Organização das Nações Unidas lança comunicado aos 80 anos, com acusações de descumprimento

O documento fundador das Nações Unidas suscita questionamentos acerca de sua eficácia em face do aumento dos conflitos armados.

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(Imagem de reprodução da internet).

Em 24 de junho de 2024, a Organização das Nações Unidas (ONU) comemorou seu 80º aniversário, um marco que coincide com um período de intensas transformações geopolíticas e desafios complexos para a manutenção da paz e segurança internacionais. A celebração ocorre em um momento de paradoxos, onde a ONU continua sendo um símbolo do compromisso global com a diplomacia e os direitos humanos, mas enfrenta dificuldades para manter sua relevância em um contexto marcado pelo nacionalismo, disputas comerciais e conflitos armados.

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A Carta da ONU, assinada em 1945, estabeleceu os princípios fundamentais para a cooperação internacional e a resolução pacífica de controvérsias. Ao longo dos 80 anos, a organização desempenhou um papel crucial em diversas áreas, como a prevenção de guerras, a promoção dos direitos humanos, a assistência humanitária e o desenvolvimento sustentável. No entanto, a ONU também tem sido criticada por sua burocracia, falta de agilidade e incapacidade de lidar com crises complexas de forma eficaz.

Um dos principais desafios enfrentados pela ONU é a reforma de sua estrutura, especialmente do Conselho de Segurança. A composição do Conselho, que inclui cinco membros permanentes com poder de veto (China, França, Rússia, Reino Unido e Estados Unidos), é considerada antinérve e inadequada para refletir a realidade do século XXI. A expansão do Conselho para incluir membros de outras regiões do mundo e a limitação do poder de veto são propostas recorrentes, mas encontram-se justamente nos países que detêm esse poder.

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Além da reforma do Conselho de Segurança, a ONU também enfrenta desafios financeiros. Os Estados Unidos, principais financiadores da organização, reduziram seus repasses, especialmente durante a gestão do presidente Donald Trump (Partido Republicano). O país responde por cerca de 25% do orçamento total da ONU. Outros países europeus, incluindo Reino Unido, Holanda e Suécia, também divulgaram reduções na assistência internacional, justificando a priorização de questões internas e de segurança. A China, por sua vez, elevou sua participação, concentrando os recursos em áreas estratégicas, como operações de manutenção da paz em regiões de interesse.

Diante da escassez de recursos, a ONU anunciou que reduzirá seus programas de ajuda humanitária em 2025. O plano inicial previa o atendimento de 180 milhões de pessoas em situação de vulnerabilidade, mas com o orçamento atual, a organização só conseguirá alcançar cerca de 114 milhões, segundo o OCHA (Escritório das Nações Unidas para Assuntos Humanitários).

Para aumentar sua eficiência administrativa, o secretário-geral da ONU, António Guterres, lançou a iniciativa UN80, um conjunto de medidas para reduzir custos, reestruturar agências e encerrar atividades menos relevantes. A iniciativa visa modernizar a organização e torná-la mais ágil e eficaz na resposta a desafios globais.

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A celebração do 80º aniversário da Carta das Nações Unidas ocorre em um momento de reflexão sobre o futuro da cooperação internacional. A ONU continua sendo um farol de esperança e um instrumento essencial para a construção de um mundo mais justo, pacífico e sustentável. No entanto, para cumprir seu papel de forma eficaz, a organização precisa de apoio político e financeiro dos seus Estados membros e de uma reforma abrangente de sua estrutura.

Este texto foi elaborado pela estagiária de jornalismo Nathallie Lopes, com supervisão do editor-assistente João Vitor Castro.

Fonte por: Poder 360

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