MST ocupa novamente Incra de SP após anúncio de reuniões sobre compra de terras
Organizações mobilizam esforços para garantir o direito à moradia e evitar remoções em regiões do estado de São Paulo.

Cerca de 300 membros do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra desocuparam na noite de quinta-feira a sede da Superintendência do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária em São Paulo. A saída do prédio se verificou após assembleia do movimento, que considerou avanços os encaminhamentos alcançados em reunião online com o presidente do órgão, César Aldrighi.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
A conversa confirmou uma reunião presencial com a diretora de Aquisição de Terras do Incra, Maíra Coraci Diniz, e estabeleceu a promessa de um novo encontro presencial com Aldrighi na primeira semana de agosto. O movimento avalia que as tratativas colocam novamente a pauta da reforma agrária popular no centro do debate com o governo federal.
A manifestação teve início às 6h de quarta-feira (23), como parte da Jornada Nacional da Semana Camponesa, organizada pelo MST em todo o país. Durante os dois dias de mobilização na capital paulista, os encampados denunciaram a demora na implementação da política de reforma agrária pelo governo federal e solicitaram ações imediatas para o reassentamento de famílias e a proteção de áreas ameaçadas.
LEIA TAMBÉM:
● MST e Lula iniciam conversa na Semana Camponesa; 5 mil famílias esperam pela regularização em Minas Gerais
● MST: “Governo negligencia a agricultura familiar, responsável por aproximadamente 70% da produção de alimentos do país.”
● Associação dos Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra ocupa a sede da Incra, em Belo Horizonte, reivindicando a implementação da reforma agrária no estado de Minas Gerais
Entre as principais demandas apresentadas à Superintendência do Incra em São Paulo, liderada por Sabrina Diniz, destaca-se a defesa de cinco áreas ameaçadas de despejo no estado: Comuna da Terra Irmã Alberta (na capital), Marielle Vive (em Valinhos), Ilda Martins (em Apiaí), Alexandra Kollontai (em Jardimópolis) e Luiz Beltrame (em Galícia).
O MST também reivindica o assentamento imediato de 5 mil famílias acampadas, a liberação de créditos do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), a ampliação dos limites de compra por cooperativas e assentados, e a inclusão de políticas habitacionais nos assentamentos por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
O diálogo com o Incra de São Paulo está interrompido. Há tempos tentamos um diálogo e seguimos sem resposta para nossa pauta, afirmou a dirigente nacional Claudete Pereira durante a mobilização. Para ela, além da limitação orçamentária, há “falta de vontade política em garantir as conquistas para estas famílias”.
A Jornada se expande pelo país.
A ocupação do Incra de São Paulo faz parte da chamada Semana Camponesa, que acontece entre os dias 21 e 25 de julho. A iniciativa tem o lema “Para o Brasil alimentar, Reforma Agrária Popular!” e contempla a ocupação de terras e imóveis públicos, doações de alimentos, reuniões com autoridades e manifestações públicas em 27 cidades de 21 estados e no Distrito Federal.
Até quinta-feira (24), o MST já havia promovido a ocupação de 20 superintendências do Incra em todo o território nacional. A pauta nacional reivindica um cronograma de assentamentos, a retomada de linhas de crédito e o reforço de políticas públicas como o Pronera (educação no campo), o PAA e o Pronaf A (crédito agrícola para assentados e assentadas).
As manifestações denunciam o “descaso” com mais de 100 mil famílias acampadas no país, das quais 65 mil aguardam o assentamento há mais de 15 anos. O movimento também critica a baixa execução orçamentária do Ministério do Desenvolvimento Agrário, liderado por Paulo Teixeira.
Fonte por: Brasil de Fato