O restaurante popular de Belém permanece fechado há cinco meses, sem data definida para retomar suas atividades
O Norte apresenta o maior índice de insegurança alimentar do país e enfrenta o desmantelamento de políticas de assistência.

Com mais de um milhão de habitantes, Belém, capital do Pará, está situada na região Norte, que apresenta o maior índice de insegurança alimentar do país, mas teve seu único restaurante popular fechado há cinco meses, sem previsão de retorno. O fechamento ocorreu em razão da não renovação de contrato por parte do novo prefeito eleito, Igor Normando (MDB), em janeiro de 2025.
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O restaurante atendia 1.300 refeições diariamente, com custo de R$ 2, oferecendo uma alimentação saudável, nutritiva e balanceada, voltada principalmente para trabalhadores do comércio e pessoas em situação de vulnerabilidade social. A assistente social Gizelle Freitas aponta que o prefeito Igor ainda não informou a população sobre o plano B, ou seja, qual o serviço substituirá o restaurante popular, e também critica o desmonte das políticas públicas de assistência na capital paraense.
A Defensoria Pública do Estado do Pará (DPE) apresentou uma ação na Justiça contra o município de Belém, solicitando, com urgência, a reabertura e manutenção do restaurante popular no prazo de 10 dias.
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Ademais do encerramento do restaurante popular, em decorrência da política de enfrentamento à insegurança alimentar, a assistente social ressalta o fim do Bora Belém, programa que oferecia assistência financeira a famílias de baixa renda.
E mencionando o abandono das políticas públicas em Belém, não se pode deixar de falar sobre a extinção do Bora Belém, que atendia 18 mil famílias, cerca de 80 mil pessoas eram beneficiadas e é importante ressaltar que Belém era a única cidade do país que possuía o benefício social, que variava de R$ 250 a R$ 500.
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A vereadora Marinor Brito, líder do Psol na Câmara de Belém, ressalta que o prédio recebeu mais de um milhão de reais em investimentos no último ano, refutando a alegação de escassez de recursos apresentada aos parlamentares.
A alegação é falsa e já provei, pois, através da Lei Orçamentária de 2025, ele poderia até duplicar a quantidade de refeições oferecidas. Com o abandono do local, houve invasão, saque de equipamentos como mesas, cadeiras, cozinha industrial, bandejas, fiação e etc, por isso, se quisesse reabri-lo agora, este restaurante não poderia ser reaberto sem investimentos por falta de condições operacionais, o que é lamentável, nem a vigilância foi mantida.
População vulnerável desassistida.
Situado no bairro Campina, que faz parte do Centro Histórico de Belém, o restaurante homenageia o desembargador Paulo Frota, reconhecido por sua atuação em prol dos direitos humanos, atualmente desrespeitados às pessoas em situação de rua e trabalhadores informais da região que necessitavam de apoio.
“Ninguém tem 16 reais para comprar uma refeição, além de não ser uma comida boa, não sei o que houve e de repente o prédio está assim, abandonado. Infelizmente, estamos submetidos a certos tipos de políticos que não estão nem aí para ninguém e agora é cada um por si. Porque procuramos as autoridades e ninguém fala nada, aqui quem paga é a população de baixa renda que precisa dessa ajuda do governo”, declara José Carlos dos Santos, vigia de um estacionamento ao lado do prédio.
Trabalhadores que antes utilizavam os serviços para diminuir despesas agora buscam refeições em casa, como o vendedor Eliezer dos Santos, que há 25 anos trabalha na região de boxes comerciais cedida pela prefeitura, onde outros comerciantes se recusaram a depor por receio de retaliações.
“Se você é um salarié, se esforçando e pagando passagem de ônibus e comer comida aqui de 20 reais, 15 reais, como pode? Como um salarié vai dar conta? É uma miséria total”, declara Eliezer.
Existem também aqueles que sequer têm a possibilidade de trazer alimento de casa e dependiam do restaurante popular para se alimentar com alguma dignidade, como Raquel Santos, que há dois anos vive na rua após a perda do emprego e incêndio da casa onde morava.
O restaurante popular era bom, pois custava dois reais, não é? O município fechou e foi desnecessário, porque eu acho que tínhamos esse direito de ter um alimento barato, visto que o custo de vida está muito alto. Atualmente, nós ficamos com fome, pedindo comida, e a realidade é essa. Nós que moramos nas ruas precisamos que ele volte a funcionar novamente, porque alivia a fome.
A prefeitura tem anunciado que a expansão de políticas públicas para a população em situação de vulnerabilidade social está em estudo e visa transformar o prédio do restaurante popular em um centro de acolhimento completo, com serviços integrados de assistência e proteção social, sem mais informações ou prazos. Quanto às demais denúncias apresentadas, como o encerramento do benefício Bora Belém, nossa equipe não obteve respostas até o momento.
Fonte por: Brasil de Fato