MP investiga música de cantor sertanejo divulgada por Neymar

Ronaldo Torres, alvo da Operação Desafino, teve uma carreira musical de sucesso e alcançou destaque com a canção “Sexta-feira, sua linda”, que foi divulgada por Neymar.

04/05/2025 3h14

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(Imagem de reprodução da internet).

Ronaldo Torres Souza está sendo investigado pelo Ministério Público de Goiás (MPGO) por roubar músicas de cantores sertanejos e utilizá-las através de contas falsas no Spotify. Ele possuía 21 computadores abertos reproduzindo as músicas, sendo essa situação conhecida como “Fazenda de Streaming”.

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Alex Ronaldo alcançou destaque em 2016 com a canção “Sexta-feira, sua linda”, que foi compartilhada pelo jogador Neymar na época. Após a separação do grupo, o cantor adotou o nome Alex Ronaldo e compartilha conteúdos de shows e fotos de veículos de luxo em suas redes sociais.

O que não se percebe inicialmente é que Ronaldo utilizava nomes falsos na plataforma de áudio para divulgar músicas que o alcançavam em listas no WhatsApp. Compositores do país, principalmente sertanejos, promoviam os conteúdos para artistas, empresários e produtores que pudessem investir nas canções.

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Ronaldo, com experiência na área, aparecia em listas, mas utilizava a situação para lançar músicas com nomes falsos em plataformas digitais, buscando obter ganhos financeiros. Posteriormente, empregava as plataformas de streaming para ampliar o alcance das músicas.

Os sobrenomes utilizados por Ronaldo, conforme identificados pelo Ministério Público de Goiás, são: Aldo Vanuti, Alexandre Volts, Alla Rick, Amadeu Lins, Andre Allk, Antony Faisã, Augusto Travis, Barto Lima, Breno Cardoso, Caike Lobato, Carlos Brenan, Carlos Makito, Carlos Max, Cesar Baroni, Diego Damian, Dinho Chaves, Elias Solto, Elizel Torres, Fabio Biu, Fabio Brits, Fabio Kaue, Fabricio Garan, Fagner Fael, Gean Gal, Gean Loyola, Geraldo Gel, Henrique Feitosa, Hugo Hulk, Junior Kobal, entre outros.

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A ampla divulgação permite que pessoas copiem essas guias e as compartilhem sem que seja possível suspeitar de quem as espalhou, orientou o promotor Fabrício Lamas, do MPGO.

Ronaldo utilizou a música “Banalizando Intimidade” e alterou o título para “Você Anda”, a primeira frase da canção. A composição original era de Valéria Costa, Wallace Dias, Igor Neto e Daniel Deck, que alcançou 1 milhão de visualizações em uma versão com apenas voz e violão, divulgada em grupos de potenciais investidores. O trabalho original não possui registros de lançamento nas redes sociais.

Na denúncia do MP, consta o depoimento de Valéria Costa, uma das autoras da música Banalizando a Intimidade. Ela destaca que há um roubo também imaterial, já que, a partir da divulgação do conteúdo, o investigado também divulga a ideia na canção, fazendo até perder uma originalidade.

“Às vezes você tem um tema que é muito original, uma música que é muito diferente, você tem certeza que não tem nada no mercado parecido com aquilo, se caiu ali no Spotify, o que está impedindo outra pessoa de fazer?” disse Valéria ao Ministério Público.

As investigações indicam que Ronaldo obteve irregularmente cerca de R$ 300 mil, causando prejuízo de até R$ 6 milhões no mercado musical através da cópia de conteúdos.

Compreenda o que é uma fazenda de streamings.

Os promotores Fabrício Lamas e Diego Cordeiro explicaram à Metrópoles o funcionamento da fazendinha do cantor de música sertaneja. Os dois também informaram que existem outras investigações em andamento que indicam alvos além de Ronaldo, mas que utilizam a mesma prática.

O promotor Diego Cordeiro afirmou que ele possuía 21 máquinas de notebook em funcionamento no momento da apreensão. Adicionalmente, ele utilizava um aplicativo que simulava a existência de outras máquinas, permitindo abrir múltiplos navegadores e abas em cada uma delas.

Ele simulava artificialmente muitos acessos e reproduções naquela música que publicou, obtendo assim ganhos financeiros, desviando recursos de outros artistas, mesmo que não houvesse ligação direta entre eles.

Quando o promotor afirma que Ronaldo retirava dinheiro de outras pessoas, isso se deve ao rateio de lucros das plataformas, que é proporcional ao número de reproduções do conteúdo. Assim, um artista que manipula esse engajamento obtém um valor maior do que o que realmente conquistaria, em disputa com outros profissionais que seguem as regras.

A defesa alega o seguinte.

O empresário de Ronaldo, Sílvio França, afirmou que seu cliente está colaborando com as investigações. Ele destacou que Ronaldo não está bem e tem buscado terapia, alegando que “cadeia não cura ninguém”.

O empresário ressalta que “é diferente colocar um criminoso experiente na prisão, que está acostumado com o sistema, do que colocar alguém que não tem um passado problemático, com um histórico limpo”.

Ele está cooperando com a justiça. vamos deixar a justiça resolver o que tem que resolver, mas ele tem que voltar a trabalhar, tem que voltar a trabalhar e viver. Sávio reforçou que a operação atrapalha a carreira do cantor e disse ainda que o “Brasil tem tantas outras coisas mais importantes que estão acontecendo”.

A Metrópoles também questionou o Spotify sobre as medidas para identificar e combater fazendas de streaming, sem obter resposta até a publicação deste texto.

Fonte: Metrópoles

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