Ministério Público solicita que corregedoria apure envolvimento de policiais em morte de neto e avô

A agressão, que teve como local São Sebastião e data de 16 de abril, está sob investigação da Polícia Civil. Imagens de vigilância registraram o ocorrido.

4 min de leitura

(Imagem de reprodução da internet).

O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) solicitou que a Corregedoria da Polícia Militar (PMDF) apure o incidente em que militares foram flagrados proferindo a palavra “mata-leão” em relação a um jovem de 18 anos e seu avô, um homem de 63 anos, em um supermercado de São Sebastião. Registros de câmeras de segurança no local capturaram a ocorrência, que teve início na noite de quarta-feira (16/4).

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

A 3ª Promotoria de Justiça Militar do Distrito Federal solicitou que a corregedoria apresentasse uma resposta em até cinco dias. O caso já é investigado pela Polícia Civil do DF (PCDF).

O jovem e o avô relataram ter sofrido agressões, incluindo um golpe que poderia resultar em morte e jatos de pimenta no rosto sem justificativa.

LEIA TAMBÉM!

A coluna Na Mira, do Metrópoles, teve acesso aos termos de declaração de sete PMs envolvidos na ocorrência, além dos depoimentos de Daniel dos Santos Alencar e de José Francisco de Andrade, avô do rapaz. Segundo o jovem, o início do tumulto ocorreu quando ele estava na fila do açougue do supermercado e percebeu um homem com casaco verde rindo e debochando. Daniel relatou que não deu ouvidos, pegou uma sacola com carne e seguiu rumo ao setor de verduras. “O homem me seguiu e perguntou se eu o reconhecia como o policial que me conduziu à delegacia uma vez”, contou.

Daniel relatou que o policial à paisana o xingiu de “ladrão”, sem justificativa. Acrescentou ter telefonado para sua mãe e informado sobre o incidente. O avô de Daniel, que se encontrava próximo ao supermercado, correu até o estabelecimento. Já na fila do caixa, uma equipe da PM se aproximou para realizar a abordagem do jovem e do avô. Daniel começou a gravar a ação policial, porém teve o telefone retirado de suas mãos, conforme demonstra o vídeo abaixo.

Observe as imagens da confusão.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Mata-Leão

As imagens das câmeras registram o instante em que os policiais adentram no supermercado e se dirigem aos dois. “Os PMs chegaram e já tomaram o celular e não deram ordem para colocar as mãos na cabeça. Um dos policiais deu um tapa no meu peito e derrubou o meu avô, que tentava me proteger”, declarou. Outros três policiais tentavam conter o rapaz, enquanto outros atavam o idoso após jogá-lo no chão.

O jovem foi algemado com apenas uma viatura presente. Com a chegada de um segundo carro, Daniel foi colocado no cubículo. Antes disso, segundo ele, um policial lançou spray de pimenta em seu rosto, enquanto já estava na viatura. “Informei que estava me sentindo mal e que possuo asma, mas ouvi que eles não se importavam”, declarou.

O indivíduo alegou aos policiais que não havia ocorrido desrespeito aos militares. Um dos policiais informou que, caso estivesse gravando, ele teria que intervir. Em seguida, destruiu o celular batendo no engate da viatura, danificando o aparelho, relatou.

No depoimento, o jovem relatou ter sido ameaçado de morte por um membro da corporação. “Ele afirmou que não me mataria em serviço, mas sim quando estivesse sem a uniforme”, declarou.

O advogado Lucas Fagner Fernandes, defensor do jovem e do avô, manifestou-se sobre o caso. Afirmou que a expectativa em relação à PMDF é a garantia dos direitos fundamentais, notando a inércia da corporação diante de agressões a um idoso e seu neto, sem observância ao uso progressivo da força e às normas legais. Indicou que buscará justiça e a responsabilização dos envolvidos.

O outro lado

Os policiais militares relataram, na delegacia, que estavam em serviço ao atenderem a ocorrência de um colega de folga, que havia sido ameaçado e ofendido por um homem em um supermercado. O policial responsável pela guarnição informou que se dirigiu ao indivíduo e ordenou que ele colocasse as mãos na cabeça para ser abordado. O PM declarou no termo de declaração que o jovem possuía o celular na mão em posição de filmagem e se recusou à abordagem.

Após supostamente ter dito “não vou botar as mãos em cabeça porra nenhuma”, o policial informou ter retirado o celular das mãos do rapaz. O indivíduo passou a gritar e fazer escândalo, além de ter vindo em direção ao policial como se quisesse tomar o aparelho telefônico ou entrar em confronto. Nesse momento, outro integrante da guarnição empurrou o suspeito para que ele pudesse ser contido e algemado.

De acordo com os militares, o avô de Daniel se mostrou agitado na abordagem, sendo necessário controlá-lo pelo braço e pescoço. Um PM relatou que, após tomar o celular de Daniel, entregou o telefone a outro policial e não se recorda de como o aparelho caiu no chão. Após ser contido, o idoso foi encaminhado para uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), onde vomitou sangue.

Fonte: Metrópoles

Sair da versão mobile