Ministro de Lula visita assentamento do MST na Fazenda Cambahyba, em Campos (RJ)
Paulo Teixeira visita assentamento Cícero Guedes nesta sexta-feira (1º).

O ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), Paulo Teixeira, visitará, nesta sexta-feira (1º), um assentamento da Reforma Agrária no Rio de Janeiro.
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A visita será ao assentamento Cícero Guedes, situado em Campos dos Goytacazes, Norte Fluminense, que ocupa área da antiga Usina Cambahyba, com histórico de conflitos agrários e violações de direitos humanos.
Em áreas ocupadas por famílias camponesas associadas ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) após longas mobilizações e resistência, atualmente se produz uma variedade de alimentos saudáveis e livres de agrotóxicos, com destaque para a banana, o aipim e o milho.
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A estrutura da antiga Usina Cambahyba foi utilizada durante a ditadura militar para ocultar o paradeiro de presos políticos e opositores ao regime. A Comissão Nacional da Verdade (CNV) constatou que pelo menos 12 cadáveres foram incinerados em seus fornos, incluindo Fernando Santa Cruz e Luís Maranhão, desaparecidos em 1974.
O coordenador da direção nacional do MST no Rio de Janeiro, Mateus Santos, do Brasil de Fato, declarou que a usina deixa uma dívida histórica que o movimento busca reparar. Formalizado em 2023 pelo Incra, o assentamento está em processo de seleção das 185 famílias de trabalhadores rurais que serão assentadas pelo Programa Nacional de Reforma Agrária (PNRA) em Cícero Guedes.
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A Cambahyba foi cenário de um dos episódios mais graves da nossa história. Nas caldeiras de cana-de-açúcar, foram consumidos por fogo os restos mortais de militantes contrários ao regime da ditadura. A localidade enfrenta sérias questões sociais e econômicas, sobretudo em relação à cidade de Campos. Uma unidade produtiva e em situação de falência há muitos anos. O MST reivindica áreas ali existentes há mais de 20 anos para a Reforma Agrária.
O líder do MST também é filho do militante Cícero Guedes, que dá nome ao assentamento e foi assassinado em 2013 em razão dos conflitos fundiários na região. “É uma questão de reparação histórica tanto pela questão da ditadura quanto pela pauta da Reforma Agrária. Uma área que é improdutiva e tem dívidas com a União. Uma das nossas reivindicações é que a área do parque industrial da Usina Cambahyba se torne um memorial.”
Santos mencionou outras áreas com grande demanda por reforma agrária em Campos, que também possuem dívidas com a União. Trata-se da fazenda São Cristóvão, recentemente ocupada por aproximadamente 500 famílias, e da fazenda Santa Luzia, que será encaminhada ao Incra nesta quinta-feira (31) como forma de pagamento de uma dívida superior a R$ 208 milhões da Usina Sapucaia.
História
Após mais de 20 anos de litígios, a Justiça Federal permitiu a desapropriação da Usina Cambahyba, que será destinada ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). A área foi declarada pelo Governo Federal para fins de Reforma Agrária em 1998.
Após um mês da desapropriação, em 24 de junho de 2021, centenas de famílias de trabalhadores rurais, organizadas pelo MST, retomaram uma das fazendas do Complexo da Cambahyba. Uma ocupação anterior, denominada acampamento Luís Maranhão, foi estabelecida em 2012 e permaneceu até meados de 2019.
A formalização do assentamento Cícero Guedes pelo Incra ocorreu há dois anos, em 2023, uma vitória considerada histórica na luta pela terra no estado do Rio de Janeiro.
Fonte por: Brasil de Fato