Novo papa norte-americano pode fortalecer o catolicismo nos Estados Unidos

Brasil registrou recente parada na diminuição da população cristã, após um período de declínio de uma década. A Igreja Católica aponta para um crescimento no número de conversões.

08/05/2025 16h24

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(Imagem de reprodução da internet).

O norte-americano Robert Francis Prevost, de 69 anos, foi eleito nesta quinta-feira (8.mai.2025) o novo papa. Adotou o nome de Leão 14.

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Prevost liderará a Igreja Católica em um período de crescente expansão do catolicismo nos Estados Unidos. Dioceses do país registram aumento de conversões nos últimos anos.

Estudos recentes confirmam essa informação, indicando que o número de cristãos norte-americanos se estabilizou após mais de uma década de declínio.

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O impacto que o papa terá na mídia e eventuais ações que possa tomar nos próximos dias podem fortalecer a religião no país.

Em 2007, a porcentagem de adultos norte-americanos que afirmavam acreditar em Jesus Cristo como filho de Deus era de 78%. Esse valor diminuiu gradualmente até atingir 63% em 2019, representando uma redução de 15 pontos percentuais em 12 anos.

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Nos Estados Unidos, entre 2020 e atualmente, os cristãos apresentaram uma variação de 60% a 64%, com uma leve tendência de crescimento. A mesma estabilidade foi identificada no grupo que se declara sem religião. A íntegra do estudo (PDF – 10 MB) está disponível.

O aumento da procura pelo catolicismo, ainda não totalmente refletido em pesquisas, é uma das explicações para a estabilidade atual entre os cristãos. Relatos da mídia norte-americana apontam para um crescimento na busca pela Igreja Católica nos últimos anos e meses.

O jornal especializado em religião católica National Catholic Register informou, em 22 de abril de 2025, que algumas dioceses do país relataram ter tido missas mais cheias do que o comum na Páscoa deste ano.

Os dados iniciais de conversões durante a Quaresma de 2025 apresentaram “forte crescimento”, repetindo um movimento já observado no ano anterior, conforme informações compiladas pelas igrejas e cujos números consolidados devem ser divulgados nos próximos meses.

O aumento da procura por igrejas católicas tem contribuído para evitar a redução do número de católicos, embora não resulte em um crescimento consistente da fé.

De acordo com dados do Pew Research Center, em 2024, 19% dos adultos norte-americanos se declaravam católicos. Essa proporção se manteve constante desde 2014, ao contrário do que ocorreu com outras religiões.

Diferentemente do Brasil, os católicos são a segunda maior religião dos Estados Unidos, ficando atrás dos protestantes, que representam 40% da população em 2024, porcentagem que se estabilizou a partir de 2019, mas que teve trajetória de queda na maior parte da década passada. Em 2007, 51% dos norte-americanos se identificavam com essa religião.

O conceito de protestantes nos EUA abrange os evangélicos, como conhecemos no Brasil, além de congregações com ideologia semelhante, incluindo as Historically Black Protestant Churches, lideradas e frequentadas majoritariamente por afro-americanos, e outras igrejas mais tradicionais.

Apesar da aparente estabilidade entre os norte-americanos que se declaram cristãos, uma questão preocupa os religiosos e pode dificultar o retorno da população americana às igrejas e templos: a diferença de crenças entre as gerações.

Entre os idosos com 75 anos ou mais, 80% se declaram cristãos. Na faixa etária de 65 a 74 anos, essa porcentagem é de 75%, diminuindo significativamente em grupos mais jovens.

Entre os indivíduos com idades entre 18 e 24 anos, apenas 46% se declaram cristãos. Esse percentual é igual entre aqueles com idade entre 25 e 34 anos. Nas referidas faixas etárias, 43% e 44%, respectivamente, não se identificam com nenhuma religião. as proporções de cristãos e não cristãos são praticamente equivalentes nessas faixas etárias.

Vice-presidente dos EUA se converteu em 2019.

Em 2019, J.D. Vance (Partido Republicano), atualmente vice-presidente dos Estados Unidos, foi batizado na Igreja Católica em Ohio.

Vance afirmou ao site American Conservative à Época: “Com o tempo, me convenci de que o catolicismo era verdadeiro. Fui criado como cristão, mas nunca tive um apego muito forte a nenhuma denominação e nunca fui batizado. Quando me interessei mais pela fé, comecei do zero e procurei a igreja que mais me atraía intelectualmente”.

Vance foi escolhido como vice-presidente na chapa de Donald Trump para o ano de 2024. A posse dos dois ocorreu em 20 de janeiro de 2025.

O político norte-americano, após sua conversão ao catolicismo, teve uma reunião com o papa Francisco em 20 de abril, um dia antes de seu falecimento decorrente de um AVC e insuficiência cardíaca.

Em 12 de setembro de 2023, o ex-jogador de futebol Ronaldo (Fenômeno) Nazário, com 48 anos, foi batizado na Igreja Católica por padre Fábio de Melo.

Essa possível recuperação de fiéis pela Igreja Católica nos Estados Unidos também está sendo relatada em outros países.

Na França, por exemplo, as conversões de adultos programadas para a Páscoa aumentaram 45% em 2025 em relação a 2024, conforme dados preliminares coletados pelas igrejas do país. Um movimento similar também foi registrado no Reino Unido.

O Annuário Pontifício 2025 e o Annuário Estatístico da Igreja 2023, do Vaticano, apontam para um aumento de 1,15% no número de católicos entre 2022 e 2023, com um crescimento mais significativo na África (+ 3,31%).

Cristãos no mundo

Não existe uma estatística exata sobre o número total de cristãos atualmente, mas estima-se que seja de cerca de 2 bilhões de pessoas.

A grande maioria desse grupo que acredita em Jesus como filho de Deus encontra-se nas Américas e na Europa.

Os Estados Unidos concentram a maior população cristã, com 213 milhões de pessoas, conforme dados do World Population Review. O Brasil ocupa a segunda posição, com 180,8 milhões de cristãos.

De acordo com dados da CIA, referentes a 2020, os cristãos representam 31,1% da população mundial.

Os muçulmanos representam a segunda maior religião do mundo (24,9%), superados apenas pelos hindus (15,2%) e budistas (6,6%).

Resultados mais detalhados sobre a religião dos brasileiros deverão ser divulgados em junho, com informações reunidas pelo IBGE no Censo de 2022.

Em 2020, uma pesquisa do Datafolha com 2.948 adultos revelou que 50% da população brasileira se identificava como católica, 31% como evangélica e 10% como não religiosa.

Diferentemente dos Estados Unidos, observam-se um crescimento expressivo dos evangélicos no Brasil. Estimativas apontam que essa religião alcançará 35,8% da população em 2026 (em 2010, representava 22,2%), conforme já foi demonstrado em reportagem do Poder360.

Essas informações poderão ser confirmadas em alguns meses com o Censo e será possível ter um panorama mais claro sobre as tendências das religiões no país. E entender se o estancamento da perda de fiéis observada nos Estados Unidos se repete por aqui.

Fonte: Poder 360

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