O homem negro afirma em seu depoimento que Moraes representava um fator crucial no contexto do golpe
O oficial declarou que o ministro do STF era uma “peça fundamental” em sua “prospecção” para um possível agravamento do cenário político após as eleiçõe…

O tenente-coronel do Exército Hélio Ferreira Lima declarou, em 28 de maio, que o ministro Alexandre de Moraes representava um “fator crítico” nos “cenários” de ruptura institucional, embora não fosse um “centro de gravidade”. Integrante da força especial do Exército, que inclui os kids pretos, Hélio é acusado de fazer parte do núcleo 3 da ação do golpe. A Procuradoria-Geral da República afirma que ele era um dos responsáveis pela Operação “Copa 2022”, com o objetivo de “neutralizar” o ministro relator da ação.
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O oficial explicou ao juiz auxiliar Rafael Henrique Janela Tamai Rocha que o ministro do STF era uma “peça fundamental” na sua “prospecção” para um possivel acirramento do cenário político após as eleições de 2022. Ele afirmou que, na ocasião, ficou responsável por desenvolver um cenário “hipotético” de inteligência, em que teriam sido encontradas fraudes no processo eleitoral.
Na investigação da Polícia Federal, foi apreendida uma planilha intitulada “Desenho Op Luneta”, que detalhava um plano de golpe em cinco etapas.
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A defesa do tenente-coronel afirma que o documento estava em um pen drive operacional e consistia em “um estudo de cenário prospectivo”. Segundo os advogados de Hélio Ferreira Lima, tratava-se da análise de um cenário viável, mas não de um plano de execução, fundamentado, segundo ele, nas diretrizes de inteligência do Ministério da Defesa. “Esse cenário não possui a menor condição de ser utilizado por grupos clandestinos ou qualquer coisa”, ressaltou.
A denúncia detalha que a “primeira etapa”, denominada “estado atual”, apontava a existência de fatores geradores de instabilidade no Supremo Tribunal Federal, que deveriam ser superados no “estado final desejado da força legalista”, momento em que ocorreria a “neutralização” desses fatores.
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Na terceira etapa, denominada “tendência natural”, conforme a PGR, visava o agravamento do controle do Estado sobre os elementos considerados desestabilizadores, até alcançar o “EFD (Estado Final Desejado) das principais ameaças”, fase em que seria implementado o “controle total” do grupo criminoso sobre os “Três Poderes”.
A última etapa descreve as principais conclusões do diagrama de relações, com o objetivo de restabelecer a “normalidade institucional” por meio da eliminação dos elementos geradores de “ilegalidade e instabilidade”.
Hélio Ferreira Lima afirmou que as forças especiais do Exército não estariam em condições de realizar uma ruptura institucional. “Mesmo que todas as forças especiais se unissem para fazer um golpe, seríamos engolidos até por uma polícia de qualquer estado que possui um efetivo muito maior”, declarou.
O oficial afirmou que, no período eleitoral, recebeu a instrução de realizar “estudos de inteligência” para monitorar os manifestantes bolsonaristas que acampavam próximos aos quartéis.
A acusação também aponta que Hélio Ferreira Lima e o tenente-coronel Rafael Martins de Oliveira foram com o então ajudante de ordens de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid, até a casa do general Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil, com o objetivo de “debater as ações clandestinas para neutralizar o ministro Alexandre de Moraes”.
Ferreira Lima afirmou que não se tratava de uma reunião, mas sim de um encontro breve, com menos de 20 minutos, na residência de Braga Netto, a convite de Mauro Cid. O oficial nega ter discutido um plano golpista com Braga Netto. “Eu nunca tinha visto um general quatro estrelas com roupas caseiras. Não houve contato, era um clima de tensão”, declarou.
Em resposta à acusação de que teria monitorado o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o tenente-coronel negou e afirmou estar hospedado em Brasília, próximo ao então presidente eleito, sem estar realizando vigilância sobre o petista. A defesa alega que, embora residisse em Porto Alegre, ele esteve na capital federal para visitar seu filho.
A denúncia da PGR evidenciou que as conversas com Cid apontavam para a continuidade dos esforços de obtenção, inclusive com o emprego de hackers, buscando pretextos que pudessem questionar a validade do processo eleitoral.
No depoimento, ele assegurou ter encaminhado documento para Mauro Cid e declarou que, durante as eleições de 2022, a chance de fraude aumentou significativamente.
Fonte por: Jovem Pan