Mercado global de beleza negra projetado para atingir US$ 31 bilhões até 2034

O segmento expande-se em ritmos superiores à média mundial, contudo, ainda há carência de produtos, mão de obra especializada e procedimentos adequados para peles morenas.

21/05/2025 14h03

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(Imagem de reprodução da internet).

Em 2034, a InsightAce Analytic projetou que o mercado global de beleza negra atingiria US$ 31 bilhões (aproximadamente R$ 175 bilhões), com uma taxa de crescimento anual composta (CAGR) de 13,2%.

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Em 2024, o setor já havia movimentado 9,2 bilhões de dólares. O valor engloba cosméticos, perfumes, produtos de higiene pessoal, cuidados capilares e tratamentos faciais destinados à população negra.

A consultoria McKinsey projeta que o mercado global de beleza, abrangendo todos os públicos, alcance 580 bilhões de dólares (3,3 trilhões de reais) até 2027. Essa disparidade no ritmo de crescimento levanta preocupações sobre a desigualdade no acesso a soluções de beleza.

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De acordo com a McKinsey, consumidores negros apresentam três vezes mais chances de expressarem insatisfação com produtos disponíveis nas lojas, principalmente aqueles destinados a cabelo, maquiagem e cuidados com a pele.

A ausência de protocolos específicos impacta a autoestima e os resultados.

Conforme a biomédica Jéssica Magalhães, a padronização dos tratamentos focada em peles claras negligencia características essenciais da pele negra. Dentre elas, destacam-se a maior predisposição à hiperpigmentação, formação de queloides e reações inflamatórias mais evidentes. Segundo Jéssica, isso pode levar a danos cutâneos e à diminuição da autoestima.

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Adicionalmente, carecem de informações clínicas e protocolos específicos que guiem os profissionais na seleção de ativos e tratamentos para distintos tipos de pele. Contudo, a infraestrutura técnica permanece desatualizada.

A biomédica constata que o número de profissionais especializados é pequeno em relação ao público que busca atendimento com conhecimento e identificação.

Estudo aponta descontentamento com o mercado convencional.

Uma pesquisa da Avon revelou que 70% das mulheres negras se sentem insatisfeitas com o mercado de beleza. O dado corrobora o que muitos profissionais já observam no cotidiano: uma falta de conexão entre as ofertas das grandes marcas e as necessidades reais desse público.

Essa carência tem sido suprida por marcas criadas por indivíduos negros e por profissionais autônomos. Estes atuam com maior proximidade e credibilidade junto ao público, o que promove identificação e confiança.

Adicionalmente, o estudo Black Representation in the Beauty Industry, da McKinsey, indica que consumidores negros apresentam maior predisposição por marcas de beleza negras.

Para Jéssica, essa ação tem representado um fator determinante para o crescimento da base de clientes em seu consultório.

A expansão econômica não acompanha o progresso tecnológico.

Apesar do mercado mundial de procedimentos estéticos não invasivos projetar faturamento de 171 bilhões de dólares até 2030, o progresso tecnológico focado na diversidade é mais lento.

Jessica argumenta que persiste resistência na adaptação de laboratórios, currículos de formação e desenvolvimento de produtos às particularidades da pele negra. Ela declara que a representatividade em campanhas não é suficiente: é necessário incluir a diversidade desde a criação até a entrega dos serviços.

Para a biomédica, o futuro da indústria depende da habilidade de escutar, valorizar e atender às demandas de um consumidor cada vez mais consciente.

A inclusão efetiva se transforma em diferencial competitivo.

O desenvolvimento do mercado de beleza negra não deve ser considerado um segmento restrito. Representa um movimento econômico com impacto direto no consumo, na formação de profissionais e na geração de renda.

Jéssica ressalta que indivíduos negros estão investindo em cuidados pessoais, porém esperam receber atenção com profissionalismo e consideração. Organizações que negligenciarem essa necessidade correm o risco de perder mercado.

A médica biomédica afirma que a inclusão estética inicia-se nos ambientes de pesquisa, laboratórios e instituições de ensino. Sem essa transformação, a indústria permanecerá distante de grande parte do público, apesar do crescimento do setor.

Fonte: Carta Capital

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