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Os ex-fiscais da Fazenda de SP estão em conflito num divórcio de R$ 51 milhões


Os ex-fiscais da Fazenda de SP estão em conflito num divórcio de R$ 51 milhões
(Foto Reprodução da Internet)

Um casal de ex-fiscais de rendas da Secretaria da Fazenda de São Paulo está passando por uma crise no casamento e está negociando o divórcio. A proposta inicial de acordo envolve R$ 51 milhões, que incluem uma mansão em Angra (RJ), uma casa ao lado do Parque Ibirapuera em São Paulo e barcos.

Durante a discussão, há imagens de dinheiro e acusações de uma contabilidade secreta na empresa de arquitetura de luxo do casal. Também existe a ameaça de serem despejados e um emocionante relato sobre a tristeza de vender um barco que foi decorado com cuidado.

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Márcio Miranda Maia trabalhou como agente fiscal de rendas até 2015. Nesse ano, ele decidiu deixar o cargo na Secretaria da Fazenda de São Paulo. Naquela época, ele estava sendo investigado pelo Ministério Público em meio a uma série de operações que envolveram fiscais acusados de corrupção e lavagem de dinheiro. Suspeitava-se que uma empresa em seu nome estivesse envolvida na lavagem de dinheiro de outros fiscais por meio de investimentos imobiliários.

Márcio Maia não foi incluído na lista de pessoas acusadas e as investigações com relação a ele não avançaram. Ele agora está trabalhando no setor privado, onde abriu um escritório de advocacia com um ex-agente da Receita Federal. Os dois são sócios de um ex-juiz do Tribunal de Impostos e Taxas de São Paulo e trabalham em casos relacionados a impostos, incluindo alguns contra a Fazenda de São Paulo.

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Maia era casado com Patrícia Del Gaizo. Ambos trabalhavam como fiscais de rendas, mas Patrícia deixou seu emprego público em 2019. Eles são sócios na empresa OPT, que constrói e vende imóveis de luxo. No momento, estão passando por problemas no casamento e têm dívidas, o que resultou em um processo de dissolução da sociedade.

Em maio deste ano, Márcio Maia enviou um e-mail expressando seu interesse em apresentar duas propostas para resolver o divórcio de forma tranquila. Em uma das propostas, foi sugerido um valor de R$ 51 milhões.

Casa no Ibirapuera e mansão em Angra

O preço é a combinação de um imóvel de 613 metros quadrados na Avenida República do Líbano, bem próximo ao Parque do Ibirapuera, uma propriedade residencial na Bela Vista, parte de uma empresa e um pagamento parcelado de R$ 6 milhões, feito em 60 vezes de R$ 100 mil.

A ideia da mansão em Angra não está incluída na proposta. No documento, o casal é apenas um pequeno sócio do imóvel, junto com os donos de uma empresa de aviação de luxo. O acordo estabeleceu a construção de uma casa luxuosa na Ilha do Jorge, uma área turística no Rio de Janeiro.

Nessa parceria, a OPT construiu uma enorme mansão à beira-mar, com píer exclusivo e iate. O imóvel foi anunciado na imprensa especializada por R$ 62 milhões.

Fraude contra cliente e manipulação dos registros financeiros.

Em dois processos judiciais, um casal está em uma disputa intensa. Em um deles, Márcio Maia está buscando a saída de Patrícia da sociedade. Ele alega que ela está tentando levar embora o cliente mais importante da empresa, que também é sócio na mansão em Angra.

Em outra acusação, ele afirma que Patrícia guardava dinheiro em espécie e contratava familiares sem motivo na OPT. Ele mostrou fotos de notas e papéis com anotações manuais como prova.

Em resposta no processo, Patrícia afirmou que não tentou roubar cliente algum. Ela diz ter sido expulsa da empresa pelo marido e que o empresário de aviação preferiu continuar trabalhando com ela. Segundo Patrícia, a tal “contabilidade paralela” era um “controle manual” ao qual Márcio Maia sempre teve acesso, que envolve gastos pequenos, como de “lanchonete”, e que o nome de “controle paralelo” é “mais uma tentativa de confundir” a Justiça.

Estamos numa situação difícil e você está menosprezando isso.

Durante a discussão, Patrícia pediu para que todo o patrimônio da OPT fosse bloqueado. Mensagens mostram o drama da divisão dos bens de luxo do casal.

Em uma conversa, Maia questiona Patrícia sobre a entrega de um barco. Patrícia respondeu que não estava se sentindo bem para fazer isso. Ela explicou que já havia selecionado tudo o que comprou através de um vídeo com Alan e indicado onde colocar cada coisa. No entanto, foi algo bastante desgastante para ela. Patrícia comprou tudo com carinho e imaginou usando cada item.

Em outra troca de mensagens, Maia reclama: “Estamos na merda por causa das casas. E você está cagando pra isso. E você vai ser despejada. Não vou quebrar por sua causa”.

Um ex-fiscal declarou que “confirmaram sua inocência”.

Márcio Maia disse, em nota ao Metrópoles, que ele não trabalha no serviço público desde setembro de 2015, quando deixou a Secretaria da Fazenda. Desde então, ele se dedica apenas a negócios particulares na área jurídica, que são regularmente revisados.

O ex-fiscal afirma que “qualquer correlação entre seu patrimônio e a função pública exercida há mais de oito anos é leviana” e que as investigações das quais foi alvo por sete anos “atestaram sua inocência, não restando, portanto, quaisquer dúvidas sobre a lisura tanto do patrimônio quanto dos atos praticados enquanto agente público”.

“Quanto ao divórcio em que estou envolvido, não tenho comentários porque o processo é sigiloso”, afirma a nota. Por fim, o ex-fiscal garante que suas ações são pautadas pela verdade, transparência e ética, e que se baseiam em provas e decisões judiciais e administrativas que comprovam os fatos apresentados.”

Não foi possível encontrar o posicionamento de Patrícia Del Gazo. Estamos aguardando sua manifestação.


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