São Paulo

Mulher que denuncia agressão sexual afirma não ter conversas excessivas com o acusado

Em São Paulo, uma das vítimas que acusou o body piercer Renan Muza, de 32 anos, de estupro, informou ao Metrópoles que mantinha um caso consensual com o profissional até junho, quando a situação se alterou. A declaração foi feita após a criação de uma página no Instagram, que surgiu em 18 de abril, com o objetivo de expor Renan.

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Ela foi à casa do profissional do sexo como de costume, e durante o ato, Renan expressou o desejo de ter relações sexuais. Ela consentiu, porém, ele afirmou que o Dispositivo Intra-Uterino (DIU) a incomodava e solicitou que ela praticasse sexo anal. Ela recusou, mas ele teria prosseguido mesmo assim.

“Ela estava falando ‘não, não, não’ durante toda a hora”, declarou a mulher.

A vítima iniciou o trabalho com Renan Muza em maio de 2024. Ela relata que, desde a entrevista de emprego, ele a observava de maneira incomum. “Durante a entrevista, ele direcionava o olhar para meus braços e meu corpo com mais frequência do que para mim”, declarou.

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Após a entrevista, ele a convidou para jantar e, no final da noite, eles se tornaram um casal. Ela frequentemente passava em sua residência após a colaboração.

A vítima relata que, no dia do abuso, eles foram ao mercado para comprar alimentos para o jantar. Ao chegar na casa dele, constataram a presença de homens realizando a iluminação do imóvel, devido à mudança. A jovem e o body piercer se deitaram no sofá para assistir televisão até os eletricistas partirem, o que ocorreu por volta da meia-noite. Após os homens deixarem o apartamento, a vítima subiu para tomar banho e dormir, devido ao cansaço. Ao se deitar, os fatos ocorreram.

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Quando o abuso cessou, ela se lembrou de estar sangrando e extremamente assustada. Considerando que já era 1h da madrugada, ela não tinha como retornar para casa, pois não havia mais trens e não podia solicitar um carro de aplicativo devido à distância entre a casa de Renan e a dela.

Em relato ao Metrópoles, a vítima declarou o receio de revelar o que presenciou, temendo prejuízos à sua carreira. Alguns dias após o crime, ela enganou o profissional, alegando ter um relacionamento amoroso, na expectativa de que ele se afastasse. Posteriormente, ele interrompeu as investigações.

Entre agosto e setembro de 2024, a paciente iniciou apresentar problemas de saúde decorrentes do estresse, manifestando alopecia e gastrite nervosa.

Ele relatou que havia dias em que ia trabalhar e precisava sair devido à intensidade da sua dor.

A jovem seguiu trabalhando com Renan até o mês de outubro daquele ano. Ele então registrou um boletim de ocorrência referente ao abuso que sofreu.

Perfil no Instagram desenvolvido para divulgação de serviços de body piercing.

Renan Muza é acusado de estupro por várias vítimas, através de um perfil recém-criado no Instagram gerenciado por Anna Ferigato, que alega ter sido vítima de agressão sexual por ele em 2015.

A página, intitulada “renanmassediador”, foi lançada em 18 de abril de 2025. Até quarta-feira (23/4), Anna tem recebido e publicado relatos anônimos de outras vítimas, que também sofreram abusos pelo profissional. Pelo menos 20 denúncias foram apresentadas.

O profissional, que já trabalhou em vários estúdios em São Paulo, teve contato com a atriz Giovanna Antonelli e o apresentador Fred Bruno. O humorista de stand-up Thiago Ventura não realizou piercing com Renan, porém possui joias da marca dele.

Anna Ferigato relatou ter sofrido abuso em uma sala de espera de um estúdio em Jundiaí, após realizar uma tatuagem com o indivíduo. A demora na conclusão do trabalho, que ocorreu por volta da 1h da manhã, e a ausência de serviços de transporte por aplicativo na cidade, resultaram na oferta de carona, que foi o contexto do crime.

O assédio moral no trabalho configura-se por condutas que visam degradar, humilhar ou constranger o trabalhador, causando-lhe sofrimento psíquico e afetando sua saúde mental.

Outra ex-funcionária, Luisa Lirio, informou à reportagem que sofreu assédio moral por parte de Renan Muza. Ela afirmou que, já no dia da entrevista de emprego, ele teria dito que “isso seria um relacionamento extremamente abusivo” e que ela e a outra body piercer que trabalhava no estúdio teriam que “obedecê-lo a todo custo”.

Ela denunciava o desempenho das colaboradoras, as ridicularizava e as aterrorizava, afirmando que, caso cometesse erros, ele utilizaria um braço com implantes do punho até a altura do cotovelo para machucá-las. “Eu acreditava que aquilo aconteceria de fato, depois de um tempo”, relatou Luisa.

A vítima relatou que, em determinado dia, foi alvo de intimidação em um estúdio que colaborava com Renan. Ela promoveu uma reunião com o profissional desse estúdio e informou que as brincadeiras e piadas proferidas por ele a haviam deixado incomodada.

Ele olhou para mim e disse: “Veja, você precisa entender que nós somos pessoas atraentes, então a gente traz esse lado das pessoas, mas será que você não deu nenhum motivo para eles falarem essas coisas para você? Será que você não deu alguma abertura para que isso acontecesse?” contou Luisa.

Ela também relatou que Renan demonstrava grande possessividade. Em uma ocasião, ela havia agendado a realização de um piercing com um amigo, porém, ao informar o profissional, este se opôs e ameaçou que, caso ela fizesse o procedimento com outra pessoa, deixaria de trabalhar com ele.

O body piercer também criticava as roupas da vítima — ela frequentemente usava camisetas pretas com estampas de bandas. “Ele dizia que eu precisava ter uma visão mais feminina, mais leve, para atender no ambiente dele”, recordou Luisa.

O Metrópoles tentou contato com Renan Muza para comentar as acusações, mas não obteve resposta até o momento do encerramento desta reportagem. O espaço permanece aberto.

Fonte: Metrópoles

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