O presidente da União Industrial Argentina afirma que precisamos de estabilidade

"Precisamos de estabilidade", diz presidente da União Industrial Argentina à CNN

04/12/2023 8h45

3 min de leitura

Imagem PreCarregada
(Imagem de reprodução da internet).

Modernização das leis trabalhistas, reforma dos programas sociais, reorganização do sistema tributário, normalização do comércio exterior e menos intervenção estatal.Essas são plataformas defendidas pela União Industrial Argentina (UIA), maior entidade empresarial do país vizinho, para o governo do presidente eleito Javier Milei.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Ele toma posse no próximo domingo (10) para um mandato de quatro anos.

“A Argentina precisa de estabilidade macroeconômica e controle da inflação”, afirmou à CNN o presidente da UIA, Daniel Funes de Rioja, em entrevista à margem do XI Fórum Empresarial do Mercosul, realizado na semana passada em Brasília.

LEIA TAMBÉM:

“Sem estabilidade, nada pode funcionar bem. Sem estabilidade, só existem malabarismos para atravessar crises que se instalam periodicamente por causa da falta de ações sustentáveis”, diz Funes de Rioja.

O empresário evita falar sobre medidas de curto prazo, prefere não comentar a ideia de dolarização da economia argentina e admite que o controle cambial exercido há anos não pode ser eliminado “do dia para a noite”. Ele elenca, no entanto, algumas iniciativas que considera prioritárias como agenda de governo para o mandato do novo presidente:

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Atualmente, a Argentina possui seis milhões de trabalhadores com carteira assinada e mais seis milhões de trabalhadores sem registro formal.

Funes de Rioja vê uma série de problemas na lei vigente: alta litigiosidade entre empregados e patrões, excesso de multas por descumprimento de normas, conflitos entre empresas e sindicatos, impostos altos para empregos de baixa qualificação profissional.

“Nossas normas trabalhistas são dos anos 1940 a 1970, da terceira revolução industrial, quando já estamos na era da indústria 4.0”, afirma.

“Não pensamos em modificações violentas, mas em adequar e adaptar instituições do trabalho para as necessidades atuais.”

No primeiro semestre, 40% da população da Argentina ficou abaixo da linha de pobreza, o que fez com que o país passasse a depender mais dos auxílios do governo.

A UIA defende mecanismos de proteção social, segundo Funes de Rioja, mas ele ressalta que hoje os programas têm baixa eficácia e não exigem contrapartidas. Por isso, defende um mapeamento do que funciona e do que não funciona.

Também sugere obrigações: para continuar recebendo benefícios, as famílias devem comprovar frequência escolar das crianças e ausência de condenações penais dos adultos, por exemplo.

O alto grau de informalidade não era uma característica da economia argentina até décadas atrás, mas foi se tornando uma prática para fugir do peso dos impostos, afirma o presidente da entidade empresarial.

Na indústria de alimentos, paga-se 38% de impostos, e na fabricação de bebidas, 48%. Há cada vez mais complexidade. Pequenas e médias empresas têm que pagar até 20 impostos diferentes. Por isso, a UIA acredita que é necessário fazer uma reorganização.

De acordo com a União Industrial, existem cerca de US$ 30 bilhões em pagamentos retidos para importações. São compras de bens, materiais e insumos que não foram liberados devido à falta de licenças.

Um dos problemas é acabar com o controle cambial, que faz com que o dólar ilegal valha quase o dobro do dólar oficial e aumentou a criação de taxas de câmbio específicas para certas operações.

Funes de Rioja afirma que não dá para não dá para fazer isso “do dia para a noite”, mas vê a necessidade de normalizar a situação e eliminar o chamado “cepo” (controle) ainda ao longo do primeiro ano de governo.

Uma agenda de desburocratização, de desregulamentação de setores da economia asfixiados por normas desnecessárias, é necessária, segundo o empresário.”Aqui vou citar Juan Schiaretti [quarto candidato no primeiro turno das eleições presidenciais]: todo Estado que seja imprescindível, todo mercado que seja possível”, resume Funes de Rioja. “Hoje temos um Estado macroencefálico, que avança sobre o setor privado”.

Utilizamos cookies como explicado em nossa Política de Privacidade, ao continuar em nosso site você aceita tais condições.