A iphone-15-deu-mais-lucro-que-o-iphone-14/”>Apple divulga nesta segunda-feira (9.jun.2025) novidades para os sistemas operacionais de seus dispositivos no WWDC (Worldwide Developers Conference). As atualizações abrangem novo design no iOS – sistema dos iPhones – e alterações nos iPads, Macs e outros produtos.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
A grande tecnologia, contudo, promove o evento em um momento delicado da empresa. Dificuldades com o governo dos Estados Unidos reduziram a confiança na Apple, e crises internas de desenvolvimento resultaram em atrasos e informações falsas sobre a inteligência artificial da empresa.
Há algo errado na Apple.
Na WWDC de 2024, a Apple concentrou o evento na apresentação do Apple Intelligence. A empresa havia anunciado que as novidades de IA seriam lançadas em outubro de 2024, juntamente com os novos iPhones.
LEIA TAMBÉM!
Entre as atualizações, uma das mais aguardadas foram as mudanças na Siri, assistente virtual dos dispositivos Apple. A nova versão não seria apenas um buscador instalado no aparelho e que responde a perguntas com informações da internet, mas um tipo de secretário pessoal — semelhante a IAs de filmes de ficção.
A Siri, mediante autorização do usuário, processaria e-mails, fotos, mensagens, contatos e- adaptaria-se ao contexto de cada proprietário do iPhone. A assistente também teria percepção do que está sendo exibido na tela e poderia responder a solicitações.
Se alguém que estivesse em um aplicativo enviasse um endereço, por exemplo, o usuário poderia solicitar à Siri que adicionasse tal informação no contato da pessoa em questão. A Apple produziu uma publicidade com a atriz Bella Ramsey – intérprete da personagem Ellie na série The Last of Us da Max – que demonstrava o recurso em funcionamento.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
De acordo com reportagens de jornais americanos, a Apple enfrenta diversos problemas na produção da nova Siri.
O jornalista John Gruber informou em março que a Siri personalizada apresentada pela Apple “não era uma demonstração”. Trata-se de um vídeo conceitual. A grande empresa, que em 2025 adiou o recurso e removeu a propaganda com a atriz do Youtube, precisou reiniciar o desenvolvimento da Siri.
Segundo uma reportagem do The Information, no entanto, o recurso pode nunca ter existido. A notícia exclusiva para assinantes afirma que, na época da criação do Apple Intelligence, foi montada uma equipe de IA liderada por John Giannandrea – ex-funcionário da Google e desenvolvedor experiente no setor.
Giannandrea iniciou o trabalho em novas funcionalidades da Siri, porém não informou tal desenvolvimento à equipe responsável pela assistente virtual. A equipe da Siri, liderada por Robby Walker, priorizava apenas “pequenos aprimoramentos” no recurso, em vez de grandes mudanças.
A ausência de comunicação entre os dois grupos resultou em surpresa para os funcionários que trabalhavam apenas na Siri com o anúncio da assistente personalizada.
A Information aponta que a equipe de IA da Apple apresentou a Siri personalizada para compensar o atraso da empresa no mercado de inteligência artificial, com base na expectativa de que o recurso seria entregue a tempo.
Na WWDC de 2025, nenhum jornalista especializado na empresa espera anúncios significativos sobre o Apple Intelligence, devido aos problemas de desenvolvimento enfrentados.
Os atrasos na inteligência artificial resultaram em processo contra a Apple nos Estados Unidos por alegação de publicidade enganosa, considerando que uma parcela do marketing do iPhone 16 utilizava recursos de inteligência artificial que ainda não foram lançados.
“Se a verdade fosse que a Apple tinha poucos recursos disponíveis para serem lançados no próximo ano, e que eram apostas mínimas em comparação com o restante da indústria, essa era a história que eles precisavam comunicar”, declarou John Gruber.
Além da IA, a fabricante do iPhone sofreu uma perda significativa de poder no mercado devido a problemas de produção relacionados ao novo governo dos EUA.
Trump e Apple.
Durante seu segundo mandato na Casa Branca, o presidente Donald Trump (Partido Republicano) implementou uma série de tarifas a todos os parceiros dos Estados Unidos. O governo americano busca diminuir a dependência de outros países e reduzir o déficit em trocas comerciais.
Uma das metas centrais do tarifário, contudo, é estimular o desenvolvimento da indústria nacional em diversos segmentos. O foco principal do republicano é o setor de tecnologia. Trump almeja que empresas como Nvidia, Microsoft e Apple fabriquem todos os seus produtos nos EUA, visando alcançar a autonomia produtiva e a criação de postos de trabalho adicionais.
As tarifas do governo Trump já afetariam a cadeia de produção da Apple se se concentrasse apenas nos países, uma vez que a empresa produz a maior parte dos iPhones e de outros aparelhos na China, com incidência de 30% de impostos.
As flutuações tarifárias, por exemplo, podiam aumentar em cerca de US$ 500 o valor final do iPhone nos Estados Unidos. A Apple também alterou sua produção para a Índia, onde as tarifas eram de apenas 10%.
Trump, contudo, afirmou que não desejava que a grande tecnologia fabricasse nos Estados Unidos ou em outros países, mas sim nos EUA. O republicano ameaçou taxar todos os produtos da Apple em 25% caso a empresa não transferisse a produção para o território americano.
Devido a questões envolvendo o governo, a Apple – US$ 3,05 trilhões – cedeu a liderança para a Microsoft – US$ 3,50 trilhões – e a Nvidia – US$ 3,46 trilhões.
Fabricar nos Estados Unidos representa um desafio mais complexo do que o Executivo acredita. A decisão da Apple de produzir na China e na Índia não se fundamenta apenas na disponibilidade de mão de obra barata, mas também na alta especialização das pessoas no setor de tecnologia.
De acordo com informações do CSET (Centro de Segurança e Tecnologia Emergente), 41% dos graduados na China se encontram na área de STEM (Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática). Esses profissionais são os especialistas responsáveis pela montagem do iPhone, unindo as peças.
Os Estados Unidos detêm apenas 20% dos profissionais formados nessa área. A escassez de mão de obra não possibilitaria que a Apple fabricasse tudo em território americano, mesmo que a empresa quisesse.
O governo Trump necessitava de reformas mais significativas para estimular a especialização em tecnologia, além de um aumento da produção nacional de componentes do iPhone, que ainda precisariam ser importados, mesmo com a fabricação nos Estados Unidos.
Todos esses fatores impedem a Apple de agir conforme o Executivo norte-americano, que deve aplicar tarifas à empresa, gerando um aumento considerável no preço final para o consumidor.
Fonte por: Poder 360