São Paulo

Mãe afirma que estudante da USP teve “alma lavada” após a morte de suspeito

A mãe da estudante Bruna Oliveira da Silva declarou ao Metrópoles que sua alma “está lavada” após o suspeito de ter matado sua filha ser encontrado morto na noite de quarta-feira (23/4), na Avenida Morumbi, na zona oeste de São Paulo.

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Simone da Silva ficou sabendo nesta manhã que a Polícia Civil localizou o corpo de Esteliano José Madureira, de 43 anos, envolto em uma lona azul com as pernas amarradas. Segundo o boletim de ocorrência, ele foi alvejado na nuca e ferido diversas vezes com facas, no tronco, tórax, abdômen, nuca e região anal. Diante da quantidade e da natureza das lesões, a polícia acredita que a morte ocorreu de maneira dolorosa, com utilização de tortura.

“Não me sinto culpada por falar, porque é do meu coração que estou dizendo: como estou feliz”, declarou a mãe da estudante à Metrôpoles. “E eu sabia que, em algum momento, isso aconteceria. E precisava ter certeza. Minha dor não vai diminuir, mas minha alma está lavada.”

Simone relatou ter sido informada de que Esteliano foi localizado na terça-feira (22/4). “Aparentemente, foi julgado por uma corte comunitária”, informou a reportagem.

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A mãe afirmou que comparecerá nesta quinta-feira (24/4) ao protesto promovido por estudantes da USP Leste, responsáveis pelos cursos de arte, ciência e humanidades. Os alunos estão realizando um ato simbólico “com o objetivo de exigir justiça”. “Ele nunca mais vai matar nenhuma mulher. Nunca mais vai assaltar, machucar nenhuma mulher”, declarou Simone.

A Secretaria de Segurança Pública (SSP) declarou que a polícia do Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) localizou o corpo após a Justiça ter autorizado a prisão temporária de Esteliano.

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Os funcionários de uma obra local encontraram o corpo por volta das 12h de quarta-feira, após se surpreenderem com uma lona deixada na via. Ao perceberem que se tratava de um cadáver, acionaram as autoridades policiais, que chegaram ao local por volta das 21h17.

Identificação

A Polícia Civil divulgou na quarta-feira (23/4) a foto do suspeito após disponibilizar um retrato falado, referenciado por imagens. A caracterização (à direita na foto abaixo) é uma ilustração elaborada a partir de uma técnica que combina o retrato falado colorido com o auxílio de inteligência artificial (IA).

A delegada Ivalda Aleixo, diretora do DHPP e responsável pelo caso, declarou que o autor do crime tinha dois filhos e uma ex-esposa. “Foi acusado de roubo uma vez, em 2008, mas não tem nada de violência doméstica ou de agressão que ele tenha praticado contra alguém”, afirmou em entrevista à imprensa.

A Secretaria de Segurança Pública (SSP) declarou, em nota, que vários objetos foram encontrados na residência do criminoso e enviados para análise técnica.

Caça

Câmeras de segurança registraram o instante em que o homem segue e se aproxima de Bruna Oliveira da Silva em uma avenida, na zona leste da capital.

Na quinta-feira passada (17/04), Bruna foi localizada nos fundos de um estacionamento, na Avenida Miguel Ignácio Curi, na região da Vila Carmosina, zona leste de São Paulo. A estudante de mestrado da USP estava desaparecida desde o dia 13 de abril e foi vista pela última vez no terminal de ônibus da estação de metrô Corinthians-Itaquera.

Revise o caso.

Manifestação

Os estudantes da USP Leste, responsáveis pelos cursos de arte, ciência e humanidades, realizarão uma manifestação simbólica com o objetivo de reivindicar justiça e solicitar maior ênfase nas investigações.

As estudantes relatam que a situação em que policiais militares encontraram o corpo da estudante e classificaram como morte suspeita, sem apreensão de evidências e com prejuízo às investigações do DHPP, permanece sem esclarecimentos.

O documento também indica que o caso da Bruna não é isolado e que as mulheres são violentadas cotidianamente. Além disso, o grupo afirmou que está articulando com coletivos feministas, movimentos sociais, parlamentares e movimentos estudantis para a manifestação.

Alunos e familiares solicitam medidas concretas que reflitam a realidade da população, que as políticas de apoio às mulheres sejam integradas a diferentes redes de assistência e que as câmeras de segurança sejam disponibilizadas: “A família, os estudantes, os professores, os funcionários e todos que tiveram contato com Bruna exigem justiça e resposta para esse crime brutal e cruel”.

O parceiro detalha a sequência de eventos.

Bruna esteve na casa de Igor Sales, seu namorado, localizada no Butantã, zona oeste, na semana anterior. No sábado, retornou à residência de sua família em Itaquera e, em seguida, encontrou-se com uma amiga. Bruna voltou à casa de Igor no mesmo sábado à noite, apesar do conselho do namorado.

“Eu havia dito para ela não vir, pois ela precisava buscar o filho dela no domingo de manhã.”

Bruna frequentemente precisava persuadir seu ex-companheiro a cuidar do filho. No domingo, solicitou que o pai do menino o levasse na segunda-feira pela manhã, para aumentar o tempo que passava na residência do namorado.

O ex-marido não aceitou a alteração. Bruna, então, solicitou que ele agendasse um encontro com seu pai na estação de metrô para que entregasse a criança.

Igor recordou que ela ficou com ele até as 20h, até o limite, devido ao horário de trabalho do pai, às 22h30, e precisou ir embora. Ele afirma ter oferecido, como sempre, levá-la de moto até em casa. No entanto, como havia chovido muito no Butantã, Bruna pediu apenas uma carona até a estação de metrô.

Igor relatou que a Bruna chegou à estação Itaquera por volta das 22h. Lá, percebeu ter perdido o ônibus que passava perto de sua casa e optou por caminhar. Igor solicitou que ela utilizasse um carro de aplicativo e efetuou a transferência do valor para que a jovem pagasse a corrida. Às 22h09, ela informou que estava carregando o celular em uma banca comercial e que aguardaria até que o valor da viagem fosse reduzido pelo aplicativo. Às 22h19, ela enviou a mensagem: “Estou indo”.

Após dez minutos, enviei mensagem perguntando se tudo havia corrido bem, pois a estação é próxima da residência dela. Demorou apenas alguns minutos para a mensagem ser recebida, porém ela não respondeu. Iniciei ligações, sem sucesso.

Ele pensou que a namorada poderia estar sem energia elétrica em casa e, por estar sem bateria, teria ido dormir. Na madrugada, Igor acordou diversas vezes e verificou o celular, sem sucesso em contato com Bruna.

Fonte: Metrópoles

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