O Brasil deve responder a sanções com abertura, e não com retaliação

Para Magno Karl, medidas protecionistas enfraquecem a economia e afetam desproporcionalmente os mais vulneráveis; a solução reside no livre comércio e n…

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WASHINGTON (United States), 27/06/2025.- US President Donald J. Trump delivers remarks during a press conference in the briefing room of the White House in Washington, DC, USA, 27 June 2025. Earlier in the day, the Supreme Court ruled in the Trump administration's favor to curb nationwide injunctions on the president's birthright citizenship order. EFE/EPA/SHAWN THEW

A decisão do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de aplicar tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, intensificou o debate acerca do papel do Brasil no comércio internacional e dos riscos associados à adoção de contramedidas. Fundamentada como pressão sobre as decisões do governo Lula e do Supremo Tribunal Federal, a ação foi considerada um “grave retrocesso” nas relações bilaterais por Magno Karl, diretor-executivo do movimento Livres.

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Responder com tarifas adicionais reforça a lógica destrutiva do protecionismo. O Brasil precisa resistir à tentação do populismo econômico e construir uma política externa que priorize o bem-estar dos consumidores, e não os interesses eleitorais dos líderes políticos, afirma Karl.

A ação mais notável do governo até o momento foi a aprovação da chamada Lei da Reciprocidade, que permite ao país aplicar medidas restritivas contra nações que causem prejuízo ao seu comércio — incluindo tarifas e até a suspensão de direitos de propriedade intelectual. Para Livres, contudo, essa resposta pode ser tão prejudicial quanto a sanção original. “A Lei da Reciprocidade rompe com a tradição diplomática brasileira de defesa do multilateralismo e gera insegurança jurídica ao adotar conceitos imprecisos e critérios subjetivos”, avalia Karl.

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A avaliação do cientista político indica que, ao invés de reconhecer o Brasil como um parceiro confiável, a condução adotada o aproxima de práticas unilaterais que comprometem o comércio internacional e elevam os custos para as populações mais vulneráveis. Ademais, uma pesquisa divulgada pelo Instituto Livres corrobora a ineficácia de políticas protecionistas.

Cenário que se repete

Dados do Peterson Institute indicam que tarifas como instrumento de coerção política atingiram seus objetivos em apenas 23% das vezes. Adicionalmente, pesquisa do National Bureau of Economic Research demonstra que, após a guerra comercial de 2018, os preços domésticos nos EUA subiram 10,4% com o aumento de tarifas de 10%.

O protecionismo não é apenas ineficaz — é cruel com os mais pobres. Tarifas são impostos silenciosos sobre alimentos, produtos de primeira necessidade e insumos industriais, declara Magno. Segundo o diretor do Livres, este é um momento estratégico para o Brasil repensar sua política comercial. Com uma tarifa média de 13,3%, o país tem uma das mais altas entre os membros do G20 e conta com apenas sete acordos de livre comércio fora do Mercosul.

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A progressiva e estratégica implementação poderia aumentar a produtividade, diminuir os preços e impactar positivamente o PIB, conforme evidenciado em simulações da OCDE. O Brasil deve assumir a liderança e reiterar seu compromisso com a previsibilidade institucional e o comércio livre, afirma Karl. O país deve trilhar um caminho diferente da retaliação. O Brasil deve ser um exemplo, não seguir o caminho da retaliação. É preciso demonstrar ao mundo que somos os que mais crescem no diálogo, na abertura e na confiança nas instituições democráticas. Essa é a resposta que fortalece o Brasil – não apenas diante do seu principal parceiro comercial, mas também consigo mesmo.

Esta publicação é uma parceria da Jovem Pan com o Livres. O Livres é uma associação civil sem fins lucrativos que reúne ativistas e acadêmicos liberais comprometidos com políticas públicas pela ampliação da liberdade de escolha.

Fonte por: Jovem Pan

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