Milhares de mulheres indígenas se deslocam para Brasília para participar de uma conferência e realizar uma marcha até o Congresso Nacional

Cem representantes de povos indígenas participarão da 1ª Conferência Nacional das Mulheres Indígenas, entre os dias 2 e 8 de agosto.

31/07/2025 6h32

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(Imagem de reprodução da internet).

Cerca de cinco mil mulheres, provenientes de aproximadamente 100 povos indígenas, se reunirão em Brasília entre os dias 2 e 8 de agosto para participar da 1ª Conferência Nacional das Mulheres Indígenas. No último dia do evento, organizado pela Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (Anmiga) em colaboração com o governo federal, ocorrerá a quarta edição da Marcha das Mulheres Indígenas.

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O evento possui o lema “Nosso corpo, nosso território: somos as guardiãs do planeta pela cura da terra” e visa resultar em um plano nacional de políticas públicas para mulheres indígenas.

A conferência é resultado de uma demanda da 3ª Marcha das Mulheres Indígenas, ocorrida em setembro de 2023. “Realizamos um pedido para a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, e para a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara. Uma de nossas reivindicações foi participar ativamente no processo de construção de políticas públicas que façam sentido para nós”, relata Jozileia Kaingang, diretora executiva da Anmiga.

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Com base em um acordo de cooperação entre a organização indígena e os ministérios, definiu-se um cronograma com encontros regionais preparatórios. Cada um deles recebeu o nome de uma árvore típica de cada bioma do país: castanheira, sapopema, araucária, jurema, mangabeira e sumã.

A ação nacional deve promover uma articulação entre as áreas educação, saúde, violência contra as mulheres, gestão ambiental e direitos territoriais. Para Jozileia, contudo, o foco principal do encontro deve ser o combate à violência.

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Existem várias formas de violência que impactam nossos corpos e territórios. A violência doméstica, que ocorre em ambientes domésticos, assim como o racismo e a violência praticada por invasores, como madeireiros e garimpeiros.

Por defenderem direitos coletivos, as mulheres indígenas são ameaçadas de diversas formas. Assim, consideramos que a violência será o ponto central da discussão, afirma Jozileia Kaingang. “Infelizmente, frequentemente não conseguimos acessar os equipamentos públicos para registrar uma denúncia formal e obter proteção. Isso está intimamente relacionado à proteção de nossos territórios”, explica.

Quinta Marcha das Mulheres Indígenas

Desde 2019, a Marcha das Mulheres Indígenas ocorre bianualmente, sendo organizada por uma rede de 420 mobilizadoras presentes em todos os biomas do país. “Nós decidimos realizar a conferência dentro da nossa marcha para aumentar o número de participação de mulheres indígenas”, explica Jozileia.

A manifestação está prevista para o dia 7 de agosto, concentrando-se às 7h no acampamento no Complexo Cultural Funarte e seguindo até a praça dos Três Poderes, onde será entregue a “Carta dos Corpos-Territórios em Defesa da Vida” ao Congresso Nacional.

O mesmo parlamento que validou a lei do marco temporal em setembro de 2023 aprovou, no último dia 17, o projeto de lei 2.159/21, que flexibiliza as regras de licenciamento ambiental, o denominado “PL da devastação”. O presidente Lula (PT) tem até 8 de agosto – um dia após a 4ª Marcha das Mulheres Indígenas – para sancionar, vetar ou vetar parcialmente o texto referendado pela Câmara dos Deputados.

Desejamos interromper tudo que é imposto de forma centralizada e nos é imposto. Queremos elaborar as políticas públicas que nos afetam de maneira coletiva, como fazemos em nossos territórios e organizações, defende a diretora executiva da Anmiga.

Queremos unir esforços com as mulheres do mundo e promover uma transformação. Essa mudança, para nós, está relacionada a resgatar a capacidade de pensar, afirma Jozileia Kaingang. “Como podemos mudar essa concepção de vida, para viver bem?”

Fonte por: Brasil de Fato

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