Mulheres quilombolas demonstram em marcha pela busca por reparação e qualidade de vida: “Cada dia é uma luta”, afirma líder
Em 25 de Julho, Nilce de Pontes ressalta a batalha por direitos e políticas públicas erguidas sobre os territórios.

Na data do Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha e Dia Nacional de Tereza de Benguela, em 25 de março, a 10ª Marcha das Mulheres Negras de São Paulo ocupa as ruas da capital com o lema “Mulheres Negras em Marcha por Reparação e Bem Viver e Contra as Violências do Estado”. A data representa um símbolo de resistência, memória e organização coletiva, sobretudo para as mulheres quilombolas que habitam e defendem seus territórios.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
“Para aqueles que vivemos nos quilombos, que estamos no território, esse dia representa mais um dia de luta em nosso cotidiano. Cada dia para nós é uma batalha”, afirma Nilce de Pontes Pereira dos Santos, quilombola, presidenta da Associação dos Bairros Ribeirão Grande/Terra Seca e coordenadora estadual da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq), em entrevista ao Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato.
A autora do livro Mulheres quilombolas: territórios de existências negras femininas, Nilce, recorda a relevância de Tereza de Benguela, quilombola do século 18, como um símbolo de resistência e inspiração ancestral. “Tereza de Benguela nada mais é que o símbolo de mulher persistente, resistente. A nossa ancestralidade de luta advém muito do que ela fez, do seu legado.”, afirma.
LEIA TAMBÉM:
● Preço do café brasileiro diminui após 18 meses por conta da oferta e do impacto de Trump
● Lenine e a Orquestra Sinfônica da Paraíba se apresentarão em concerto especial no dia 4 de agosto
● Eduardo Bolsonaro “pediu licença do cargo para conspirar contra o Brasil” e merece “sanção máxima”
Alegações
A ativista ressalta que as mulheres quilombolas sofrem cotidianamente com a exclusão de políticas públicas essenciais: acesso à terra, à saúde, à educação, à segurança e à comunicação. “Para viver bem, eu preciso estar assistida pelas políticas públicas. E essas políticas públicas precisam ser construídas a partir da base”, defende.
Santos também coordena a Rede Agroecológica de Mulheres Agricultoras (Rama), composta por quilombolas, ribeirinhas e caboclas, que atuam em conjunto pela soberania alimentar e autonomia econômica. “Muitas de nós mulheres somos vítimas da política econômica, que nos afasta de nossos territórios em nome do desenvolvimento. […]. Nosso papel como mulheres não é só cuidar da casa, não é só cuidar do filho. Nós também somos atores políticos”, destaca.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Para Santos, a Marcha representa um local de denúncia, ancestralidade e construção de futuro. “Temos medo, mas vamos assim mesmo. Esse é o nosso objetivo e foi isso que a gente aprendeu. Temos medos da violência, da discriminação, mas precisamos enfrentar de alguma forma”, afirma.
Para audir e visualizar.
O jornal Conexão BdF vai ao ar em duas edições, de segunda a sexta-feira, uma às 9h e outra às 17h, na Rádio Brasil de Fato, 98.9 FM na Grande São Paulo, com transmissão simultânea também pelo YouTube do Brasil de Fato.
Fonte por: Brasil de Fato