MST ocupa propriedade ociosa em Campos dos Goytacazes (RJ) e acusa “expulsão sem ordem de reintegração de posse”
Em total, 500 famílias afirmam ter direito à Reforma Agrária na área da antiga usina.

Cerca de 500 famílias, organizadas no Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), tomaram posse da Fazenda São Cristóvão, situada no município de Campos dos Goytacazes, norte do estado do Rio de Janeiro, em ação que exige a reforma agrária.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Logo após a ocupação, o movimento informou que a Polícia Militar ameaça realizar um despejo forçado na área. “A ação é ilegal e arbitrária, uma violação direta da Constituição Federal, que exige decisão judicial para qualquer reintegração”, denuncia em nota.
O MST afirma que a propriedade está sob o controle do grupo Othon, que detinha as usinas Cupim e Barcelos. O Brasil de Fato requisitou ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) uma declaração sobre a ocupação e dados referentes ao cadastro da Fazenda. O texto será revisado caso haja resposta do instituto.
LEIA TAMBÉM:
● A Justiça de SP inocenta Preta Ferreira, Carmen Silva e lideranças da luta por moradia: “Nunca houve crime, houve racismo”
● Corrupção no concurso público em Macaé resulta em condenação da FGV e da prefeitura
● Novo atlas da escala 6×6 será apresentado na Festa Literária Internacional de Paraty
Em vídeo enviado à reportagem, Mateus Guedes e Cristiano Meirelles, da direção estadual do MST no Rio de Janeiro, denunciam a concentração de terras improdutivas na região de Campos. “A Fazenda São Cristóvão é uma das mais de dez fazendas que, no norte fluminense, acumulam milhões para os cofres públicos, que é dinheiro de imposto que deve voltar em forma de terra para o povo brasileiro. É urgente e necessário que o Incra e os demais órgãos tomem consciência do que está acontecendo aqui em Campos para que a gente evite maiores conflitos”, afirmou Meirelles.
Inscreva-se no WhatsApp do Brasil de Fato RJ.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
A cidade de Campos dos Goytacazes é historicamente marcada por conflitos agrários que se originam no período da ditadura militar. Certas usinas de cana-de-açúcar da região foram, inclusive, empregadas para a incineração de restos mortais de presos políticos.
Nesse contexto, a atuação do latifúndio se perpetua nos dias atuais com a concentração de terras, afirma em nota o MST. “Grandes extensões de terras pertencentes a usinas falidas, que não cumprem sua função social e, portanto, são alvo de uma intensa demanda pela democratização do acesso à terra por milhares de famílias camponesas”, diz o texto.
Em todo o país, o movimento busca pressionar o governo federal por avanços na política de Reforma Agrária, que permanece paralisada. No Rio de Janeiro, não houve a conquista de novos assentamentos nos três primeiros anos do governo Lula (PT). Mais de mil famílias aguardam processos de regularização fundiária para ter direito à terra no estado.
A participação nesta manhã integra as ações em torno da Jornada Nacional Camponesa, em razão do Dia do Trabalhador e Trabalhadora Rural, comemorado em 25 de julho.
Outro lado
O Brasil de Fato tentou contato com o grupo Othon, o mesmo que administra a rede de hotéis, por e-mail associado ao CNPJ, porém não obteve resposta até o fechamento da matéria. Em relação à ação de despejo, a reportagem buscou a assessoria de imprensa da Secretaria de Estado de Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (PMERJ) e aguarda posicionamento.
Fonte por: Brasil de Fato