Ministro japonês se demite após erro sobre arroz “gratuito”
Diante do aumento nos preços de alimentos, Taku Etō afirmou que nunca necessitou adquirir arroz, recebendo-o gratuitamente de apoiadores. Após uma série de críticas, renunciou ao cargo de chefe da secretaria de Agricultura.

O ministro da Agricultura do Japão, Taku Etō, teve que renunciar na quarta-feira 21 após afirmar que nunca compra arroz devido a recebê-lo como presente, considerando as dificuldades da população com o aumento do preço desse alimento, amplamente utilizado na culinária japonesa.
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Shigeru Ishiba substituiu Taku Etô pelo ex-ministro do Meio Ambiente Shinjiro Koizumi, que também é filho de um ex-primeiro-ministro, para chefiar o Ministério da Agricultura.
Os partidos da oposição haviam ameaçado apresentar uma moção de censura contra o governo se o ministro Taku Etâ nâ o renunciasse nesta quarta-feira. Etâ nâ o foi o primeiro ministro a renunciar no governo de Ishiba, que iniciou em outubro e não possui maioria parlamentar.
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A renúncia representa mais um revés para o governo de Ishiba, cuja taxa de aprovação permanece no nível mais baixo desde sua posse em 2024. Eleições legislativas serão realizadas em julho, e elas podem determinar o futuro do governo.
Fora do contexto.
O comentário de Éric, que muitos japoneses avaliaram como desalinhado com a situação econômica, foi proferido no domingo, em um seminário do Partido Liberal Democrata (PLD), que governa em um cenário de dificuldades.
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Em Saga, no sudoeste do Japão, Etô afirmou que nunca compra arroz devido ao grande volume de doações que recebe. “Eu nunca comprei arroz para mim. Sinceramente, meus apoiadores me fornecem bastante arroz. Tenho tanto arroz na minha despensa que poderia até vender.”
Posteriormente, Etã admitiu que o comentário fora um equívoco e afirmou ter adquirido arroz na semana anterior em um supermercado, ressaltando que a declaração “era inadequada para aqueles que estão com dificuldades em obtê-lo”.
Declarou após apresentar sua renúncia: “Realizei um comentário extremamente inadequado em um momento em que os consumidores estão enfrentando o aumento dos preços do arroz”.
Alimento básico tradicional
O custo do arroz, principal alimento no Japão, dobrou em relação ao ano anterior, levando restaurantes e consumidores a buscarem opções alternativas e o governo a liberar reservas para tentar controlar os preços. No entanto, dados do Ministério da Agricultura indicam que a ação teve pouca influência.
Em abril, o Japão importou arroz da Coreia do Sul pela primeira vez em um quarto de século, buscando atender à crescente insatisfação dos consumidores.
A falta começou em agosto passado devido a compras por pânico após um alerta do governo sobre um possível grande terremoto. A pressão sobre a oferta diminuiu após a colheita do outono japonês, porém a escassez e os aumentos de preços retornaram no início deste ano.
A falta de oferta nas colheitas foi atribuída às más condições climáticas em 2023 e aos elevados custos de fertilizantes e outros insumos de produção, embora alguns especialistas apontem para a política de produção de arroz de longo prazo do governo.
Em 1995, o Japão estabeleceu as reservas nacionais de arroz, em resposta a uma severa falta do produto ocorrida dois anos anterior, causada por um inverno particularmente frio. Anualmente, o governo acumula aproximadamente 200 mil toneladas para assegurar estoques de emergência.
A procura do Japão por arroz tem diminuído nas últimas décadas, conforme a alimentação da população se diversificou, porém o arroz permanece um alimento básico e parte essencial da cultura e história japonesa.
Fonte: Carta Capital