O emprego de fármacos como Ozempic, da Novo Nordisk, e Mounjaro, da Eli Lilly, tem se tornado mais comum em razão de seus resultados no controle do peso. Embora sejam prescritos para o tratamento do diabetes tipo 2, esses medicamentos se mostram cientificamente eficazes para a perda de peso, sendo, inclusive, utilizados fora das indicações para o tratamento da obesidade.
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Contudo, a utilização descontrolada e sem supervisão médica adequada pode resultar em efeitos adversos. Um deles, apontado por certos pacientes que tomaram o medicamento, é a queda de cabelo, conforme explica Flávia Coimbra, diretora da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), à CNN.
Alguns pacientes em tratamento com estas medicações relataram queda de cabelo em fóruns e relatos clínicos informais, possivelmente relacionada à perda de peso rápida, e não à ação do fármaco.
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Conforme Coimbra, esse “fenômeno” denomina-se eflúvio telógeno. A condição é marcada pelo incremento na queda diária de fios de cabelo, frequentemente em decorrência de um evento que provoca estresse no corpo. “Há evidências disso após perda de peso rápida, cirurgia bariátrica ou dietas restritivas”, afirma.
Não se pode estabelecer uma ligação direta entre o uso de medicamentos como Ozempic e Mounjaro e a queda de cabelo. Contudo, a perda de peso acelerada causada por esses fármacos pode estar relacionada a esse problema, associada a deficiências nutricionais que podem surgir com o uso de dispositivos injetáveis para emagrecimento sem o acompanhamento médico adequado.
A rápida perda de peso pode causar deficiências nutricionais – particularmente de ferro, zinco, vitamina D e biotina, nutrientes essenciais para o ciclo capilar. A carência desses micronutrientes é um gatilho bem conhecido como eflúvio telógeno, caracterizado por queda difusa de cabelo alguns meses após o estresse fisiológico, explica Elaine Dias J.K., PhD em endocrinologia pela Universidade de São Paulo (USP), da CNN.
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A queda de cabelo é temporária?
Sim, de acordo com especialistas, a queda de cabelo causada pela perda de peso rápida é temporária e reversível.
Dias afirma que evidências clínicas demonstram que o efluxo telógeno surge, normalmente, dois a três meses após o evento estressante – por exemplo, após o início de emagrecimento acentuado – e persiste por alguns meses antes de apresentar melhora espontânea.
A especialista aponta que este é o padrão do eflúvio telógeno: diversos fios entram em fase de queda simultaneamente, porém, novos fios repõem-se com o restabelecimento do ciclo capilar e a correção de deficiências nutricionais ou de estresse.
A suplementação de vitaminas e minerais pode ser uma alternativa para prevenir a queda de cabelo durante o processo de emagrecimento. Cada situação deve ser avaliada individualmente, mas, de maneira geral, entre as opções que podem auxiliar encontram-se o whey protein (quando a ingestão de proteínas estiver acima do recomendado), ferro, zinco, selênio, vitaminas A, C, E, complexo B e D.
A Prefeitura de Coimbra ressalta a relevância do acompanhamento médico e nutricional “para obter uma orientação alimentar adequada às necessidades específicas de cada indivíduo”. A especialista também lembra que manter uma alimentação equilibrada é fundamental para o emagrecimento saudável.
Ozempic e Mounjaro: qual a distinção?
O Ozempic é composto pela semaglutida, um medicamento da classe dos anás do hormônio GLP-1 que age na secreção de insulina pelo pâncreas, regulando a glicose no sangue e promovendo a redução do apetite. Há uma versão já aprovada e comercializada no Brasil para o tratamento de obesidade, com uma dosagem maior: o Wegovy.
O Mounjaro é composto por tirzepatida, uma molécula agonista duplo de GLP-1 e GIP, hormônios produzidos no intestino e liberados após as refeições. Isso implica que o medicamento possui a habilidade de estimular a ação tanto do GLP-1 quanto do GIP, elevando a produção de insulina pelo pâncreas para controlar os níveis de açúcar no sangue.
Novas pesquisas indicam que o Mounjaro leva a uma maior perda de peso quando comparado ao Ozempic e ao Wegovy. Um estudo divulgado na semana passada demonstrou que pacientes utilizando tirzepatida obtiveram uma diminuição média de peso de 20,2% em relação a 13,7% com a semaglutida.
Em média, pacientes utilizando tirzepatida apresentaram perda de 22,8 kg, enquanto aqueles em uso de semaglutida registraram uma perda de 15,0 kg. Os resultados foram obtidos após 72 semanas com base na estimativa do plano de tratamento.
Novo estudo revela qual medicamento é mais eficaz para perda de peso: Wegovy ou Mounjaro.
Fonte: CNN Brasil