MST e Incra afirmam que não há assentamento no local onde o faccionado foi preso
25/04/2025 às 14h40

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária negaram a existência de um acampamento ou assentamento denominado “Zé Pereira” no Distrito Federal, local onde um membro da facção paulista Primeiro Comando de Capital (PCC) foi preso na quinta-feira (25/4), em Brazlândia.
A Polícia Militar (PMDF) informou que o detido estava encarregado da segurança da área e, em conjunto com a 18ª Delegacia de Polícia (Brasília), declarou que o local é um acampamento do MST.
A organização esclareceu que o indivíduo mencionado na matéria, como membro do PCC, nunca esteve associado ao MST, e que não há registros de contato ou conhecimento sobre ele.
Adicionalmente, a reportagem consultou a lista de assentamentos registrados no Incra – que inclui todos ligados ao MST –, e identificou apenas um com o nome de “Zé Pereira”, localizado no Tocantins. O levantamento foi atualizado em 7 de abril.
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O movimento ainda informou à reportagem que, anteriormente, foi criado um coletivo no Distrito Federal com o nome de Zé Pereira, localizado no centro de formação regional. Contudo, as famílias dele foram direcionadas para o acampamento Ana Primavesi.
Todos os ocupações em áreas federais da União devem ser reconhecidos pelo Incra. Ele oferece o registro de titularidade e a portaria de criação dessas áreas, conforme acrescentou o MST.
Acampamentos e assentamentos são características distintas. O primeiro se refere a ocupações em fase inicial para a reforma agrária; o segundo às áreas onde o Estado reconheceu o direito de famílias viverem e produzirem. O MST destacou que também cobra certidão de nada consta para qualquer um que deseje fazer parte do movimento.
A Superintendência do Incra no Distrito Federal e no Entorno informou à reportagem que não há registro de acampamento denominado “Zé Pereira” em Brazlândia, com famílias cadastradas, na base de dados do instituto.
A Metrópoles consultou a base de dados do Incra e não identificou assentamentos do MST com esse nome no Distrito Federal. As fotos do local onde o integrante do PCC foi preso, obtidas pela reportagem, mostram uma bandeira vermelha entre as casas, mas o movimento afirma que ela não é do MST.
O MST ressaltou que as informações divulgadas são “equivocadas”, “caluniosas”, “sem lastro na realidade” e veiculadas pela PMDF, “que não possui condições de provas concretas para afirmar tal situação”.
Tentar associar o MST a qualquer organização criminosa é, no mínimo, um desrespeito e uma injúria às mais de 100 mil famílias acampadas em áreas do MST e às mais de 450 mil famílias assentadas pelo movimento nestes 41 anos de luta pela reforma agrária e por justiça social no campo. Não aceitamos e nem aceitaremos tais acusações caluniosas.
Fonte: Metrópoles