Não deve ser beijado um recém-nascido
Diversas infecções são transmitidas por meio de gotículas de saliva ou contato direto com o bebê, devido à sua imunidade ainda não totalmente desenvolvida.

Beijar um bebê é uma demonstração de afeto frequente em algumas culturas. Contudo, mesmo com a intenção amorosa por trás desse ato, pode apresentar riscos à saúde dos recém-nascidos, principalmente nos primeiros meses de vida.
O sistema imunológico de um recém-nascido ainda não está totalmente desenvolvido. Isso implica que a criança apresenta maior dificuldade em combater bactérias, vírus e outros agentes patogênicos transmitidos pelo contato direto, como o beijo. “Até o quarto mês de vida, o bebê tem um sistema imune não tão potente, que ainda não é capaz de gerar uma resposta imunológica específica. Ele possui mecanismos de defesa, mas ainda não são tão eficientes”, explica a pediatra Débora Ariela Kalman, do Hospital Israelita Albert Einstein.
Muitas infecções são transmitidas por meio de gotículas de saliva ou contato direto. Assim, beijos no rosto, mãos ou pés podem ser perigosos, pois o bebê frequentemente as utiliza em contato com a boca, elevando o risco de contaminação. Mesmo quando o adulto não apresenta sintomas, pode transmitir doenças respiratórias, como a influenza.
Muitos vírus podem ser contagiosos até dois dias antes dos primeiros sintomas aparecerem. Um exemplo preocupante é o vírus do herpes simples, que pode ser transmitido mesmo sem sinais visíveis. Quando ativo, ele causa bolhas nos lábios e, se transmitido a bebês, pode gerar complicações graves como o herpes ocular. Essa infecção nos olhos pode provocar dor, desconforto e, em casos mais sérios, danos permanentes à visão, incluindo cegueira. “Por isso é tão importante ter cuidado ao apresentar uma lesão ativa”, alerta a pediatra.
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Além dos primeiros quatro meses, os bebês são mais suscetíveis a infecções bacterianas por pneumococos ou Haemophilus. Contudo, com os avanços na vacinação, a situação evoluiu, diminuindo a severidade e a ocorrência dessas infecções nessa faixa etária.
Alguém não pode beijar um bebê?
Beijos e carinhos dos pais e cuidadores são essenciais para o desenvolvimento emocional e o fortalecimento dos laços afetivos com a criança, fatores importantes para seu crescimento saudável. O contato físico ajuda o bebê a se sentir amado, protegido e seguro – sentimentos fundamentais para sua saúde mental e futura capacidade de se relacionar. “Pai e mãe têm que beijar o filho”, afirma Kalman.
É necessário estar atento. Quando os pais ou cuidadores adoecem, mesmo que seja um resfriado leve, o ideal é redobrar os cuidados: usar máscara, lavar as mãos com frequência e evitar o contato próximo. “Se estou falando de uma doença respiratória, muitas vezes, só de estar no mesmo ambiente o bebê já pode ser contaminado”, ressalta a pediatra.
É relevante considerar os familiares e amigos que visitarão o bebê. Kalman sugere refletir: beijar, pegar no colo ou abraçar beneficiam apenas o visitante, não devem ocorrer.
Na prática, os maiores riscos de contaminação frequentemente ocorrem em ambientes domésticos, como em casos de irmãos mais velhos ou na entrada do bebê na creche. “O irmão mais velho é o clássico. A gente brinca que o segundo filho já nasce quase doente, não tem muito como prevenir”, comenta a especialista.
Pais, cuidadores e amigos também devem estar atentos ao fato de que, embora os recém-nascidos recebam vacinas desde os primeiros dias de vida, essas imunizações só começam a fazer efeito após algumas semanas. A proteção completa só se fortalece após os dois primeiros ciclos de vacinação, geralmente concluídos por volta do quarto mês de vida. É nesse ponto que o sistema imunológico do bebê se torna mais competente.
É natural querer mimar e oferecer carinho a uma criança, mas é preciso agir com responsabilidade para assegurar que essa demonstração de afeto não coloque em risco a saúde do filho.
Fonte: Agência Einstein
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Fonte: Metrópoles