Medida que simplifica o processo de obtenção de licenças ambientais avança na análise do Senado
Aprovada pela Comissão de Meio Ambiente, a proposta aguarda avaliação de outro órgão; documento é alvo de críticas por parte de ativistas ambientais.

A Comissão de Meio Ambiente aprovou na terça-feira (20.mai.2025) o projeto que flexibiliza as normas para a emissão de licenciamento ambiental. O texto foi aprovado de forma simbólica, sem registro individual de votos. Os senadores Jacques Wagner (PT-BA), Beto Faro (PT-PA), Fabiano Contarato (PT-ES), Eliziane Gama (PSD-MA) e Augusta Brito (PT-CE) manifestaram voto contrário.
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A proposta, aprovada pela Câmara em 2021 e com o apoio do presidente da Casa Alta, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), irá agora passar por análise da Comissão de Agricultura antes de ser votada em plenário.
Antes da votação, o presidente da Comissão de Meio Ambiente, Fabiano Contarato, declarou que o projeto pode apresentar vício de inconstitucionalidade e que interesses econômicos necessitam “cumprir a preservação ambiental”.
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É preciso refletir sobre o que estamos votando. O direito ambiental é da sociedade brasileira e cabe ao Estado brasileiro a sua proteção.
A proposta está em pauta na Comissão de Agricultura do Senado nesta terça-feira (20.mai). Existe a chance de ser levada ao plenário ainda nesta semana. Se aprovada, teria que passar por nova análise da Câmara.
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Empreendimentos militares, bem como atividades de pecuária de pequeno porte, de criação extensiva ou semi-intensiva, estão isentos de licenciamento.
Também é criada a chamada LAC (Licença por Adesão e Compromisso). Nesta modalidade, o responsável pela obra declara, por sua conta própria, que cumprirá todas as regras ambientais e, com isso, obtém a licença automaticamente, sem que o órgão ambiental precise avaliar tecnicamente o caso previamente.
Outro aspecto relevante é a Licença Ambiental Única, que consolida, em um único documento, as autorizações para construir e operar o empreendimento. Além disso, há previsão para a isenção de licenciamento de atividades consideradas de baixo impacto e a regularização de negócios que operam sem licença ambiental.
O projeto prevê que o termo de compromisso possa ser empregado no licenciamento ambiental simplificado para atividades de porte médio, via LAC.
A senadora Eliziane Gama (PSD-MA) declarou que instalações como as que provocaram a tragédia de Brumadinho poderiam ser classificadas como de porte médio, o que implicaria em um processo de licenciamento simplificado.
“É um projeto viciado e abre brechas grandes para que fatalidades possam se repetir”, declarou.
A relatora na Comissão de Agricultura, Tereza Cristina (PP-MS), afirmou que o assunto está em discussão há um ano e meio, que “não fragiliza o licenciamento”, que as “LACs já existem e são usadas em diversos Estados” e que o projeto trará segurança jurídica.
Ocorreu Brumadinho e não havia a legislação de licenciamento ambiental. Essa lei surgiu para regular os processos. […] A lei que estamos discutindo não revoga nenhuma punição por crime ambiental.
Outros senadores favoráveis à proposta asseguraram que as alterações facilitam a emissão de licenciamento para obras que estão paradas, como as referentes ao saneamento básico.
A posição do governo
O líder do Governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), afirmou que o Palácio do Planalto “não está com a posição definitiva”, porém algumas divergências foram definidas “desequilibradamente”.
O relatório é encaminhado aos estados e municípios, juntamente com a deliberação. A estrutura do município é muito mais frágil do que a nossa (âmbito federal). […] Ao fazer essa delegação, estamos correndo o risco de ter uma guerra ambiental, quem facilitar mais o formato ambiental, pode atrair investimentos. Tenho essa preocupação, falou o senador.
O ex-governador da Bahia, Wagner, declarou que seu governo apoiava as LACs, embora não da forma estabelecida pelo novo projeto.
“Quem iniciou a LAC fui eu quando governador, mas lá fizemos só para baixo impacto. A proposta diz “baixo e médio”. Na construção de uma barragem, como não faz um arrimo, um licenciamento ambiental? Foi tido como porte médio. Teve um risco, tivemos 2 desastres que tiraram vidas”, afirmou.
Oposição ecologicamente consciente.
O coordenador da Frente Parlamentar de Defesa do Meio Ambiente no Congresso, deputado Nilto Tatto (PT-SP), havia declarado na segunda-feira (19.mai) que, na hipótese de aprovação pelo Congresso, solicitaria ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que vetasse o projeto.
Tatto declarou ao Poder360 que “não negamos que a lei vigente precisa ser revisada, porém, como está, não funciona. O relatório está muito fraco. É difícil imaginar como solucionar esse problema”.
Para ele, o problema reside na origem do texto, com as alterações propostas pela Câmara não sendo suficientes para “salvá-lo”.
Fonte: Poder 360