O Kremlin declarou não esperar qualquer progresso extraordinário nas negociações com a Ucrânia
A terceira rodada de negociações diretas em Istambul ocorrerá após a pressão de Donald Trump, que estabeleceu um prazo de 50 dias para que a Rússia e Ki…

O Kremlin garantiu, nesta terça-feira (22), que não espera “avanços milagrosos” nas próximas negociações entre russos e ucranianos previstas para quarta-feira na Turquia, onde Moscou manterá suas exigências maximalistas para pôr fim à sua ofensiva militar. Esta terceira rodada de conversas diretas em Istambul será realizada novamente sob pressão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que deu à Rússia um prazo de 50 dias para alcançar um acordo com Kiev, sob ameaça de severas sanções. Embora a Rússia tenha declarado em várias ocasiões estar disposta a negociar, voltou nesta terça-feira a esfriar as esperanças de uma resolução rápida do conflito iniciado em fevereiro de 2022.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
“Não há razão para esperar avanços milagrosos, mas temos a intenção de defender nossos interesses, garantí-los e cumprir os objetivos que estabelecemos desde o início”, declarou à imprensa o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.
Ele também declarou que ainda há “muito trabalho a ser feito” antes de se contemplar um encontro entre os presidentes Vladimir Putin e Volodymyr Zelensky, solicitado insistentemente pelo líder ucraniano.
LEIA TAMBÉM:
● Bélgica investiga ações em Gaza por meio de questionamento de turistas israelenses
● A ONU afirma que as mortes e a devastação em Gaza “não possuem paralelos na história contemporânea”
● Stephen Colbert critica Trump após anúncio do encerramento de ‘The Late Show’
Apesar de Zelensky ter anunciado na noite de segunda-feira que as negociações ocorreriam na quarta-feira, Peskov afirmou esperar que elas sejam realizadas “esta semana”. O líder ucraniano já anunciou a composição da delegação de seu país, liderada – como em ocasiões anteriores – pelo ex-ministro da Defesa Rustem Umerov, considerado um hábil diplomata, e incluirá representantes dos serviços de inteligência, do corpo diplomático e da presidência.
A composição da equipe russa não foi divulgada, mas anteriormente era coordenada pelo ex-ministro da Cultura e nacionalista Vladimir Medinskiun, um servidor de segundo nível. Peskov enfatizou na segunda-feira que as posições de ambos os lados permanecem “diametralmente opostas”.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Acordos restritos.
A Rússia exige que a Ucrânia ceda quatro regiões do leste e sul que ocupa parcialmente, juntamente com a península da Crimeia, anexada em 2014. Também exige o fim do fornecimento de armas ocidentais e o abandono definitivo do objetivo ucraniano de integrar-se à Otan. Essas condições são inaceitáveis para a Ucrânia, que exige a retirada total das tropas russas de seu território e garantias de segurança por parte do Ocidente, incluindo a continuidade do fornecimento de armas e o envio de uma força europeia, o que Moscou rejeita.
Kiev mantém, em conjunto com seus aliados europeus, a exigência de um cessar-fogo de 30 dias, o que Moscou também rejeita, visto que suas forças mantêm a superioridade no campo. Nesse contexto, as duas rodadas anteriores de conversas diretas em Istambul, em maio e junho, resultaram apenas em acordos restritos sobre a troca de prisioneiros e a devolução de corpos de soldados falecidos.
Zelensky declarou na terça-feira que pretende debater com Moscou sobre novas trocas e o retorno de crianças ucranianas na Rússia. Ele manifestou o anseio de organizar uma reunião com Putin para “concluir verdadeiramente esta guerra”. Paralelamente, pelo menos cinco indivíduos faleceram na terça-feira em recentes ataques mútuos.
Três indivíduos morreram em um ataque com drones ucranianos contra um ônibus na área da região de Kherson, ocupada pela Rússia, de acordo com o governador nomeado por Moscou, Vladimir Saldo. Um homem também faleceu na região russa de Belgorod, vítima de um ataque ucraniano. Na Ucrânia, uma criança de dez anos morreu em um bombardeio russo contra um edifício residencial na cidade de Kramatorsk, informou a procuradoria local.
As forças russas prosseguem na frente de batalha contra um inimigo que enfrenta falta de recrutas e armamento. O Ministério da Defesa russo declarou ter tomado a localidade de Novotoretske, próxima a Pokrovsk, no leste. Meios de comunicação ucranianos também relataram que um grupo de sabotadores russos infiltrou-se em Pokrovsk, uma cidade-chave para a logística das forças de Kiev, no cruzamento de diversas rotas de uma região onde se concentram os combates mais intensos.
Com informações da AFP, publicado por Fernando Dias.
Fonte por: Jovem Pan