Medicamentos acessíveis para o colesterol podem prevenir um segundo ataque cardíaco

O uso de estatinas e ezetimiba em pacientes após um ataque cardíaco pode diminuir o risco de um novo infarto ou acidente vascular cerebral, segundo um novo estudo.

12/05/2025 10h15

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(Imagem de reprodução da internet).

Salvar uma vida pode às vezes custar muito barato. Pelo menos é o que afirmam pesquisadores do Imperial College London, na Inglaterra, e da Universidade de Lund, na Suécia.

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A combinação de estatinas com ezetimiba, administrada imediatamente após um ataque cardíaco, diminui o risco de novos infartos ou acidentes vasculares cerebrais. O tratamento poderia salvar inúmeras vidas.

Os pesquisadores, em um estudo publicado na revista Journal of the American College of Cardiology, explicam que pacientes em todo o mundo não estão recebendo esses medicamentos em conjunto.

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Os autores apontam que essa monoterapia com estatinas apresenta um desfecho duplamente trágico. Inicialmente, provoca ataques cardíacos e mortes desnecessárias e evitáveis, além de aumentar os custos nos sistemas de saúde.

Para a primeira autora do artigo, Margrèe Leòsdóttir, professora da Universidade de Lund, “As diretrizes atuais recomendam a adição gradual de tratamento hipolipemiante. No entanto, essa intensificação frequentemente leva muito tempo, é ineficaz e os pacientes são perdidos no acompanhamento”.

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Analisando a combinação dos dois medicamentos para reduzir o colesterol.

A doença cardiovascular, principal causa de morte global, se manifesta frequentemente por meio de um infarto. Pacientes que vivenciam seu primeiro ataque cardíaco apresentam um risco aumentado de ocorrências subsequentes, devido à inflamação das artérias coronárias e à propensão à formação de coágulos sanguíneos.

Atualmente, as diretrizes globais de cardiologia recomendam a diminuição rápida dos níveis de LDL-C (colesterol ruim) em pacientes que já sofreram um infarto.

Inicialmente, propõe-se o uso de estatinas e, caso o nível de LDL-C não seja alcançado nas semanas seguintes, adiciona-se um segundo medicamento, frequentemente a ezetimiba, que também diminui o colesterol, porém atua no trato gastrointestinal.

O estudo recente investigou o efeito desse início tardio do tratamento nos resultados, comparando o uso oral de substâncias que diminuem os lipídios no sangue após o infarto do miocárdio, com a estratégia tardia (estatinas combinadas com ezetimiba) em pacientes que sofreram infarto.

A equipe avaliou o desenvolvimento de pacientes após infarto, comparando o tratamento com ezetimiba iniciado precocemente (até 12 semanas), iniciado tardiamente (13 semanas a 16 meses) ou sem tratamento. reconstruíram as condições de um estudo clínico com dados de 36 mil pacientes suecos, obtidos de 2015 a 2022.

Pacientes submetidos a tratamento precoce com estatinas e ezetimiba alcançaram níveis ideais de colesterol, apresentando menor risco de eventos cardiovasculares e morte, em comparação com aqueles tratados tardiamente ou sem terapia.

Por que os dois medicamentos não são oferecidos juntos aos pacientes com infarto?

Para Leosdottir, a terapia combinada não é amplamente oferecida globalmente para pacientes pós-infarto, seguindo o “princípio da precaução”. Esse preceito ético e regulatório é aplicado na ausência de uma certeza científica sobre os riscos da aplicação conjunta de estatinas e ezetimiba.

Adota-se uma abordagem conservadora no atendimento clínico. A prioridade é a cautela antes de implementar novas intervenções, mesmo que haja respaldo científico e resultados promissores. O procedimento habitual busca evitar potenciais efeitos adversos ou o excesso de tratamento.

Contudo, o novo estudo concluiu que a administração dos dois medicamentos após o infarto apresenta benefícios comprovados. Quando isso não é feito, o paciente apresenta um risco maior de desenvolver novos problemas cardíacos. Além disso, a ezetimiba é barata, de fácil acesso e quase não causa efeitos colaterais.

O coautor Kauzik Ray, do Imperial, afirmou: “Nossas descobertas indicam que uma alteração nas diretrizes de tratamento pode ter um impacto significativo nos pacientes”. O estudo está demonstrando a direção a seguir, com expectativa de mudanças nos canais de atendimento para os pacientes.

O especialista em cardiologia preventiva calcula que uma terapia complementar com ezetimiba poderia ser implementada no Reino Unido por um custo de apenas £ 350 (R$ 2,7 mil) por pessoa ao ano, um valor inferior ao de um tratamento para infarto, e com efeito benéfico para os pacientes.

Margret Leosdottir, que também é consultora sênior de cardiologia do Hospital Universitário Skåne em Malmö, na Suécia, afirmou que o novo tratamento já foi implementado lá. Sua expectativa é que as descobertas alterem as diretrizes globais, visando “evitar sofrimento desnecessário e salvar vidas”.

Fonte: CNN Brasil

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