O piloto que parou os motores do avião em pleno voo disse que tinha consumido “cogumelos mágicos”

Um piloto da Alaska Airlines está sendo acusado de tentar desligar os motores de um avião durante o voo. Segundo o New York Times, ele admitiu ter consumido cogumelos psicodélicos dois dias antes da viagem, o que pode tê-lo afetado.

Joseph Emerson, 44, contou ao Times em uma matéria divulgada na sexta-feira (10) que consumiu cogumelos durante um evento em Washington (EUA) para celebrar a memória de seu melhor amigo que faleceu.

Ele disse que achou que estava sonhando enquanto voltava para a Califórnia em um voo da Horizon Air em 22 de outubro.

De acordo com um depoimento apresentado pelos promotores, Emerson disse aos investigadores que “tinha consumido ?cogumelos mágicos? aproximadamente 48 horas antes” do incidente.

Emerson afirmou ao Times, durante uma visita na prisão do condado de Portland, Oregon, onde ele enfrenta 83 acusações de tentativa de homicídio, que pensou que se desligasse os dois motores do avião, ele iria acabar se acidentando e ele acordaria.

O piloto afirmou que nunca tinha comido cogumelos antes e que só os experimentou porque alguém no evento insistiu.

Emerson disse que tem lidado com uma depressão persistente desde a morte de seu amigo em 2018.

Naquela noite, quando foi se deitar, ele compartilhou que começou a se sentir estranho. Sentia que seus amigos poderiam fazê-lo sofrer. “Fiquei com medo deles”, disse. Emerson também comentou ao New York Times que algo não parecia ser verdade.

Emerson disse que começou a se preocupar com a segurança de sua esposa e filhos, juntamente com um relacionamento distante com seu irmão. “Pensei em muitas coisas traumáticas: ?Estou morto? Isso é um inferno??”, disse ele. “Estou revivendo esse trauma”.

Efeitos da droga

O professor Matt Johnson, da Universidade Johns Hopkins, estuda psicodélicos e outras drogas. Ele disse no mês passado que é improvável que a substância do cogumelo tenha permanecido no sistema do piloto 48 horas depois de ele ter usado a droga.

Segundo Matt Johnson, a combinação dos efeitos duradouros da psilocibina, a falta de sono e a depressão podem ter criado uma situação difícil para Emerson. Ele estava passando por mudanças de comportamento ou desrealização, que é uma sensação de estar desconectado do ambiente, sendo comparada a estar em um filme.

No dia do voo, que partiu de Everett, Washington, o estado de sonho do piloto persistiu a bordo do avião, disse ele ao Times. Ele mandou uma mensagem para o amigo que o deixou no aeroporto dizendo que estava “tendo um ataque de pânico”.

“Envie lembranças… preciso estar em casa”, disse Emerson em resposta. Seu amigo adicionou: “Faça os exercícios de respiração”, que Emerson disse ter ouvido como um áudio em seus fones de ouvido.

Foi quando ele tirou o fone de ouvido e gritou para os pilotos pedindo ajuda. Como não obteve resposta, Emerson decidiu puxar as alavancas de fechamento, pensando que talvez estivesse apenas imaginando as coisas.

Enquanto estava sendo algemado pelo comissário de bordo no fundo do avião, Emerson mandou várias mensagens de texto, uma delas para sua esposa: “Eu fiz algo terrível”.

Emerson contou ao New York Times que ficou muito confuso enquanto estava em uma sala de detenção no aeroporto de Portland. Ele chegou a se despir, urinar em si mesmo e até tentou pular de uma janela na tentativa de acordar.

Emerson disse ao Times que quer ser transparente e que nunca teve a intenção de machucar ninguém. Ele admitiu ter lutado contra uma depressão persistente em silêncio, temendo ser impedido de voar.

“Não sei se algum dia voltarei a pilotar um avião”, disse Emerson. “Eu realmente não sei. Eu tive um momento em que isso se tornou óbvio. E eu lamento isso”.

Emerson será julgado em 30 de novembro por uma acusação. Tentamos falar com o advogado de Emerson para obter comentários, mas ainda não recebeu resposta.