Não se pode idealizar a Amazônia, alertam líderes indígenas

Braulina Baniwa comentou na CNN acerca dos principais obstáculos para que as mulheres indígenas tenham suas opiniões consideradas nos diás ambientais e econômicos na COP30.

14/06/2025 12h05

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(Imagem de reprodução da internet).

Braulina Baniwa, mulher indígena, mãe, pesquisadora e ativista, é uma das principais vozes na defesa dos direitos dos povos originários na Amazônia, sobretudo das mulheres indígenas.

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A pesquisadora, doutoranda em Antropologia Social na Universidade de Brasília (UnB), desenvolve seu trabalho em diferentes áreas, incluindo a sociobioeconomia, o estudo das ciências produzidas por mulheres indígenas, a luta contra a violência política de gênero e a atenção ao corpo-território como estratégia de resistência.

Braulina, em entrevista à CNN Brasil, abordou os desafios para que as mulheres indígenas tenham suas vozes consideradas nos debates ambientais e econômicos, a relevância da COP30 ocorrer na Amazônia e o papel das novas gerações indígenas na preservação da cultura e da resistência.

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Você destaca a relevância da voz das mulheres indígenas na socioeconomia da Amazônia. Quais são os principais obstáculos para que essa voz seja verdadeiramente considerada?

Estamos em construção de que essa proposta realmente valorize as mulheres a partir dos territórios. Ao mesmo tempo, ela demonstra para o mundo que os povos indígenas produzem, mas produzem da maneira que eles entendem. Porque são materiais que vêm da floresta, não são materiais em produção de campo, mas sim extraídos da floresta.

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O desafio é que a economia considere a produção dos povos indígenas, de modo a também gerar renda direta para as residências das mulheres e famílias.

A economia da floresta se baseia no saber das mulheres indígenas. Qual é a sua percepção sobre a sua participação nas decisões ambientais?

Ainda é cedo. Embora tenhamos uma indígena na plataforma, que está coordenando diretamente nos espaços internacionais, ainda estamos avançando para que nossa voz e fala sejam fortalecidas em diversos locais.

Continuamos nesse processo de formação de lideranças de mulheres na Amazônia, e de fortalecê-las em diferentes espaços, seja na academia, na produção ou na representação política.

Qual é a sua visão sobre o papel das parcerias com bancos, empresas e organizações internacionais nesse processo de fortalecimento da sociobioeconomia indígena?

Nesse sentido, estamos prontos para desenvolver políticas e projetos que considerem a nossa realidade.

Não é possível aplicar um projeto desenvolvido em São Paulo para ser implementado no Amazonas. Não há como. São territórios distintos, com diferentes logística. que essas propostas de financiamento e de projetos sejam construídas com a nossa participação.

A COP30 ocorrerá em Belém, no coração da Amazônia. Qual é a importância desse evento acontecer no estado do Pará e qual deveria ser o papel dos povos indígenas nesse debate sobre clima e bioeconomia?

Em nível nacional, os povos indígenas têm se manifestado, buscando autossuficiência em face dos diversos processos climáticos. Contudo, considero oportuno analisar a Amazônia como um empreendimento de preservação.

A Amazônia sofre com inúmeras violações e agressões. Não se trata apenas de falar, e por isso digo: não é preciso continuar romantizando a Amazônia. Porque atualmente, a Amazônia está em um processo de violência. Assim, será também uma oportunidade de denunciar para o mundo que a Amazônia está sendo violentada.

Qual mensagem você transmite para mulheres e meninas indígenas que se esforçam para conquistar seus espaços e preservar a cultura?

Elas devem possuir o nosso conhecimento, pois ele está presente. Essa ciência do cuidado é extremamente importante para o seu corpo, para o seu território. Para que possamos fortalecer cada vez mais o nosso espaço de voz e de fala.

Fonte por: CNN Brasil

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