol. As negociações estão em detalhes finais, detalhes técnicos que podem ser resolvidos a tempo ou podem eventualmente ficar por outra ocasião, explicou o secretário.
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, e sua equipe permanecerão no país até o dia 21, realizando visitas em Pequim, Xangai, Hangzhou e Kunshan, incluindo participação em eventos nas áreas de café, proteínas, frutas e na maior feira de alimentos da China.
“Vemos interesse do ponto de vista dos empresários brasileiros na aproximação com a China, seja por meio de acordos de parcerias, seja por acordos de cooperação ou mesmo acordos de investimento. Eu acho que há uma janela de oportunidade”, declarou Rua.
Alguns empresários estão identificando oportunidades, enquanto outros já avançaram com algum tipo de acordo.
Um dos temas prioritários abordados pelo ministro da Agricultura e pela missão brasileira na China é a busca por sincronismo na aprovação de biotecnologias. A demanda, segundo Fávaro, é estratégica para o setor.
O presidente Lula indagou sobre qual seria o tema mais importante para a agropecuária brasileira, e apresentei essa proposta. É uma demanda do país há algum tempo, considerando que o Brasil é referência mundial nessa área, com decisões baseadas na ciência, afirmou Favaro na semana passada.
Professor aponta problema estrutural na economia mundial.
Fonte: CNN Brasil