O que se sabe sobre a detenção de Tuta, que atuava como repórter gorila de Marcola no PCC

Tuta foi detido na sexta-feira, 16, ao tentar renovar sua autorização de permanência no país com um documento falso.

17/05/2025 18h37

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(Imagem de reprodução da internet).

Marcos Roberto de Almeida, também conhecido como Tuta, que atuava como líder do Primeiro Comando da Capital (PCC) e substituto de Marcola na facção, foi preso na Bolívia. A detenção aconteceu em Santa Cruz de la Sierra.

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A apreensão de Tuta ocorreu na sexta-feira (16) à tarde, quando ele tentou renovar sua licença para permanecer no país com um documento falso. A polícia boliviana identificou a fraude e notificou as autoridades brasileiras e a Interpol.

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A Interpol constatou que a pessoa indicada como “Tuta” estava listada em alerta vermelho, que indica a necessidade de localização e prisão de indivíduos procurados em vários países. A Polícia Federal brasileira foi notificada pela Interpol para verificar seus bancos de dados e confirmar a identidade com exatidão para a polícia boliviana.

A utilização da biometria pela Polícia Federal possibilitou que a polícia boliviana de combate ao tráfico de drogas confirmasse tecnicamente a identidade de um indivíduo, permitindo sua detenção por posse de documentos falsos.

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A detenção ocorreu em razão de uma ação conjunta entre a Polícia Federal brasileira e a Fuerza Especial de Lucha contra el Crimen (FELCC) boliviana.

Histórico criminal e atuação na facção criminosa PCC.

Marcos Roberto de Almeida se encontrava foragido desde 2021. Ele recebeu uma sentença no Brasil com mais de 12 anos de prisão por diversos delitos, como organização criminosa e lavagem de dinheiro.

O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) identificou Tuta como responsável por movimentar aproximadamente R$ 1 bilhão para a organização criminosa entre 2018 e 2019. Ele também é apontado como um dos principais articuladores de um esquema internacional de lavagem de dinheiro ligado ao PC.

De acordo com o MP-SP, Tuta substituiu Marcola como principal liderança e mandatário do PCC. Ele era apontado como a principal liderança da facção fora das prisões e mantinha contato direto com outros líderes presos, incluindo Marcola. Na operação Sharks, em 2020, o MP indicou que ele era responsável por comandar os integrantes soltos da organização criminosa.

A investigação indicou que Tuta era suspeito de estar envolvido nos planos de fuga das lideranças do PCC alojadas em presídios federais, e de coordenar os planos para cometer assassinatos de agentes e autoridades públicas em retaliação às transferências e ações contra a direção da organização.

Próximos passos

A brasileira Tuta permanece sob a guarda das autoridades bolivianas. O Brasil aguarda uma audiência na justiça boliviana para dar prosseguimento a um possível pedido de extradição.

Líder do PCdoB detido na Bolívia tem que comparecer a audiência no domingo.

Será realizada no domingo (18) uma audiência com autoridades bolivianas para analisar a detenção e seus possíveis desdobramentos. A polícia brasileira espera que ele seja extradição ou expulsão em caráter imediato.

A continuidade do processo depende da análise legal e jurídica na Bolívia. O Brasil e a Bolívia contam com um tratado de extradição de 1942, que possibilita ao Brasil solicitar a entrega de indivíduos sob investigação, acusados ou julgados por delitos.

Expulsão ou extradição.

Se a decisão for pela remoção, o procedimento deverá ser célere, praticamente instantâneo, conforme declarado por Andrei Rodrigues, diretor da Polícia Federal. A organização logística seria assegurada pela Secretaria Nacional de Políticas Penais (SENAPEN), com o deslocamento realizado pela PF.

Líder do Partido da Renovação Cristã pode ser extradição ou expulsão do país; compreenda o processo.

Nesse caso, Tuta deverá ficar em regime de prisão federal. Se a decisão for pela extradição, o prazo não pode ser definido, atualmente, devido a decisões judiciais bolivianas e processos no judiciário brasileiro.

A Polícia Federal possui representação em La Paz, na Bolívia, com uma equipe de 4 pessoas que atuam na cooperação internacional e acompanham de perto o caso. O Ministro da Justiça, Lewandowski, foi informado sobre a prisão e consultou a PF acerca dos procedimentos a serem adotados.

A logística para a transferência de Tuta ainda não possui detalhes concretizados, segundo o diretor-geral da PF. A polícia boliviana pode levá-lo até a fronteira ou Brasília, ou a Polícia Federal brasileira pode buscá-lo na Bolívia, o que dependerá da negociação entre os países.

A Bolívia como “Embaixada do Crime”

A detenção de Marcos Roberto de Almeida em Santa Cruz de la Sierra confirmou a suspeita da polícia e do Ministério Público de que o Primeiro Comando de Capital (PCC) mantém uma espécie de “embaixada do crime” na Bolívia.

Pesquisadores indicam que aquele local era onde os líderes do tráfico dariam ordens para os avanços do crime no Brasil. A seleção da Bolívia para aquele escritório isolado se baseava na capacidade de corrupção dos policiais locais, que possibilitariam as atividades ilegais sem causar problemas aos traficantes brasileiros.

Há indícios de que outros dois líderes do PCSP, Patrick Velinton Salomão (o Forjado) e Pedro Luiz da Silva Moraes (o Chacal), também estariam na Bolívia.

O cientista político João Henrique Martins enfatiza que Tuta representava um elemento estratégico e que a prisão é resultado de uma cooperação internacional, destacando que a Bolívia constitui um elo crucial da cadeia logística do crime organizado transnacional.

A detenção de Tuta configura um golpe estratégico contra a organização criminosa, afirmou o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite.

Fonte: CNN Brasil

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