Lula critica Centrão: “Pobreza de espírito” na rejeição da MP

Presidente critica decisão da Câmara que rejeitou aumento de impostos e cortes; governo acusa Centrão de atitude política para restringir Orçamento 2026.

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(Imagem de reprodução da internet).

Críticas de Lula à Rejeição da Medida Provisória

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) manifestou forte descontentamento com a decisão da Câmara dos Deputados de rejeitar a Medida Provisória (MP) que propunha aumento de impostos e cortes de despesas obrigatórias. A derrota ocorreu nesta quarta-feira (8). Pouco antes da rejeição, Lula afirmou que a situação revelava uma “pobreza de espírito extraordinária”, ao misturar a votação da MP com cálculos eleitorais para 2026. “Se alguém quer misturar isso com eleição, eu sinceramente só posso dizer que é uma pobreza de espírito extraordinária. Quando algumas pessoas dizem que não vão votar porque vai favorecer o Lula, não é o Lula que vai ganhar ou perder, é o Brasil”, declarou o presidente.

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Rejeição da MP

A decisão da Câmara representa uma das maiores derrotas políticas do ano para o governo. Por 251 votos contra 193, a câmara retirou de pauta a MP, considerada essencial pela equipe econômica para sustentar o Orçamento e equilibrar as contas públicas em 2026, ano em que Lula deve disputar a reeleição. A rejeição ocorreu no último dia de validade da MP.

Centrao e Ruralistas

A decisão foi interpretada pelo Planalto como uma ação coordenada de partidos do Centrão e da bancada ruralista para reduzir a margem fiscal do governo no próximo ano. O relator da proposta, deputado Carlos Zarattini (PT-SP), afirmou que o episódio faz parte de uma “disputa eleitoral antecipada”, citando o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, como beneficiário político do desgaste causado ao governo.

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Reagindo o Governo

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também reagiu à derrubada do texto, acusando o Congresso de agir por motivação política. “É o mesmo movimento que foi feito em 2022, com sinal trocado. Nessa época, o governo usou o Congresso para liberar o Orçamento e buscar vantagem eleitoral. Agora querem restringir o orçamento para prejudicar o governo. Quem perde é o Brasil”, disse.

Detalhes da MP

A Medida Provisória, apresentada em junho, visava arrecadar R$ 20,9 bilhões em 2026. O texto unificava a alíquota de Imposto de Renda sobre aplicações financeiras (inclusive criptomoedas) em 18% e aumentava de 9% para 15% a Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL) de fintechs e instituições de pagamento. A equipe econômica havia previsto cortes de R$ 15 bilhões em despesas, endurecendo regras de benefícios como o seguro-defeso, o auxílio-doençca e o programa Pé-de-Meia.

Impacto Fiscal

Com a derrota, a equipe econômica calcula um rombo de R$ 35 bilhões no Orçamento de 2026, além de possíveis bloqueios de verbas ainda neste ano. Técicos do governo admitem que parte das medidas pode ser retomada por meio de decretos e portarias, mas não há decisão formal. A derrubada da MP ocorre uma semana após a aprovação do projeto que ampliou a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5.000.

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Clima Eleitoral

A nova derrota evidencia a dificuldade de Lula em manter apoio parlamentar e reforça o clima de antecipação eleitoral que o próprio presidente chamou de “pobreza de espírito”.

Publicado por Felipe Dantas

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