Moraes prossegue com depoimentos em relação ao atentado tentado na terça-feira
O ex-comandante da Aeronáutica Almir Garnier será o primeiro a ser ouvido; confira como ocorreram os depoimentos nesta segunda-feira. Leia no Poder360.

O ministro do STF, Alexandre de Moraes, suspendeu às 19h49 desta 2ª feira (9.jun.2025) o 1º dia de interrogatórios dos réus do núcleo crucial da tentativa de golpe de Estado. Até o momento, prestaram depoimento o tenente-coronel Mauro Cid e o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), que foi diretor-geral da Abin (Agência Brasileira de Inteligência).
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A sessão pública será retomada na terça-feira (10/06), às 9h, na sala da 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal. O primeiro a ser ouvido será o almirante Almir Garnier, ex-comandante da Marinha no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A comissão iniciou o interrogatório dos acusados no núcleo fundamental da ação penal por tentativa de golpe. De acordo com o MP, os integrantes desse grupo teriam sido responsáveis por liderar as ações da organização criminosa que visavam impedir a posse de Lula.
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Cid confirmou em seu depoimento que Bolsonaro recebeu, leu e solicitou alterações na “minuta do golpe” — um texto de um possível decreto para implantar estado de sítio ou de defesa, que teria de ser aprovado pelo Congresso. O ajudante de ordens do ex-presidente teria solicitado a remoção de um trecho que determinava a prisão de Alexandre de Moraes.
Ouça outros trechos da declaração de Cid:
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Ramagem, por sua vez, negou participação na tentativa de golpe e no uso ilegal da Abin. As investigações da PF (Polícia Federal) revelaram documentos que sustentaram a denúncia da PGR (Procuradoria Geral da República). Esses documentos incluíam cartas de Ramagem direcionadas a Bolsonaro, nas quais ele questionava as urnas eletrônicas.
O parlamentar assegurou não ter direcionado as cartas ao ex-presidente e que a forma como as redigiu era uma forma de “unir conceitos”. Segundo Ramagem, os documentos eram “algo pessoal, com minhas opiniões e anotações variadas”.
Audiência
Antes do início da sessão, Mauro Cid fez reverências aos generais Augusto Heleno e Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministros do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) e da Defesa, respectivamente.
Cid também cumprimentou o ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres. Bolsonaro recebeu um aperto de mãos antes do início da sessão.
Após a audiência, os advogados de Bolsonaro afirmaram que o depoimento de Cid foi “extremamente positivo” para a defesa, porquanto o tenente-coronel apontou inconsistências que não foram esclarecidas.
Celso Vilardi afirmou aos jornalistas que Cid mente e possui “memória seletiva”. Durante a sessão, Vilardi apresentou uma gravação do militar sobre uma reunião que, segundo o advogado, não ocorreu.
No documento, Cid relata que empresários exerceram pressão sobre Bolsonaro com o objetivo de revertar o resultado das eleições de 2022. Questionado pelo advogado sobre a autoria da mensagem, o tenente-coronel afirmou “não se lembrar”, mas acredita que ela possa ter sido destinada ao general Freire Gomes.
A gravação foi apreendida pela Polícia Federal durante as investigações. A conversa revela que o grupo de executivos se reuniu com Bolsonaro em 7 de novembro de 2022. Estavam presentes o fundador da construtora Tecnisa, Meyer Nigri, e o dono da rede de lojas Havan, Luciano Hang.
Interrogatórios
A Primeira Turma do STF iniciou nesta segunda-feira (9.jun) o interrogatório dos réus no núcleo central do processo penal por tentativa de golpe de Estado. De acordo com a PGR, os integrantes desse grupo teriam sido responsáveis por liderar as ações da organização criminosa que visavam impedir a posse de Lula.
Pertencem ao grupo:
Os depoimentos devem ser concluídos até quinta-feira (13.jun). O primeiro a ser ouvido é Mauro Cid, que firmou um acordo de cooperação com o STF. Os demais réus serão ouvidos em sequência, em ordem alfabética. A ordem foi estabelecida para que todos tenham ciência do que o delator declarou e, assim, possam exercer o devido processo legal.
Todos os réus do núcleo estão obrigados a comparecer nos interrogatórios, mas podem permanecer em silêncio e responder a algumas ou nenhuma pergunta. O relator, ministro Alexandre de Moraes, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, e os advogados podem fazer perguntas. Se outros ministros da 1ª Turma comparecerem, também podem questionar os réus.
Após as audiências, os réus não precisam mais comparecer. A única pessoa do grupo que não irá até o plenário da 1ª Turma é o general Braga Netto, que está preso preventivamente no Rio de Janeiro desde dezembro. Ele participa por videoconferência.
Os interrogatórios são parte da fase instrutória do processo criminal – momento de coleta de provas. As testemunhas do Ministério Público e da defesa já prestaram depoimento e ainda podem ser produzidas provas documentais e periciais, caso sejam solicitadas pelas partes e autorizadas pelo relator, ministro Alexandre de Moraes.
Podem ser realizadas, eventualmente, investigações adicionais para confirmar informações relevantes durante o processo. Só após essa fase as acusações e as defesas devem apresentar suas alegações finais e Moraes elaborará o relatório final para o julgamento.
Fonte por: Poder 360