Observe a lagarta carnívora que se camufla com restos de insetos
A camuflagem praticada pela lagarta carnívora coletora de ossos atua tanto como mecanismo de proteção quanto como ferramenta de ataque.

Uma rara espécie de lagarta carnívora foi encontrada em uma ilha do Havaí, nos Estados Unidos: o animal habita teias de aranha e apresenta camuflagem com partes de insetos consumidos, incluindo cabeças de formigas, asas de mosca e abdômen de besouros. Pesquisadores norte-americanos o apelidaram de “lagarta coletora de ossos”. As descobertas da observação foram publicadas na revista Science na última quinta-feira (24/4).
A coletora de ossos habita teias de aranha e se alimenta dos fragmentos descartados das presas dos insetos da aranha. Possivelmente, para evitar a detecção, essas lagartas constroem casulos portáteis decorados com partes descartadas não comestíveis.
A camuflagem é utilizada tanto como estratégia de defesa quanto de caça. A lagarta carnívora é a primeira encontrada a viver em áreas de caça de aranhas e com enfeites do resto de presas. Existem poucas espécies de lagarta que se alimentam de carne — apenas cerca de 300 das quase 200 mil espécies de borboletas e mariposas são carnívoras. A coletora de ossos pertence ao gênero Hyposmocoma e também é chamada de lagarta-de-casca-fantasma-havaina.
O entomologista Dan Rubinoff identificou a lagarta pela primeira vez durante expedições nas Montanhas Waianae, há quase 20 anos. Posteriormente, foram encontrados 62 indivíduos, todos observados em uma área de apenas 15 quilômetros quadrados.
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Como funciona a estratégia da lagarta
A lagarta coletora de ossos se fixa em teias de aranha encontradas em árvores, troncos ou fendas rochosas. Normalmente, apenas uma indivíduo ocupa a teia, devido ao hábito de se alimentarem mutuamente. Assim, o animal aguarda o momento oportuno para atacar os insetos capturados pela teia da aranha.
Após se alimentar, a lagarta emprega fragmentos de presas e a cutícula trocada por aranhas para se camuflar, auxiliando em ocultar o odor e a aparência do animal hospedeiro, evitando que a aranha o reconheça como perigo ou alimento.
Ao organizar sua coleção de insetos camuflados, a lagarta constrói meticulosamente seu casulo, diminuindo fragmentos maiores até o tamanho adequado. Em seguida, ela tece os resíduos com seda, formando uma espécie de armadura camuflada. Após se alimentar por meses, sela o invólucro e inicia a metamorfose, transformando-se em mariposa.
Risco de extinção
A análise genética indicou que a linhagem da lagarta coletora de ossos possui cerca de seis milhões de anos, sendo mais antiga que a existência da ilha de Oahu, local onde foi encontrada. algum ancestral deve ter chegado lá vindo de um lugar diferente. Embora existam outras linhagens de Hyposmocoma, a espécie é única de seu tipo.
Os pesquisadores afirmam que essa espécie é 5 milhões de anos mais antiga que a ilha havaiana mais antiga, mas atualmente está altamente ameaçada de extinção, sendo encontrada em apenas uma população em Oahu.
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Fonte: Metrópoles