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“Os fatos falam por si: houve falha”, afirma o ex-diretor da Abin sobre o dia 8 de janeiro.


“Os fatos falam por si: houve falha”, afirma o ex-diretor da Abin sobre o dia 8 de janeiro.
(Foto Reprodução da Internet)

Saulo Moura da Cunha, ex-diretor adjunto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), afirmou que “obviamente” houve falha no dia 8 de janeiro de 2023 e mencionou o poder de decisão da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF) para agir com base nas informações recebidas.

Essas declarações foram feitas durante seu depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) em andamento na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) na manhã de quinta-feira, 26 de outubro.

Saulo da Cunha era diretor adjunto da Abin no dia dos ataques às sedes dos Três Poderes em Brasília. Quando questionado sobre possíveis falhas que levaram aos atos antidemocráticos em 8 de janeiro, o depoente evitou avaliar outros órgãos, mas enfatizou o papel da Agência Brasileira de Inteligência, destacando que a SSP-DF tinha o poder de tomar decisões com base nos dados recebidos.

Ele afirmou: “A informação da Abin, de inteligência, é fornecida para auxiliar o processo decisório. Neste caso, as forças de segurança do Distrito Federal detinham o poder de decisão. Obviamente, os acontecimentos falam por si: houve uma falha. Caso contrário, não teríamos assistido à depredação das sedes dos Três Poderes”.

Também questionado sobre fatos recentes relacionados à Abin, como os descobertos por meio da Operação Última Milha, deflagrada pela Polícia Federal. A força-tarefa mirou servidores da Agência Brasileira de Inteligência que usavam um programa para espionar celulares ilegalmente.

O ex-diretor comentou que só soube do software pelos veículos de comunicação. “Esse aparelho, ainda segundo a imprensa, foi desativado em 2021. Quando cheguei à Abin, havia uma correição em andamento, sigilosa e cujo conteúdo não tomei conhecimento, que apurava esse fato. Logo depois, também de acordo com a imprensa, foi aberta uma sindicância. Em minha gestão, esse instrumento não foi usado. Nunca vi esse aparelho”, enfatizou Saulo da Cunha.

Depoimento no Congresso Nacional

Saulo é oficial de Inteligência concursado da Abin há 24 anos. Ele também foi ouvido na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Atos de 8 de janeiro de 2023, do Congresso Nacional. Aos deputados federais e senadores ele disse que atuou “para evidenciar que a Abin cumpriu os deveres funcionais e a missão institucional” em relação aos atos antidemocráticos e que, depois do ocorrido, a agência elaborou 10 relatórios.

No depoimento à CPMI, o ex-diretor adjunto da Abin também contradisse a afirmação do então chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Gonçalves Dias, de que o militar não havia sido informado sobre o risco de confrontos.

Saulo da Cunha acrescentou que os primeiros relatórios foram enviados ao general na manhã de 8 de janeiro, por meio de uma rede social. Ele declarou: “Elaborei dois relatórios. O primeiro, em uma planilha que continha os alertas enviados pela Abin a grupos, e também, os alertas enviados por mim, pessoalmente, do meu telefone, ao ministro-chefe do GSI [Gonçalves Dias]”.

“Entreguei essa planilha ao ministro, e ele determinou que fosse retirado o nome dele dali, porque não era o destinatário oficial daquelas mensagens. [Determinou] que ali fossem mantidas apenas as mensagens encaminhadas para os grupos de WhatsApp. Ele determinou que fosse feito, eu obedeci a ordem”, completou o oficial de Inteligência da Abin.


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