O ex-presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, é considerado culpado por subornar grupos paramilitares
Condenado criminalmente, é ligado a entidades de extrema direita.

Álvaro Uribe Vélez, ex-presidente da Colômbia entre 2002 e 2010, foi considerado culpado nesta segunda-feira (28) pelo crime de suborno em processo penal, no âmbito de uma investigação sobre manipulação de testemunhas. Para o poder judiciário, o ex-presidente subornou integrantes de grupos paramilitares para que eles testemunhassem a seu favor em processos judiciais.
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Uribe é o primeiro chefe de governo da história da Colômbia a ser condenado. “A espera acabou. Queremos dizer à Colômbia que a justiça chegou”, declarou a juíza Sandra Liliana Heredia Aranda ao proferir a sentença. Na avaliação do tribunal, Uribe manipulou testemunhas para que seu oponente político, o senador de esquerda Iván Cepeda, fosse falsamente denunciado.
O ex-presidente teria agido para se afastar de acusações que o imputam na criação de grupos paramilitares de extrema direita no país. O processo teve início em 2012, a partir de uma manifestação do próprio ex-presidente contra Cepeda. Uribe acusava o adversário de manipular testemunhas para seu prejuízo.
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A Suprema Corte de Justiça da Colômbia arquivou o caso contra Cepeda e instaurou, contra Uribe, uma investigação sobre o mesmo tema que o condenou nesta segunda-feira.
O paramilitarismo, central no processo judicial contra o ex-presidente, é um dos temas centrais da trajetória política de Uribe. O político é acusado de manter vínculos com as Autodefenses Unidas da Colômbia, responsáveis por massacres, tráfico de drogas e violações de direitos humanos. Investigações demonstraram conexões profundas entre o político e funcionários públicos aliados de Uribe com esses grupos, embora o ex-presidente negue envolvimento.
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Durante seu governo, Uribe aproximou a Colômbia dos Estados Unidos e obteve apoio militar de George W. Bush contra as forças revolucionárias colombianas. As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) e o Exército de Libertação Nacional (ELN) deixaram de ser considerados atores políticos e foram denominados pelo presidente como organizações narcoterroristas, o que assegurou financiamento americano para o combate aos grupos pelo exército colombiano.
O confronto específico definiu a gestão Uribe. Entre 2002 e 2008, muitos jovens colombianos, sobretudo de baixa renda, foram assassinados pelo exército colombiano e falsamente acusados de integrar as guerrilhas do país. Os jovens eram apresentados como combatentes e utilizados como vítimas de combate. Os militares recebiam promoções com base nas mortes e o governo utilizou essas execuções para aumentar os resultados da política de combate às guerrilhas. Investigações da Jurisdição Especial para a Paz (JEP) apontam para mais de 6.400 execuções no período.
O julgamento prossegue para a determinação da pena e a avaliação da responsabilidade de Uribe em outros fatos relacionados.
Fonte por: Brasil de Fato