Ministério das Relações Exteriores não colaborou com a evacuação de venezuelanos da embaixada, afirma Vieira
O ministro declarou desconhecer o modo como os opositores de Maduro deixaram a embaixada argentina, que estava sob proteção brasileira.

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou que o governo brasileiro não participou da saída dos quatro opositores venezuelanos que estavam em asilo na Embaixada da Argentina em Caracas, protegida pelo Brasil. O grupo, composto por críticos ao governo de Nicolás Maduro (Partido Socialista Unidos da Venezuela, esquerda), deixou o país em 6 de maio e se encontra atualmente nos Estados Unidos.
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Quatro pessoas desapareceram em 6 de maio, desconhecendo o motivo. Acredito que o governo venezuelano também não tem conhecimento sobre o ocorrido. Eles estão nos Estados Unidos. Não houve nenhuma explicação por parte de nenhum país sobre o que aconteceu. A residência estava protegida por policiais venezuelanos. “Não participamos da fuga”, declarou o chanceler na CRE (Comissão de Relações Exteriores) do Senado.
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O ministro foi questionado pelo senador Sergio Moro (União Brasil-PR) sobre a razão pela qual o governo brasileiro não havia autorizado a concessão de asilo aos venezuelanos. Vieira afirmou que o Brasil exercia a proteção da embaixada argentina desde agosto de 2024, porém a Venezuela não havia emitido o porte seguro para o traslado dos refugiados.
O ministro Moro estabeleceu uma comparação entre a situação de opositores venezuelanos e o tratamento concedido à ex-primeira-dama Nadine Heredia, que reside no Brasil desde abril. De acordo com o chanceler, o Peru permitiu o deslocamento de Heredia por meio de um avião da FAB (Força Aérea Brasileira), ao contrário do que ocorreu com a embaixada em Caracas.
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Mauro Vieira justificou a decisão do governo de oferecer asilo ao líder peruano, que foi condenado por corrupção e lavagem de dinheiro. O ministro afirmou que o governo peruano autorizou a concessão do asilo duas horas após o pedido de Heredia. E que o veredicto da ex-primeira-dama ainda não havia sido divulgado. “Não havia porque não dar [o asilo]”, declarou o chanceler.
O ministro da diplomacia brasileira declarou que o tema foi abordado com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), porém não houve análise sobre a validade do pedido, visto que o Brasil ratifica a Convenção sobre Asilo Diplomático de 1954.
Os Estados Unidos foram salvos.
O governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (Partido Republicano), comunicou em 6 de maio que os venezuelanos que buscavam asilo na Embaixada da Argentina em Caracas foram autorizados a sair e estão atualmente em território americano.
A operação, conduzida de forma inesperada, foi considerada “precisa” pelo secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio. Ele afirmou que os opositores venezuelanos a Maduro eram reféns. O grupo é composto por colaboradores da principal líder da oposição, Marisa Corina Machado, que participaram da campanha de Edmundo González nas eleições de julho de 2024.
O Brasil tomou o controle da segurança da representação da sede diplomática da Argentina em 1º de agosto de 2024, após o governo venezuelano ordenar a expulsão do corpo diplomático do país, liderado por Javier Milei (La Libertad Avanza, direita), e de outras seis nações da América Latina.
O papel do Brasil na embaixada argentina é, sobretudo, de vigilância das instalações e dos documentos. O país também era responsável por garantir a segurança dos membros da oposição ao governo chavista, que estavam hospedados na embaixada em Caracas. Diversas vezes, o Brasil atuou em conjunto com o governo venezuelano para assegurar condições de moradia no local, incluindo fornecimento de energia elétrica.
Fonte: Poder 360