Lula discute multilateralismo, governança e acordos na China
O presidente participará da Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos e se reunirá com Xi Jinping.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou a Pequim no sábado (10), onde participa da Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos com a China e se reúne com Xi Jinping.
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Segundo o Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty), a agenda da reunião entre os presidentes abrange a promoção do multilateralismo, a reforma do sistema de governança global e o apoio à resolução pacífica de conflitos, além do fortalecimento das relações Brasil-China.
A visita oficial do presidente Lula também deve tratar das sinergias entre os programas de desenvolvimento e infraestrutura dos dois países.
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Pretende-se que sejam formalizados pelo menos 16 acordos bilaterais, abrangendo protocolos e memorandos de entendimento entre Brasil e China. A lista de acordos ainda não foi divulgada, porém o governo visa ampliar a variedade da pauta de exportações brasileiras e dos investimentos chineses.
De acordo com a CNN, o presidente Lula deve utilizar a viagem para abordar o incremento das exportações de soja e formalizar um memorando de entendimento sobre a comercialização de etanol para a China, em contexto da disputa tarifária com os Estados Unidos.
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A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) desenvolve uma série de iniciativas para fortalecer o comércio entre Brasil e China.
Em mapeamento divulgado recentemente, a agência identificou 400 oportunidades para as exportações brasileiras no comércio com a China. A lista inclui petróleo, minério de ferro, aço, produtos agrícolas e carnes, além de equipamentos, motores e medicamentos.
No âmbito do Celac, o Itamaraty destaca a discussão de temas de interesse do Brasil, que devem ser contemplados no plano de ação para os próximos anos. Isso abrange comércio, investimentos e transição energética, além de segurança alimentar, gestão de risco de desastres, conectividade, economia digital, ciência e tecnologia, entre outros.
O Brasil considera o Celac um fórum de importância fundamental para a concertação e o diáconforme destaca a embaixadora Gisela Padovan, secretária de América Latina e Caribe do Itamaraty.
A declaração da Cúpula entre Celac e China deve enfatizar a necessidade de reforma do sistema de governança para corresponder aos interesses do Sul Global e dos países emergentes.
Contudo, permanece em análise se o texto tratar de questões mais específicas ou apenas defender o princípio da maior representatividade nas organizações internacionais, segundo o Itamaraty.
A Celac tem debatido a possibilidade de uma candidatura conjunta da América Latina e Caribe para liderar as Nações Unidas após o término do mandato do secretário-geral da ONU, António Guterres, em 2024.
O Brasil manifesta publicamente o desejo de que a América Latina e o Caribe elejam uma candidata como representante unânime da região, ainda que a escolha do nome não tenha sido definida.
A analista internacional da CNN, Fernanda Magnotta, acredita que o enfraquecimento do compromisso dos Estados Unidos com a ordem multilateral pode favorecer avanços nas reformas das organizações internacionais. Contudo, enfatiza que isso dependerá da coesão do Sul Global.
Brasil, China e Rússia, por exemplo, compartilham a crítica ao sistema vigente, ainda que possuam percepções distintas sobre o multilateralismo.
O Brasil defende uma reforma que priorize a inclusão, a representação e a partilha de regras, ao passo que outros buscam instrumentalizar o sistema em benefício próprio.
Assim, existe uma oportunidade, porém os avanços efetivos dependem da capacidade do Brasil de preservar sua coerência diplomática e formar alianças abrangentes, sem ceder aos interesses de potências maiores.
Fonte: CNN Brasil