O Brasil contesta o aumento de tarifas de Trump na OMC

Reclamação formal marca o primeiro passo em direção a possível julgamento pela Organização Mundial do Comércio.

3 min de leitura

(Imagem de reprodução da internet).

O governo brasileiro protocolou uma solicitação de consultas junto à Organização Mundial do Comércio (OMC) na quarta-feira (6 de agosto) em reação às novas tarifas impostas pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. A medida ocorre no mesmo dia em que o pacote tarifário, anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, entra oficialmente em vigor, elevando impostos de importação sobre uma vasta gama de produtos brasileiros para 50%.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

O Ministério das Relações Exteriores do Brasil afirmou que a solicitação é o primeiro passo antes de abrir um painel formal da OMC – o mecanismo de solução de controvérsias da organização. A reclamação desafia as novas medidas dos EUA, argumentando que elas “viola flagrantemente os compromissos fundamentais assumidos por aquele país na OMC, como o princípio da não discriminação e as taxas arancelárias estabelecidas sob o arcabouço da organização”.

O Brasil reiterou seu compromisso com o diálogo e espera que as consultas ajudem a resolver a questão. Nas próximas semanas, ambos os países devem agendar reuniões como parte do processo da OMC.

LEIA TAMBÉM!

A medida legal é apoiada por uma resolução do governo emitida na terça-feira (5 de agosto), que autoriza o Ministério das Relações Exteriores a utilizar os mecanismos da OMC para contestar as tarifas dos Estados Unidos.

Novas tarifas impactam exportações importantes.

A taxa de importação de 50% entrou em vigor na meia-noite de quarta-feira. Ela visa as exportações brasileiras, como pedras naturais, café, carne, frutas, vestuário e calçados. De acordo com o governo brasileiro, 36% de todas as exportações brasileiras para os Estados Unidos estão agora sujeitos a essa taxa adicional. No entanto, a Casa Branca excluiu 694 itens da lista – incluindo suco de laranja, aeronaves e celulose, que representam uma parcela significativa das exportações brasileiras.

Em abril deste ano, Trump já havia imposto uma tarifa de 10% sobre produtos brasileiros. O aumento recente de 40%, elevando o total para 50%, foi apresentado como uma medida econômica – mas Trump justificou abertamente que se tratava de uma decisão política. Ao fazer o anúncio, o presidente dos EUA defendeu o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro (Partido Liberal), que enfrenta processo na Corte Federal do Supremo Tribunal Brasileiro (STF) por tentar um golpe após perder as eleições de 2022.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

A declaração oficial da Casa Branca diz que “a ordem considera que a perseguição, intimidação, assédio, censura e processos judiciais motivados politicamente pelo governo brasileiro contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e milhares de seus apoiadores constituem violações graves de direitos humanos que têm minado o Estado de Direito no Brasil”.

A mesma declaração mencionou diretamente o ministro Alexandre de Moraes, do STF, que preside o caso envolvendo Bolsonaro. Ela acusou Moraes de “abusar de sua autoridade judicial para ameaçar, perseguir e intimidar milhares de opositores políticos, proteger aliados corruptos e reprimir a dissidência”.

Moraes foi sancionado pelo Global Magnitsky Act, que permite ao governo dos EUA impor sanções financeiras a nacionais estrangeiros acusados de corrupção em larga escala ou violações graves de direitos humanos. As sanções podem incluir o congelamento de ativos, restrições financeiras e proibições de transações com indivíduos ou empresas dos EUA. Moraes não possui ativos ou investimentos nos Estados Unidos.

O Brasil aciona lei de reciprocidade.

O governo do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou, em julho, um decreto que ativou a chamada “Lei de Reciprocidade”, permitindo que o Brasil adotasse medidas de retaliação em resposta a ações comerciais hostis ou desfavoráveis. O objetivo é proteger as indústrias nacionais e restabelecer o equilíbrio nas relações comerciais externas.

A lei permite que o governo suspenda o princípio de “nação favorita” da OMC, que assegura o tratamento comercial igual entre todos os membros da OMC.

O ministro da Fazenda Fernando Haddad declarou na semana passada que as tarifas estão causando efeitos “drásticos” na economia brasileira. Em consequência, o governo busca negociar a reversão total das medidas com os Estados Unidos, além de discutir políticas de alívio doméstico.

Entre as propostas em análise estão empréstimos emergenciais, benefícios fiscais e compras governamentais de bens originalmente destinados à exportação. Haddad afirmou que o governo pretende apresentar seu plano ao palácio presidencial mais tarde nesta quarta-feira.

Fonte por: Brasil de Fato

Sair da versão mobile