Distrito Federal

Pais protestam contra a ausência de pediatra na UPA do DF

Crianças com febre acima de 39°C e saturação de oxigênio inferior a 85% recebem atendimento na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Ceilândia. A restrição causou revolta e confusão na unidade nesta segunda-feira (28/4), repetindo o tumulto de domingo (27/4), quando pacientes realizaram um quebra-quebra.

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A situação tem forçado pais a se deslocarem por diversos postos de saúde do Distrito Federal em busca de atendimento. Foi o que ocorreu com Lorrayne Ribeiro, mãe de um bebê de 1 ano. “Me desloquei para o hospital do Guará. Chegando lá, disseram que só atendem no vermelho. Meu filho está com 39°C, não come desde ontem e tem problema respiratório desde a semana passada”, relatou. Sem sucesso no Guará, ela seguiu para a UPA de Ceilândia, onde encontrou o mesmo protocolo rígido. “De qualquer forma, você não tem atendimento para nenhuma criança”, lamentou.

O sofrimento de outras famílias também evidencia a situação de desamparo. Rayane Aparecida não conseguiu atendimento para o filho de 9 anos, que apresentava suspeita de asma e falta de ar persistente há uma semana.

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Meu filho está há sete dias com falta de ar. Cheguei aqui e falaram que não têm médico. Se ele morrer, é culpa deles, desabafou Rayane, visivelmente emocionada. Ela também criticou a postura dos funcionários da unidade. “Vi uma atendente no celular chamando parente para entrar, enquanto nós ficávamos aqui esperando feito besta”, denunciou.

A insatisfação é compartilhada por outros pacientes, que destacam a escassez de pediatras como questão constante no sistema público do Distrito Federal. Érika Lopes, mãe de um menino de 10 anos com sintomas de urticária, afirmou já ter vivenciado a mesma dificuldade em diversas ocasiões.

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“Sempre que venho, não tem pediatra. Já é a terceira vez. O sentimento é que não podemos contar com a rede pública”, declarou. Desta vez, diante da ausência de atendimento, ela decidiu voltar para casa e recorrer a tratamentos alternativos. “Se fosse um caso grave, a gente desespera”, reclamou.

A escassez de médicos também afeta outras unidades próximas, como a UPA do Setor O, levando famílias a procurarem atendimento em cidades vizinhas como Samambaia e Recanto das Emas.

Caos de domingo

Pacientes revoltados depredaram a UPA de Ceilândia no domingo (27/4) após horas de espera sem atendimento médico, gerando cenas de caos por volta das 19h50. A Polícia Militar do DF deteve um homem por danos ao patrimônio público durante os protestos, motivados pela ausência de médicos e a demora no atendimento, sobretudo para crianças e casos urgentes.

Pacientes protestam e danificam a UPA de Ceilândia.

 

Famílias revoltadas depredaram a unidade e a Polícia Militar do Distrito Federal foi acionada para controlar a violência. “Onde está o médico?”, gritavam pais e mães de crianças em busca de atendimento. Famílias afirmaram estar aguardando desde a manhã por atendimento. “negligência!”, exclamou um homem.

A população começou a afirmar que uma criança estava passando mal aguardando atendimento. “O bebê está morrendo”, gritou uma mulher. Outra mãe alega que o filho está sem comer e sem conseguir fazer as necessidades e necessita de tratamento.

“Sabe o que falaram para nós? Que ia atender só vermelho, quando chegasse morto”, denunciou uma mulher. O público questionou porque a UPA estava aberta sem pessoal para atender à população. “Nós queremos nosso direito. (…) Meu filho está queimando de febre”, pontuou um pai.

O Iges-DF alegou que a restrição de atendimento seria necessária para “a preservação da vida de crianças internadas em estado grave”. “Parte dos usuários reagiu de forma violenta, causando danos ao patrimônio público e colocando em risco a segurança dos presentes”, informou o órgão, por meio de nota.

O instituto lamentou o ocorrido e comunicou que já iniciou a contratação emergencial de novos profissionais para recompor a equipe e assegurar a continuidade do atendimento pediátrico. Paralelamente, os pacientes foram orientados a procurar a UPA Ceilândia II.

Fonte: Metrópoles

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