Liderança Tóxica: Um Espelho de “Vale Tudo” no Mundo Corporativo
Em “Vale Tudo”, a vilã Odete Roitman e o CEO Marco Aurélio transformam a TCA em palco de autoritarismo, intrigas e decisões tomadas pelo ego. Se essa fosse uma empresa real, a conta seria alta: até 7% de queda na receita por causa da má liderança.
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Fora da ficção, pesquisas comprovam que estilos tóxicos de gestão custam bilhões às organizações e afastam talentos estratégicos. O que parece exagero de novela, na verdade, pode ser um espelho de práticas que ainda se repetem em muitas salas de diretoria.
“Esse é um comportamento que gera a perda de talentos estratégicos, engessa a inovação e corrói silenciosamente os resultados”, afirma Marília Fiuza, coach de executivos de alta gestão e palestrante do hsm+, evento de liderança e inovação da América Latina.
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Os números da liderança tóxica
A percepção não é só dramática — é estatística. O MIT Sloan Management Review aponta que uma cultura tóxica é 10,4 vezes mais determinante para pedidos de demissão do que o salário.
Já a SHRM, a maior associação de RH do mundo, identificou que 1 em cada 4 profissionais pede demissão por causa de chefes tóxicos. Esse comportamento custou às empresas norte-americanas US$ 223 bilhões em apenas cinco anos. A pesquisa mostra ainda que 58% dos que deixaram seus empregos devido à cultura tóxica afirmaram que sua liderança direta foi a principal razão para a saída.
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No Brasil, os indicadores seguem na mesma linha: um levantamento da Talenses Group revela que 87% dos profissionais já tiveram líderes tóxicos, enquanto outro, do EDC Group, indica que 57% convivem atualmente com gestores abusivos ou difíceis.
O reflexo é um baixo índice de engajamento: só 31% dos trabalhadores brasileiros se declaram engajados em seus trabalhos.
Ego disfuncional: o maior sabotador
Para Fiuza, o problema central não é a competência técnica, mas o ego disfuncional de alguns líderes. Os sinais são claros:
- Dificuldade em receber feedback
- Necessidade constante de autopromoção
- Centralização excessiva de decisões
- Criação de inimigos internos como forma de se manter no poder
“Transformar esse ego em consciência e domá-lo é o caminho para inovação, engajamento e resultados sustentáveis, e para não se tornar uma Odete Roitman ou um Marco Aurélio da vida real”, diz a especialista.
O primeiro passo, segundo a especialista, é discutir abertamente os estilos de gestão e refletir sobre o tipo de liderança que se exerce — e que se deseja exercer.
“No fim, o maior vilão dos negócios não está na concorrência ou no mercado, mas muitas vezes dentro da própria sala da diretoria”, afirma.