Economia

Lula diz que Mercosul e União Europeia podem não chegar a um acordo


Lula diz que Mercosul e União Europeia podem não chegar a um acordo
(Foto Reprodução da Internet)

O presidente Lula, do PT, disse que o acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia pode não dar certo.

O presidente afirmou que, caso não haja acordo, ele aceitará com paciência, pois não será por falta de vontade.

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“Mas é importante deixar claro que não digamos mais que é por causa do Brasil. E não digamos mais que [o acordo] não foi concluído por causa da América do Sul. Assumamos a responsabilidade de que os países ricos não querem fazer um acordo se não tiverem que ceder em alguma coisa”, afirmou.

As declarações de Lula foram dadas durante entrevista coletiva ao fim de sua participação na COP28, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, neste domingo (3), quando ele respondeu às palavras do presidente francês, Emmanuel Macron, que disse ser contrário ao tratado.

“A França sempre foi o país que criou obstáculos para o acordo do Mercosul com a União Europeia, porque a França tem milhares de pequenos produtores (agrícolas) e eles querem proteger os seus produtos. É isso”, disse o presidente.

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No sábado (2), também em coletiva marcando o final de sua participação na cúpula do clima, em Dubai, Macron disse que era “contra o acordo porque acho que é um acordo completamente contraditório com o que Lula está fazendo no Brasil e com o que nós estamos fazendo, porque é um acordo que foi negociado há 20 anos, e que tentamos remendar”.

De acordo com o presidente da França, o acordo é antigo e não considera adequadamente as preocupações com biodiversidade e a proteção do meio ambiente contra as mudanças climáticas.

O discurso de Macron foi visto como uma forma de explicar a posição protecionista da França utilizando um argumento, supostamente progressista, sobre a proteção ambiental.

As palavras do líder francês surgem após ele se reunir com Lula na COP. Durante a reunião, o presidente brasileiro tentou convencer Macron a mudar sua posição.

“Eu fiz a reunião com o Macron para tentar mexer com o coração dele. Eu falei: Macron, quando você voltar para a França, abra o seu coração, cara. Pensa um pouco na América do Sul. Pensa no Mercosul, nós somos os países pobres, temos países pequenos [no bloco]. Bom… E parece que ele não pensou. Ele não deu ele não deu nem tempo para o coração dele, porque já foi comunicar vocês [da posição contrária]” disse ele,

Lula afirmou, no entanto, que as conversas com os europeus vão continuar esta semana – antes da cúpula do Mercosul, marcada para o dia 7, no Rio de Janeiro, quando o bloco deve decidir se continua ou não nas negociações.

“Nós vamos ter uma conversa. Eu tive uma grande conversa com Ursula Von der Leyen, presidente da Comissão Europeia. Vamos ver como é que vai acontecer. Se não der acordo, pelo menos vai ficar patenteado de quem é a culpa de não ter acordo. Agora o que a gente não vai fazer é um acordo para tomar prejuízo!, disse o presidente brasileiro.

Lula também irá falar sobre esse assunto em sua visita à Alemanha, a última parte de sua viagem internacional atual.

Negociações

O Mercosul e a União Europeia vinham acelerando as discussões para tentar fechar o acordo até o fim da presidência brasileira no bloco comercial sul-americano, que acaba no dia 7 de dezembro.

As negociações começaram em 1999 e foram concluídas em 2019. Recentemente, os europeus apresentaram recomendações adicionais para garantir a proteção do meio ambiente nos produtos exportados pelo Mercosul.

Os números mais recentes mostram que o desmatamento da Amazônia, por exemplo, vem diminuindo e o governo brasileiro se mostra comprometido com a proteção do meio ambiente. Mesmo assim, o progresso nas tratativas não chegou a ser concluído.

Outro problema são as compras feitas pelo governo.

O governo do Brasil quer fortalecer as indústrias brasileiras e, para isso, planeja favorecer as empresas do país nas licitações do governo, limitando a participação das empresas europeias.

As declarações diretas de Macron prejudicaram as negociações entre os dois lados, que oficialmente ainda estão acontecendo.


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