Mario Quintana é, por fim, indicado membro da Academia Brasileira de Letras

A BL desenvolve a cadeira 41 para celebrar aqueles que não obtiveram, ou não buscaram, um lugar entre os imortais.

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(Imagem de reprodução da internet).

Mario Quintana faleceu há 31 anos, aos 87 anos, devido a insuficiência cardíaca e respiratória, em Porto Alegre. Autor de 26 livros, tradutor de mais de 130 obras da literatura mundial, somente agora foi admitido na Academia Brasileira de Letras (ABL). É notável, um absurdo. Em vida, ele tentou três vezes, foi convidado para uma quarta competição contra figuras da política, mas recusou. A ABL então criou a cadeira 41 (o número total de imortais vivos é de 40) para homenagear grandes escritores que não conseguiram, ou não quiseram, integrar a Academia.

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A cadeira 41 foi assumida na terça-feira (5) pelo gaúcho de Alegrete, considerado o maior poeta gaúcho e brasileiro por muito tempo. A informação foi divulgada na quarta-feira (6) pelo presidente da ABL, escritor e jornalista Merval Pereira, em um encontro com um grupo de profissionais gaúchos no programa Coonline (número 71 no Youtube), onde abordou temas da Academia e os 100 anos do Jornal O Globo, além do cenário atual do jornalismo e da política brasileira.

Mario Quintana admitiu em vida não possuir recursos para promover campanhas eleitorais e visitas em busca de votos. Preferia café preto, quindim e cigarro no bar da Dona Maria no Correio do Povo, quando ali trabalhou. Agora, falecido há tanto tempo, recebeu uma homenagem significativa – se estivesse vivo, talvez não a desejasse. Além disso, era resistente a viagens.

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Tímido na rua, mas nunca tímido em poesia, Quintana passava a impressão de ser antipático. Na Praça da Alfândega, que tanto frequentava, não dava a mínima para quem ousava sentar ao seu lado, salvo raras exceções. Sentado, estava olimpicamente no vazio, pensando sabe-se lá o quê, mas hoje, tenho certeza, estava poetando suas próximas letras que iriam para a eternidade.

A entidade dos imortais

A ABL foi fundada no Rio de Janeiro em 20 de julho de 1897. O escritor Lúcio de Mendonça (1854-1909) liderou a criação da Academia Brasileira de Letras, seguindo o modelo francês, mas não atuou sozinho, contando com a participação de Machado de Assis (1839-1908) nesse empreendimento. A reunião, realizada duas vezes ao ano, definiu as cadeiras de cada membro, sendo que cada fundador selecionava um protetor para sua respectiva cadeira. Machado de Assis escolheu José de Alencar (1829-1877), enquanto Lúcio de Mendonça preferiu Fagundes Varela (1841-1875), e assim sucessivamente.

A fundação contou com a presença de 16 escritores notáveis da época, como Joaquim Nabuco (1849-1910), Artur de Azevedo (1855-1908) e Olavo Bilac (1865-1918). A Academia Brasileira de Letras não dispôs de um endereço fixo – ou sede – até 1927, permanecendo sem local definido por aproximadamente 30 anos. Assim, embora a reunião inicial tenha ocorrido no Pedagogium, um centro cultural na rua do Passeio, sua sede oficial foi estabelecida no centro do Rio de Janeiro, na avenida Presidente Wilson, no Petit Trianon.

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Quem são?

Em 2021, a instituição recebeu novos integrantes, totalizando sempre 40 membros efetivos e perpétuos. Em relação às escolhas após a morte de um membro, são abertos 30 dias após a Sessão da Saudade, que se realiza na primeira quinta-feira após o falecimento, para que novas pessoas possam se candidatar por meio de cartas ao atual presidente da Academia Brasileira de Letras. Após 60 dias da abertura das candidaturas, são realizadas as votações para que os novos membros possam ingressar na instituição.

Artistas e escritores, conhecidos e desconhecidos, compõem o grupo de 40 membros. Entre os mais renomados e recentemente escolhidos, destacam-se Fernanda Montenegro, Gilberto Gil, Paulo Niemeyer, José Paulo Cavalcanti, Eduardo Giannetti e Miriam Leitão (que assume nesta sexta-feira, 8). A Academia Brasileira de Letras também conta com 20 correspondentes estrangeiros. O processo de inscrição para ingressar exige que o candidato seja um autor brasileiro nato e possua obras publicadas em qualquer gênero. As obras qualificadas devem ser consideradas valiosas ou de alta qualidade por outros autores.

Novos membros são escolhidos por meio de votação confidencial e recebem uma vestimenta marcante em sua cerimônia de admissão. Além disso, eles se comprometem a utilizá-la em suas funções oficiais, seguindo a tradição de ser fornecida pelo estado onde estão localizados.

Este é um artigo de opinião e não representa necessariamente a linha editorial do Brasil do Fato.

Fonte por: Brasil de Fato

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