Organização das Nações Unidas não consegue conter Israel, e países continuam como cúmplices de “genocídio em tempo real”, afirma especialista em Relações Internacionais

Reginaldo Nasser argumenta que declarações carecem de impacto real e que na prática países mantêm relações econômicas com Israel.

28/07/2025 18h52

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(Imagem de reprodução da internet).

O professor de Relações Internacionais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Reginaldo Nasser, declara que a conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre a criação do Estado Palestino, realizada nesta segunda-feira (28) nos Estados Unidos, evidenciou a impotência da organização diante do massacre em curso na Faixa de Gaza. Segundo ele, declarações de líderes e resoluções simbólicas não têm efeito prático enquanto Israel “faz o que bem entende” com o apoio direto dos EUA e a conivência de outras potências.

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Desde o dia 7 de outubro e com as ações de Israel, o genocídio se tornou cada vez mais evidente. Ontem, diversas organizações israelenses divulgaram uma nota afirmando que ocorre um genocídio em Israel.

Israel bloqueia a entrada de alimentos, de água, fecha [a fronteira] quando quiser e promove esse colapso completo que está acontecendo em Gaza, critica o professor, em entrevista ao Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato.

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Durante a conferência, a França anunciou que reconhecerá o Estado da Palestina na Assembleia da ONU em setembro, mas segundo Nasser, isso não representa uma virada concreta. “Como reconhecer um Estado onde a população está passando por genocídio? […]. O mínimo que se teria que fazer agora é um cessar-fogo e parar com mais delongas”, critica.

Para Nasser, o genocídio de Gaza se distingue por ser “o primeiro genocídio transmitido ao vivo”. “Os genocídios, antigamente, eram apurados depois. […]. Agora está tudo muito claro. Aqueles que não estão tomando atitude são cúmplices de genocídio. Isso vai ficar marcado na história”, diz. “A ONU é aquilo que as grandes potências querem que ela seja”, complementa.

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Israel perpetua o genocídio e países o sustentam.

O professor critica o uso do Hamas como justificativa para a continuidade dos ataques. Israel tem empregado a necessidade de retirada do grupo como pretexto para não progredir em soluções efetivas. “Todos sabem, inclusive o serviço de inteligência de Israel, que a única força política organizada dentro da Faixa de Gaza é o Hamas. Não há como ter outra força política lá dentro.” [Israel] sabe que isso não vai acontecer e, portanto, prolonga esse genocídio.

O internacionalista também questiona a narrativa de que Benjamin Netanyahu, atual primeiro-ministro do país, seria o único responsável pela ofensiva, ressaltando que “cerca de 80% da população de Israel não deseja os palestinos em Gaza” e que o parlamento israelense aprovou a anexação da Cisjordânia ao país.

Nasser ressalta que as potências globais mantiveram relações econômicas e militares com Israel, mesmo aquelas que se declaram críticas. “A Espanha, que é um dos países que mais critica Israel, é o país que mais comprou armas de Israel durante este ano. […]. Isso reflete essa situação: países que criticam Israel, mas continuam alimentando a máquina do genocídio”, exemplifica.

Em relação ao Brasil, ele considera que as falas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tiveram uma importância inicial, mas já não são suficientes. “Continua vendendo petróleo, tem denúncias de venda de aço. […]. É o inverso da frase famosa do presidente americano Teddy Roosevelt: “Fale duro e aja suavemente”, aponta.

Para audir e visualizar.

O jornal Conexão BdF vai ao ar em duas edições, de segunda a sexta-feira, uma às 9h e outra às 17h, na Rádio Brasil de Fato, 98.9 FM na Grande São Paulo, com transmissão simultânea também pelo YouTube do Brasil de Fato.

Fonte por: Brasil de Fato

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