Organizações criminosas dificultam o crescimento econômico na América Latina
30/04/2025 21h48

O Banco Mundial adverte que o crime organizado está atrasando a economia e que há a possibilidade de a região permanecer em “baixo crescimento anual” e “crescimento medíocre”. A estimativa é que a economia cresça 2,1% em 2025 e 2,4% em 2026, tornando a América Latina a região com a menor taxa de crescimento do mundo, o que é um paradoxo considerando a abundância de recursos naturais.
O relatório publicado nesta semana denuncia o crime organizado por prejudicar o desenvolvimento econômico, impondo suas próprias normas comerciais por meio da violência.
O documento assinado pelo Banco Mundial reconhece o controle territorial que grupos ligados ao crime organizado exercem. O relatório é taxativo ao afirmar que isso implica uma pilhagem constante da população por meios ilegais, como a extorsão e a criação de um “imposto” sobre determinados serviços e produtos. “Chegam até a exercer o monopólio desses serviços e produtos”, explica David Barrios, pesquisador da UNAM (Universidade Nacional Autónoma do México) e doutor em Estudos Latino-Americanos).
A América Latina é uma região de “baixa produtividade, pobreza e altos níveis de desigualdade”. Acrescenta-se a isso a presença do crime organizado em diversos setores da economia, abrangendo desde pequenos negócios em áreas modestas até indústrias.
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Organizações criminosas se ajustam com rapidez.
O Banco Mundial aponta que as atividades econômicas do crime organizado se ajustam ao cenário internacional atual, caracterizado pela instabilidade provocada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e sua disputa comercial.
A lógica do sistema da economia criminosa é semelhante à da economia formal. Se o crime organizado percebe que certas áreas foram impactadas pela cobrança de dívidas, a identificação é rápida e a área é integrada às suas atividades, conforme explica o pesquisador Barrios, do departamento de Economia do Conhecimento e Desenvolvimento da UNAM.
Organizações criminosas e as novas tecnologias representam um desafio complexo para a segurança pública e o sistema de justiça. O uso de ferramentas digitais facilita a comunicação, o planejamento de atividades ilícitas e a disseminação de informações, ampliando o alcance e a sofisticação das ações criminosas. A capacidade de
O pesquisador da UNAM mencionou como exemplo a exploração ilegal de aço, exportado ilegalmente para as regiões asiáticas. Além disso, citou a produção de matérias-primas da agronomia e combustíveis de hidrocarbonetos, o que impacta as populações mais vulneráveis.
David Barrios afirma que o crime organizado requer novas tecnologias de geolocalização para otimizar sua logística.
Por fim, o Banco Mundial reconhece que não é fácil determinar se há aumento do crime organizado na América Latina e Caribe. “Identificamos, no entanto, alguns dos fatores, como a reorganização de grupos criminosos após a repressão governamental, a maior disponibilidade de armas, a diversificação de seus negócios e o uso intensivo de tecnologias de ponta”, concluiu Barrios.
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Fonte: Metrópoles