De acordo com o Kremlin, o presidente russo, Vladimir Putin, não participará dos diás com a Ucrânia em Istambul na quinta-feira, 15. Uma equipe de menor escala será designada para os primeiros contatos diretos entre as partes após mais de três anos de conflito.
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A lista divulgada nesta quarta-feira, 14, pelo Kremlin compreende o assessor presidencial Vladimir Medinsky, o vice-ministro das Relações Exteriores, Mikhail Galuzin, e o vice-ministro da Defesa, Aleksandr Fomin.
Além de Putin, também não participarão o chanceler russo, Serguei Lavrov, e o assessor de política externa do Kremlin, Yuri Ushakov, embora ambos tenham conduzido rodadas anteriores de negociações com os Estados Unidos.
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O anúncio encerrou as expectativas de que o presidente russo se reunisse com seu homóucraniano, Volodimir Zelensky, que se ofereceu para ir “pessoalmente” a Istambul e instou Putin a fazer o mesmo.
O líder russo propôs o encontro no sábado, em resposta a um cessar-fogo de 30 dias proposto por Kiev e seus aliados, sem revelar os membros de sua delegação até a noite desta quarta-feira.
Esperarei ver o que acontecerá com a Rússia. Depois, decidirei quais medidas tomar”, declarou Zelensky antes do anúncio de Moscou. “A Ucrânia está disposta a qualquer forma de negociação e não temos medo de reuniões”, acrescentou.
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Atualmente, Zelensky se reunirá na quinta-feira em Ancara com o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, embora sua presença em Istambul não esteja confirmada.
Essas conversas constituem o primeiro contato entre russos e ucranianos desde março de 2022, um mês após o início da ofensiva russa na Ucrânia.
Trump propôs viajar à Turquia.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva solicitou a Putin que viajasse para a Turquia a fim de negociar uma solução para a guerra com Zelensky.
Dezenas de milhares de pessoas perderam a vida e milhões foram obrigadas a deixar seus lares desde que a Rússia invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022.
O exército russo detém atualmente aproximadamente um quinto do território da antiga república soviética, abrangendo a península da Crimeia, incorporada em 2014.
Ao retornar à Casa Branca em janeiro, Trump prometeu encerrar a disputa na Ucrânia.
Ele tem exercido forte pressão desde então, mas nos últimos dias manifestou frustração, principalmente após a Rússia rejeitar uma proposta inicial de cessar-fogo de 30 dias.
Antes do anúncio russo, o presidente republicano afirmou que viajaria à Turquia se o presidente russo fizesse o mesmo.
O magnata tem presença programada nos Emirados Árabes Unidos nesta quinta-feira, porém pode alterar os planos “para salvar muitas vidas”, declarou.
Não tenho certeza se ele [Putin] faria aquilo se eu não estivesse, declarou nesta quarta-feira a bordo do Air Force One, em um voo da Arábia Saudita para o Catar.
Ele gostaria que eu estivesse ali, e isso é uma possibilidade. Se pudéssemos acabar com a guerra, eu consideraria, acrescentou.
Paz negociada por Moscou
O secretário-chefe de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, tem viagem agendada para Istambul, com previsão para sexta-feira. Na quarta-feira, encontrou-se com o homóucraniano, Andrii Sibiga, no contexto de uma cúpula da Otan realizada na cidade turca de Antalya.
Sibiga declarou no X que detalhou a perspectiva dos esforços de paz de Zelensky nesta “semana crítica”, mencionando que discutiram os próximos passos e compartilhou suas estratégias.
Rubio ameaçou diversas vezes desistir dos esforços diplomáticos, devido às significativas divergências entre as partes quanto à forma de solucionar o conflito, mesmo com as negociações programadas.
Putin exige que a Ucrânia abandone a adesão à OTAN e assegura que manterá os territórios ucranianos incorporados. Contudo, essas condições são inaceitáveis para Kiev e seus aliados.
O líder da sua delegação na Turquia, Medinsky, é reconhecido por suas posições nacionalistas e por defender as alegações históricas de Moscou sobre vastas áreas da Ucrânia.
Kiev, por sua vez, busca assegurar-se de que haja segurança robusta para impedir novos ataques russos e que o Exército de Moscou se retire de seu território.
Os países europeus, parceiros da Ucrânia, porém com dificuldades para serem ouvidos, alertaram a Rússia sobre sanções “massivas” caso não concordasse com um cessar-fogo nas próximas semanas. A União Europeia aprovou na quarta-feira o décimo sétimo pacote de restrições.
O chefe de governo alemão, Friedrich Merz, solicitou aos demais países europeus e aos Estados Unidos que mantivessem “a maior unidade possível” e rejeitassem uma “paz ditada” por Moscou.
Fonte: Carta Capital