Lula solicita à Venezuela e à Guiana senso comum sobre um referendo para incorporar uma região da Guiana
03/12/2023 às 6h35
O presidente Lula (PT) pediu que a Venezuela e a Guiana tenham “bom senso” em relação à disputa pela região de Essequibo, que representa 70% do território guianense.
“O que a América do Sul não está precisando é de confusão”, disse Lula a jornalistas em seu último dia na COP28, em Dubai.
“Não se pode ficar pensando em briga. Espero que o bom senso prevaleça, do lado da Venezuela e do lada Guiana”, disse.
Lula disse que é importante conversar e que não acredita que os dois países devam brigar diretamente.
“Se tem uma coisa que estamos precisando para crescer e para melhorar a vida do nosso povo é a gente baixar o facho, trabalhar com muita disposição de melhorar a vida do povo, e não ficar pensando em briga, não ficar inventando história.”
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Após escalada na tensão entre os governo venezuelano e guianense, o Ministério da Defesa do Brasil colocou 130 homens para patrulhar a fronteira com a Venezuela.
O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, alertou o analista Caio Junqueira sobre a importância de termos cautela.
“É como se seu vizinho quisesse invadir outra casa usando a sua. O que não podemos permitir é que a Venezuela, querendo entrar na Guiana, use nosso território. Estamos atentos. A Defesa não vai permitir que use território brasileiro para outro país entrar em briga”, disse o ministro.
Lula encerrou sua participação Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas neste domingo e partiu para a Alemanha, onde terá agenda com o chanceler Olaf Scholz ao longo dos dias 3 e 4 de dezembro.
Os venezuelanos participam, neste domingo (3), de um referendo para decidir se o país deve criar o um estado venezuelano numa grande área de seu vizinho Guiana, que recentemente descobriu vastos campos de petróleo offshore.
Entre as perguntas feitas aos eleitores neste domingo, há uma sobre a criação de um novo estado na região de Essequibo. A proposta é dar cidadania venezuelana à população dessa região e incorporá-la ao território venezuelano.
A descoberta de petróleo na região pela ExxonMobil aumentou a tensão com a Venezuela, que acusa a multinacional de ser “dona do governo da Guiana”.
As fronteiras fixas do Essequibo foram estabelecidas em 1899 por um tribunal internacional em Paris. Essa decisão concedeu à região então chamada de Guiana Inglesa a maior parte das terras entre os rios Orinoco e Essequibo.
A Venezuela respeitou a decisão até 1962, quando a colônia britânica caminhava para a independência, alegando fraude dentro do tribunal.
Um acordo de 1966, assinado pouco antes da independência da Guiana, abriu o caminho para conversações entre países sobre a zona disputada e para o eventual envolvimento do Tribunal Internacional de Justiça, que tem sido lento.