Em meio às montanhas da região de Caxemira, sob a administração da Índia, professores acompanham crianças em idade escolar na vila de Churanda nas orações matinais, solicitando que o ruído das acácias balançando e dos pássaros cantando não seja substituído pelo som da artilharia.
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Apesar da frequência normal das crianças às aulas, “o medo entre os pais é grande”, segundo o professor Farooq Ahmad, após um ataque fatal a turistas, pessoas de ambos os lados da divisão da região temem que isso possa resultar em um conflito.
Índia e Paquistão disputaram duas guerras pelo Caxemira e inúmeros conflitos na fronteira ao longo das décadas. Dessa forma, os habitantes se acostumaram a observar e aguardar com apreensão, diante do aumento das tensões entre os países vizinhos.
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Supostos militantes assassinaram pelo menos 26 turistas – com números atualizados – no ataque da semana passada a uma área de paisagens montanhosas. O Paquistão culpou a Índia pelo envolvimento, o que Nova Delhi nega. Já o Paquistão afirmou ter “informações confiáveis” de que a Índia pretende lançar uma ação militar em breve.
De Churanda, soldados paquistaneses e indianos podem ser vistos em seus postos avançados. Idosos relatam que pelo menos 18 pessoas foram mortas na aldeia em tiroteios entre os dois lados nas últimas décadas.
Existem seis bunkers na vila para uma população de 1.500 habitantes. Ambos os lados estão se ameaçando. Se houver uma escalada na fronteira, para onde iremos? O medo está ali, pois esta vila é a mais atingida, disse Abdul Aziz, um morador de 25 anos.
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Materiais para dois meses
Moradores da vila de Chakothi, do lado paquistanês da linha de controle da região, construíram abrigos fortificados nas encostas próximas às suas casas.
As pessoas se abrigavam em bunkers durante os tiroteios, conforme relatou Faizan Anayat, 22 anos, que visitava a família em uma viagem de retorno ao Caxemira, vindo de Rawalpindi, onde trabalha como técnico de ar-condicionado.
Seu vizinho, Mohammad Nazir, de 73 anos, interrompeu a construção do abrigo para se dirigir à mesquita para as orações do sexta-feira, ao mesmo tempo em que seus familiares jogavam críquete na entrada.
“Não temos medo de nada”, declarou Nazir. “Cada uma das nossas crianças está preparada.”
Em Muzaffarabad, a capital da Caxemira administrada pelo Paquistão, as autoridades estabeleceram um fundo de emergência de 1 bilhão de rúpias paquistanesas (US$ 3,5 milhões) e forneceram alimentos, água e suprimentos médicos para as vilas ao longo da linha de controle, suficientes para dois meses.
As autoridades fecharam todos os seminários religiosos na região por dez dias, informaram autoridades na quinta-feira, devido a temores de ataques indianos.
As autoridades da Caxemira, sob administração paquistanesa, também deslocaram equipamentos para áreas próximas à linha de controle, para reparar danos nas estradas e instruíram as equipes de resgate e defesa civil a manterem-se em estado de alerta máximo.
A gerente da unidade da Caxemira da Companhia Paquistanesa do Crescente Vermelho, Gulzar Fatima, declarou que, após identificar o aumento das tensões, a equipe de assistência iniciou a organização de recursos e pessoal, abrangendo também a disponibilização de serviços de emergência.
Em caso de operação militar indiana, espera-se uma migração em larga escala de pessoas da linha de frente e estão sendo preparados campos de socorro com tendas, kits de higiene e equipamentos de cozinha para pelo menos 500 famílias.
Fonte: CNN Brasil