ONGs chamam de ‘sabotagem’ a licença da Petrobras na Foz do Amazonas e planejam ação judicial

Licença é concedida após meses de conflito entre o setor de óleo e gás e grupos ambientais, a apenas duas semanas da COP-30 em Belém, Brasil.

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(Imagem de reprodução da internet).

Licença do Ibama à Petrobras gera polêmica entre ambientalistas

A licença concedida pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) à Petrobras para a perfuração de um poço exploratório de petróleo na Foz do Amazonas, anunciada nesta segunda-feira (20), gerou forte reação de ambientalistas e organizações da sociedade civil, que classificaram a decisão como uma “sabotagem”.

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A autorização foi dada após meses de disputas entre o setor de óleo e gás e grupos ambientais, a pouco mais de duas semanas da COP-30, conferência climática da ONU que ocorrerá no Brasil, em Belém. Entidades já manifestaram a intenção de acionar a Justiça para reverter a decisão.

Posicionamento da Petrobras e reações

Em nota, a Petrobras destacou que a perfuração é de caráter exclusivamente exploratório e tem como objetivo “obter informações geológicas e avaliar a presença de petróleo e gás na área em escala econômica”, enfatizando que “não há produção de petróleo nessa fase”. A presidente da estatal, Magda Chambriard, comemorou a decisão como uma “conquista da sociedade brasileira” e ressaltou o compromisso da empresa com o desenvolvimento nacional.

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Por outro lado, ambientalistas afirmam que a medida contraria o discurso climático do governo. Suely Araújo, coordenadora de políticas públicas do Observatório do Clima e ex-presidente do Ibama, declarou que “é uma dupla sabotagem”, apontando que o governo brasileiro atua contra a humanidade ao apostar em mais aquecimento global e prejudica a própria COP-30, que deveria focar na eliminação gradual dos combustíveis fósseis.

Críticas à exploração na Amazônia

O climatologista Carlos Nobre, copresidente do Painel Científico para a Amazônia, também criticou a decisão, afirmando que “não há justificativa para qualquer nova exploração de petróleo”. Ele alertou que a Amazônia se aproxima de um ponto de não retorno e que o aumento das emissões pode acelerar o colapso do bioma.

A disputa sobre a exploração na Margem Equatorial, que se estende do Rio Grande do Norte ao Amapá, tem dividido o governo. Técnicos do Ibama recomendaram a rejeição do projeto no ano passado, mas o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já havia manifestado apoio à exploração, criticando o órgão ambiental pela demora na análise do pedido. A concessão da licença agora levanta questionamentos internacionais e deve dominar os debates climáticos da COP-30, onde o Brasil busca se afirmar como líder na agenda ambiental.

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