ONU afirma que Israel ignora 88% dos relatos de violações em Gaza

Evidências indicam que a impunidade prevalece na prática do exército israelense em relação a ações contra palestinos.

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(Imagem de reprodução da internet).

Relatório da organização Action on Armed Violence (AOAV) aponta que em 88% das 52 investigações de militares israelenses sobre crimes de guerra cometidos em Gaza e na Cisjordânia ocupada não houve avanços ou foram encerradas sem responsabilização. Dentre esses casos, apenas um resultou em punição contra o acusado.

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Os dados resultam de investigações em aberto entre outubro de 2023 e junho de 2025. Foram registradas 52 apurações divulgadas publicamente em reportagens, nas quais as forças militares israelenses admitiram investigações ou onde foram relatados graves danos civis. Nesses casos, aproximadamente 1.303 pessoas faleceram e 1.880 pessoas ficaram feridas, além de relatos de duas pessoas terem sido torturadas.

Apenas seis casos (12%) apresentaram admissão de erro. Contudo, um deles resultou em punição a um militar da reserva, acusado de ter torturado prisioneiros palestinos no centro de detenção de Sde Teiman. Três outros incidentes levaram à demissão ou repreensão de oficiais.

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A grande maioria dos casos permanece impune. Sete deles (13%) foram encerrados sem que houvesse responsabilização. Os 39 casos restantes (75%) permanecem “em análise”.

Segundo a Ação contra a Violência Armada, entre os casos não resolvidos estão o assassinato de pelo menos 112 palestinos que faziam fila para comprar farinha, em fevereiro de 2024, e um ataque aéreo que matou 45 pessoas em um incêndio em um acampamento de tendas, em Rafah, em maio de 2024. Também incluem o caso do assassinato de 31 palestinos que iam buscar comida em um ponto de distribuição em Rafah, em 1º de junho.

A AOAV manifestou-se impressionada com a falta de transparência do processo de investigação interna e com a escassez na aplicação da responsabilização. A organização suspeita que os resultados de quaisquer investigações poderiam ter sido utilizados para preservar a legitimidade institucional, em detrimento da busca por justiça.

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A falta de responsabilização nas investigações de abusos cometidos pelas forças armadas de Israel não é recente. Segundo a organização israelense de direitos humanos Yesh Din, as apurações de crimes de guerra têm servido para proteger em vez de expor irregularidades.

De 664 denúncias registradas em disputas passadas em Gaza, 542 (mais de 80%) foram resolvidas sem que houvesse investigação criminal. Apenas 19 casos avançaram para uma investigação formal e um deles resultou em uma acusação.

A AOAV aponta que os atrasos são sistêmicos, as investigações evitam oficiais de alto escalão e as decisões de política militar, como regras de engajamento, nunca estão sujeitas a revisão. O mecanismo fornece a Israel uma fachada processual para resistir à pressão internacional, sem, contudo, defender os princípios de justiça e as leis da guerra.

Fonte por: Brasil de Fato

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